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Os rumos da Première Brasil

Divulgação -
"Inferninho", um dos melhores
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Houve um princípio de apreensão quando a data do Festival do Rio 2018 foi alterada de outubro para novembro. A divulgação da lista da Première Brasil mês passado foi um alívio coletivo, pela certeza da realização e pelo sopro de ousadia que a seleção claramente apresenta esse ano, como há muito não víamos. Tirando a opção de abrigar na competição pelo Redentor três filmes já exibidos em festivais nacionais (e um deles, ‘A sombra do pai’ de Gabriela Amaral Almeida, não apenas competiu como venceu troféus em Brasília), tem uma opção pela experimentação narrativa que engloba os títulos no geral.

Outra preocupação que já havia se mostrado ano passado é um debruçar sobre o gênero, em todas as suas vertentes. Do terror escancarado do “Morto não fala”, de Dennison Ramalho, ao suspense enigmático do filme de Gabriela, passando pela ficção científica “A Terra Negra dos Kawa”, de Sérgio Andrade, que leva espanto e muito humor até um sítio indígena.

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"Inferninho", um dos melhores (Foto: Divulgação)

O atual estado das coisas, faltando dois filmes pra assistir, colocam “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, de João Salaviza e Renne Nader Massora - uma desconstrução dos nativos brasileiros pelas veias do naturalismo - e “Deslembro”, de Flávia Castro - mais uma potente revisitação da diretora sobre a ditadura, a partir da reconstrução de um olhar infantil - além do filme de Dennison como os grandes destaques da competição.

Agora, se fosse necessário citar apenas um filme brasileiro de toda a Première Brasil deste ano, o alvo iria claramente na direção da seção “Novos Rumos’”, onde se encontra “Inferninho” de Guto Parente e Pedro Diogenes; cala fundo em mim que esse apanhado familiar disfuncional é um dos melhores filmes nacionais da década.

* Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro