
O Museu Nacional de Belas Artes recebe, a partir de amanhã, a exposição “São Francisco na arte de mestres italianos”, que reúne 21 trabalhos que retratam as diversas fases da vida do mais complexo e carismático santo do Catolicismo e cujo nome inspirou o atual papa. Seu estilo de vida simples - marcado pelo despojamento, a solidariedade e o amor à natureza - inspira a humanidade até hoje, séculos após sua morte, aos 44 anos, em 1226. A mostra reúne quadros dos séculos XV e XVI nunca expostos na América do Sul, sendo alguns de acervos de mosteiros e igrejas italianos fechados à visitação. É resultado de um esforço de colaboração entre instituições brasileiras e italianas de promoção da arte e cultura ao longo de três anos.
“Trata-se de uma exposição soberba. É pequena em tamanho, mas de enorme relevância, porque estamos recebendo obras tão singulares e importantes da história da arte universal”, justifica Mônica Xexéo, diretora do MNBA, lembrando que a representação iconográfica do santo atravessou os séculos não só através de artistas estrangeiros como também por brasileiros, tais como Portinari, Djanira e Oswaldo Teixeira. “A figura de São Francisco dialoga com várias camadas da sociedade. E ele atravessou séculos e até hoje”, completa.




A curadoria é de dois especialistas em arte daqueles séculos, os italianos Giovanni Morello e Stefano Papetti. O primeiro idealizou diversas exposições de arte antiga na Itália, no Vaticano, entre outros países, além de integrar a comissão permanente de tutela dos monumentos históricos e artísticos da Santa Sé. Já Papetti dirige a Pinacoteca Civica di Ascoli Piceno.
As obras foram reunidas junto a acervos de 15 museus de sete cidades italianas: Galleria Corsini, Palazzo Barberini, Musei Capitolini, Museo di Roma, Museo Francescano dell’Istituto Storico dei Cappuccini (Roma); Pinacoteca Civica, Sacrestia della chiesa di San Francesco, Convento Cappuccini (Ascoli Piceno); Museo Nazionale d’Abruzzo (L’Aquila), Galleria Nazionale dell’Umbria (Perugia); Istituto Campana per l’Istruzione permanente (Osimo); Museo Civico (Rieti), Pinacoteca Nazionale (Bolonha) e Duomo di Novara (Novara). A mostra conta ainda com uma importante obra de Ludovico Cardi, “St. Francis contemplating a skull”, propriedade do colecionador e ator americano Federico Castelluccio. O quadro veio de Nova York para integrar a exposição. “É um presente para a cidade, uma oportunidade única de ver pinturas extremamente valiosas, de autores reconhecidos em todo mundo, como Perugino, Guido Reni e Tiziano”, observa Mônica Xexéo.
Entre as obras em destaque, está a tela “San Francesco riceve le stimmate” (1570), de Tiziano, um óleo sobre tela de 298 x 180 x 10cm, que mostra São Francisco recebendo dos céus os estigmas em seus pés e mãos. A obra pertence à pinacoteca de Ascoli Piceno.
Além das telas seculares, a exposição proporciona uma experiência imersiva: uma sala de realidade virtual, que transporta o visitante para a Basílica Superior de Assis, erguida em 1228, cidade natal do santo na região da Úmbria, no Centro-Norte da Itália. Com o uso de óculos de tecnologia 3D, é possível caminhar por uma das mais importantes e belas basílicas do país e conhecer obras-primas do pintor italiano Giotto (1267-1337), símbolo dos períodos medieval e pré-renascentista.
__________
Serviço
EXPOSIÇÃO SÃO FRANCISCO NA ARTE DOS MESTRES ITALIANOS - Museu Nacional de Belas Artes (Av. Rio Branco, 199 – Cinelândia; Tel.: 3299-0600)
De amanhã a 27/1 – Ter. a sex., das 10h às 18h; sáb., dom. e fer., das 13h às 18h. Ingressos a R$ 8, R$ 4 (meia e ingresso família, para até quatro membros de uma mesma família). Entrada franca aos domingos.