Com foco na música experimental e de vanguarda, começa hoje o festival Antimatéria, que vai até sábado. São cinco dias de programação, cada vez em um de quatro locais diferentes – a Audio Rebel, em Botafogo, é o único palco que sediará dois dias diferentes. A escalação é de dois ou mais shows por noite, com ingressos que variam de R$ 30 a R$ 60, além de duas noites com entrada gratuita.
No Glauce Rocha, ele toca seu timbre áspero com o baterista suíço Michael Wertmuller e o baixista grego Marino Pliakas, radicado na Suíça. Eles formaram em 2004 o trio, que pratica um radical free jazz, cheio de improvisações livres e que gravou o disco ao vivo há dois anos.
Antes deles, toca o guitarrista, compositor, arranjador e produtor musical Marcos Campello, que se apresenta acompanhado pelo trio Chinese Cookie Poets. Os shows começam às 20h e a entrada custa R$ 60 – a meia, a R$ 30, também vale para quem levar 1 kg de alimento não perecível. A capacidade é de 202 espectadores.
Mais conhecida do público local é a dupla que abre a noite em Botafogo, Cadu Tenório e Juçara Marçal. O produtor carioca se junta à cantora paulista, que também integra o trio Metá Metá, com base no repertório do álbum conjunto “Anganga”, lançado por eles em 2015. Com o título que se refere à entidade suprema do povo banto, o disco tem oito faixas inspiradas em cantos africanos, metade delas numeradas (“Cantos” II, III, VI e VII). A voz de Juçara passa sobre sintetizadores, bateria eletrônica e instrumentos não convencionais.
A DJ Iasmim Turbininha comanda a pista principal da casa em Madureira com seleção basicamente de funk, pancadão mesmo. Com apenas 20 anos, Turbininha ficou conhecida a partir do podcast independente que passou a produzir, inicialmente em lan houses, quando nem tinha um computador. Quem fecha a festa é o americano DJ Earl, direto de Chicago, com muita dance music e eletrônica nas pick-ups.
Já na pista Delta, as atrações são Wallace Função (lançando o EP “Meu bagulho”), Dedo, Los Carlos e Tantão e os Fita. Esta última é a banda atual do veterano Tantão, que teve um sucesso alternativo há três décadas, com a música “Eu sou o Rio”, à frente da Black Future, que lançou seu álbum em 1988 e tinha o DJ Edinho em sua formação.
Bem na linha das artes visuais, a atração principal é o grupo Chelpa Ferro, criado em 1995 pelo pintor Luiz Zerbini, o escultor Barrão (1959) e o editor de cinema Sergio Mekler.
Sem se tratarem de músicos, no sentido convencional, seus integrantes fazem espécies de “instalações sonoras”, combinando a parte sonora a objetos em exposição. Além de aparatos eletrônicos, seus sons são gerados a partir de eletrodomésticos e outros utilitários de uso cotidiano.
Em uma linha mais radical da música “de barulhos’, também se apresenta no Parque Lage Jhones Silva, sob o codinome God Pussy, utilizando ruídos de máquinas para produzir seus sons “desconfortáveis”. A lista de apresentações ainda inclui a artista Gabriela Mureb, o músico e designer Alex Durlak, o percussionista Paulinho Bicolor e o também percussionista Antonio Panda Gianfratti – que, aos 67 anos, soma décadas de trabalho com improvisação livre –, além do violinista Thomas Rohrer.
O festival Antimatéria 2018 se encerra no sábado, 3 de novembro, novamente na Audio Rebel, com os mesmos preços de ingressos, a partir das 19h.
Guitarrista das bandas Metá Metá e Passo Torto, Kiko Dinucci toca junto com o baterista anglo-norueguês Paal Nilssen-Love no show principal. Considerado um dos principais músicos da atual cena internacional de free jazz, o baterista une suas improvisações aos ritmos do brasileiro, que, além, de seus grupos, coleciona participações e colaborações, com Elza Soares (“A mulher do fim do mundo”), Tom Zé (“Vira lata na Via Láctea”), Criolo (nos álbuns “Nó na Orelha” e “Procure seu Buda”), Tulipa Ruiz (“Dancê”) e a colega de Metá Metá Tulipa Ruiz (“Encarnado”). Aqui, ele junta também canções de álbum solo “Cortes curtos”.
A noite de encerramento ainda tem a performance de Eduardo Manso, músico tem como principal instrumento a guitarra, com a qual explora timbres, que vão de paisagens sonoras a texturas mais pesadas e abrasivas, e outra apresentação em dupla. Negro Léo mostra músicas de seu sétimo disco, “Action Lekking”, com participação do terceiro membro do Metá Metá, o saxofonista Thiago França.