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Halder Gomes lança hoje no Festival do Rio a sequência de Cine Holliúdy

Divulgação -
Gomes aposta no caráter universal de sua comédia que parte de uma temática puramente regional
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Ao passar pelo Cine Roxy hoje, às 20h45, para acompanhar a projeção de “A chibata sideral”, a parte dois do fenômeno popular regional “Cine Holliúdy”, odiretor cearense Halder Gomes vai estar completando um ciclo de peripécias cinéfilas que fizeram dele o Spielberg de Fortaleza. De 2013 pra cá, ele emplacou três sucessos que desafiam as leis do mercado. Primeiro, fez uma comédia de orçamento minúsculo, falada em “cearencês”, despertar o interesse do país todo, vendendo meio milhão de ingressos. Somou cifras similares em 2016 com “O Shaolin do Sertão”. E, no fim do ano passado, viu a comédia “Os parças” surpreender os exibidores ao quebrar a barreira de 1 milhão de ingressos vendidos. Tudo isso deu a seu novo longa uma vaga na Première Brasil do Festival do Rio, em sessão hors-concours, prometendo divertir sua plateia com os feitos de Francisgleydison (o hilário Edmilson Filho), um dono de cinema que encara a concorrência com a TV, agora nos anos 1980.

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Gomes aposta no caráter universal de sua comédia que parte de uma temática puramente regional (Foto: Divulgação)

JORNAL DO BRASIL: Que tipo de herói é o Francisgleydisson e o que ele representa na tradição da comédia popular brasileira?

HALDER GOMES: Francisgleydisson é o brasileiro simples, que luta heroicamente a cada dia pela sobrevivência e por seus sonhos. O sonho de Francisgleydisson, especificamente, é manter viva a paixão pelo cinema. É um herói do cotidiano com grande senso de humor pra tornar mais suave a briga do “um leão por dia”. Francisgleydisson e sua trupe representam a comédia brasileira “sem filtros”, situada no microcosmo de uma regionalidade, mas universal pela simplicidade dos seus sentimentos. É um humor despretensioso, que transita por distintas camadas e vai do popularesco ao sarcástico; do escrachado ao subliminar, e por aí vai. É um recorte de uma época com um rico olhar do contexto social, político, econômico, religioso e cotidiano de um lugar através do olhar livre e descomprometido da comédia.

Qual é o diferencial deste novo “Cine Holliúdy” em relação ao filme original, de 2013, e de que maneira ele dialoga com o seriado homônimo da TV Globo, ainda inédito?

A época que a história ocorre nesta parte 2 é um grande diferencial, pois agora a TV não está mais somente na casa de uns poucos privilegiados, mas sim acessível à à população inteira. Fechar de vez o cinema é fato desta vez. Mas Francisgleydisson se recusa a deixar o cinema e tenta se reinventar como cineasta dirigindo filmes populares, numa forma de resistência movida pela paixão. A série da Globo dialoga não somente com o universo do primeiro “Cine Holliúdy”, mas também com todo universo de “Cine Holliúdy 2” e de “O Shaolin do Sertão”. Francisgleydisson e seus companheiros, assim como nos filmes, transitam pelo universo do realismo fantástico. Porém, pelo fato de a série mais extensa, os episódios são inspirados em referências dos gêneros de cinema, em forma temática e estética.

Como você avalia a atual situação do cinema cearense?

O cinema do Ceará é a síntese de uma pluralidade de conteúdos, gêneros e gerações pautada pela resistência. É um cinema que transita com sucesso nos circuitos de festivais e nos espaços comerciais. É um cinema rico, plural, visceral, comercial, biográfico, transcendental e tantas vertentes de tantas vertentes e narrativas.

Sessões Hoje, às 20h45, Cine Roxy Dia 7, às 13h45, São Luiz

*Roteirista e crítico de cinema