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Festival do Rio: A Turma do Pererê, sobre o herói ecológico de Ziraldo, é exibido hoje

Divulgação -
Cena do documentário com o jovem Ziraldo na prancheta, na criação do Pererê
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Um dos nutrientes mais essenciais ao crescimento fabular das crianças brasileiras nas últimas seis décadas, o Pererê, com sua turma serelepe de bichos, vai celebrar seus feitos e as glórias autorais de seu criador, o cartunista Ziraldo (hoje já em casa, sob cuidados médicos, após uma temporada de internação hospitalar que deu um susto em seus fãs) no Festival do Rio 2018, nesta sexta. Hoje, às 19h30, a Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), alinhada com a maratona cinéfila carioca, exibe um documentário do cineasta Ricardo Favilla sobre o lendário herói das matas. Um herói de aspecto moleque, porém já sessentão... que começou a ser desenhado por Ziraldo nas páginas da revista “A Cigarra”, em 1957, passando para “O Cruzeiro”, em 1958. Dois anos depois, o Pererê ganharia sua própria revista, que se tornou um sucesso de vendas: o gibi circulou entre outubro de 1960 e abril de 1964, com uma tiragem média de 120 mil exemplares. Estas e outras curiosidades integram o longa de Favilla, que trabalhou como produtor executivo em “O Menino Maluquinho 2” (1998), também decalcado do universo de Ziraldo.

Macaque in the trees
Cena do documentário com o jovem Ziraldo na prancheta, na criação do Pererê (Foto: Divulgação)

“Responsável por antecipar o discurso ecológico no país, principalmente para o nosso público infanto-juvenil, o Pererê é um símbolo de inclusão, fundamental na luta pela nacionalização do quadrinho brasileiro”, diz Favilla, que reúne no longa depoimentos de companheiros de Ziraldo, como o cartunista Jaguar e o quadrinista Maurício de Sousa, abordando a transposição do personagem para outras mídias, como uma antológica série da TV Brasil, com Silvio Guindone no papel principal. “O visual do Saci que temos hoje em nosso folclore está mais ligado ao grafismo criado pelo Ziraldo do que as referências que a minha geração conheceu nas páginas do Monteiro Lobato”.

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Pererê (Foto: Divulgação)

Como a picardia é parte essencial da natureza das narrativas gráficas de Ziraldo, o filme de Favilla dá uma deixa para a irreverência na tela. “A Laerte fala no .doc trazendo uma questão: qual é o desafio de se desenhar a bunda de um personagem como o Pererê? Como se resolve o traço do bumbum do Pererê anatomicamente no cartum?”, reflete o diretor carioca de 56 anos, que vai dedicar a sessão a um dos maiores pesquisadores do quadrinho brasileiro: o roteirista Carlos Patati, morto em junho deste ano. “Minha ideia era fazer um longa que alcançasse não apenas os curtidores de HQ, mas que pudesse conversar com outros públicos explorando o processo criativo de Ziraldo como artista, com suas opções estéticas, sua escolha de cores”.

*Roteirista e crítico de cinema

Divulgação - Pererê