ASSINE
search button

"Bohemian rhapsody" estreia amanhã com ênfase no artista e discrição na intimidade de Freddie Mercury

Reprodução -
Rami Malek recria, no filme, a performance memorável do líder do Queen no evento "Live Aid", em Londres
Compartilhar

“Por favor, desocupem o corredor, porque Freddie Mercury vai passar”, pediu um assessor do Queen, na ocasião da apresentação da banda britânica no Rock in Rio, em 1985. Como as pessoas não abriram caminho para o cantor, ele passou, porém deixou um recado à produção do festival por ter sido contrariado: na volta, quebrou todo o camarim. A história, uma das muitas contadas por quem trabalhou nos bastidores do Rock in Rio - a essa altura já se tornou impossível saber se real ou folclore - dá uma boa dimensão do temperamento do cantor que, por duas décadas ao lado de Brian May, John Deacon e Roger Taylor, revolucionou a música daquela época.

Só que a cinebiografia “Bohemian rhapsody”, que estreia amanhã , opta por valorizar a parte musical da banda e dar apenas pinceladas da sua vida pessoal do cantor. “Primeiro, foi um choque. Como ator, não acho que tenha o direito de menosprezar o entusiasmo que coisas como estas causam em sua carreira – especialmente, quando está sendo pedido que você interprete o Freddie Mercury. Então, esse é um momento que te dá uma freada, e, ao mesmo tempo, eufórico e empolgante; e aí, há o impacto da magnitude e do peso que você tem que carregar desse homem lendário que vive nos corações de tantas pessoas e é reverenciado como sendo um dos mais talentosos artistas de qualquer geração”, relata Ramy Malek, que vive Mercury, na divulgação do filme.

Macaque in the trees
Rami Malek recria, no filme, a performance memorável do líder do Queen no evento "Live Aid", em Londres (Foto: Reprodução)

Se a ideia é contar a história da banda, o filme também deixa um pouquinho a desejar. Afinal, a figura de Freddie engole as dos demais, mesmo parecendo algo injusto diante do talento indiscutível dos seus companheiros. Mas, fã que é fã, não vai se decepcionar com a quantidade de números musicais do filme - com direito a praticamente o show completo no “Live Aid”, evento de que vários artistas de renome participaram em Londres, em 13 de julho de 1985, em prol das vítimas da fome na África. Aliás, a apresentação de 21 minutos, nunca antes registrada em formato de áudio, entrou na trilha sonora do filme lançada pela Universal.

Morto em 1991 por complicações de Aids, que contraiu no final dos anos 1980, Freddie foi uma referência de comportamento revolucionário e de ousadia profissional. A criação de “Bohemian rhapsody”, uma mescla até então impensável de rock com ópera em 1975, é um dos pontos altos do filme - justificando o título do longa que tem duração de 2h15.

Na parte pessoal, o filme indica desavenças com os pais na juventude, enquanto dedica bastante tempo ao seu relacionamento com Mary Austin, para quem Freddie teria escrito um de seus maiores sucessos “Love of my life”. Sua vida promíscua e a opção sexual são assuntos abordados discretamente nesta ficção, que reserva um espaço para a relação com o garçom Jim Hutton (morto em 2010), com quem viveu os seis últimos anos.

A produção do longa dirigido por Brian Singer foi marcado por muitas divergências. Cotado para viver o cantor, o ator Sasha Baron Cohen recusou o convite, pois achava que o filme tinha de se aprofundar mais na vida pessoal do astro. E o diretor não finalizou o trabalho, porque se envolveu em escândalos sexuais, apesar de seu nome constar nos créditos sem ressalvas.