A história é conhecida. Em 1953, Elza Soares subiu ao palco do programa de calouros de Ary Barroso e impressionou o compositor. Ele perguntou de que planeta ela veio. Elza disse: “eu vim do planeta fome”. Ary e Elza definiam o que era aquela artista múltipla em formação. Uma garota que carregou lata d’água na cabeça e através da sua ousadia e, acima de tudo, seu talento vocal e performático é a representação de algo único e ainda hoje difícil de explicar. Melhor é sentir. A diretora Elizabeth Martins Campos foi buscar a Elza essencial em “My name is now, Elza Soares”.
Com escolhas ousadas e corretas, o filme vê Elza por ela mesma. Uma cantora que vai a lugares nunca antes visitados. Somos levados, em relatos e cantos, ao universo de Elza, o jeito dela ver o mundo. Caótico, poético, colorido ou preto e branco. Há uma dança imagética com as águas, paetês, o movimento das massas (com a torcida do Flamengo). Tudo sincronizado com a voz de Elza, o som dos metais, cordas e tambores. O experimentalismo da intérprete é o foco. O próprio título do longa se refere ao agora que sempre Elza captou na sua arte. Músicas inéditas feitas para o documentário reforçam o ineditismo desse jeito de olhar a cantora que caminha pelo samba, jazz, rock, funk e MPB com intimidade única. No início do filme há uma inspiração em “Ascensor para o cadafalso”, de Louis Malle e aquela atmosfera jazzística de Miles Davis.
Fragmentos da história de glórias, dores e amores da artista se encaixam na força musical e na própria vida de Elza Soares. Uma artista totalmente dona da sua obra, do seu corpo, e determinada a sempre resistir.
*Membro da Associação de Críticos de Cinema do RJ
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MY NAME IS NOW, ELZA SOARES: **** (Muito Bom)
Cotações: o Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom