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Festival Antimatéria: cinco dias de música diversa

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Full Blast, hoje, no Teatro Glauce Rocha
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Com foco na música experimental e de vanguarda, começa hoje o festival Antimatéria, que vai até sábado. São cinco dias de programação, cada vez em um de quatro locais diferentes – a Audio Rebel, em Botafogo, é o único palco que sediará dois dias diferentes. A escalação é de dois ou mais shows por noite, com ingressos que variam de R$ 30 a R$ 60, além de duas noites com entrada gratuita.

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Full Blast, hoje, no Teatro Glauce Rocha (Foto: Reprodução)
A abertura do Antimatéria 2018 acontece no Centro, com o saxofonista alemão Peter Brötzmann e seu trio Full Blast, que lançam o disco “Rio”, gravado durante turnê pelo Brasil, no Teatro Glauce Rocha (Av. Rio Branco, 179, em frente às estações Carioca de Metrô e de VLT). Com mais de 50 anos de carreira, iniciados em 1967, com o álbum “For Adolphe Sax”, Brötzmann, de 77 anos, gravou mais de 150 álbuns, com formações como Machine Gun, Die Like a Dog, Chicago Tentet, Last Exit e Sonor.

No Glauce Rocha, ele toca seu timbre áspero com o baterista suíço Michael Wertmuller e o baixista grego Marino Pliakas, radicado na Suíça. Eles formaram em 2004 o trio, que pratica um radical free jazz, cheio de improvisações livres e que gravou o disco ao vivo há dois anos.

Antes deles, toca o guitarrista, compositor, arranjador e produtor musical Marcos Campello, que se apresenta acompanhado pelo trio Chinese Cookie Poets. Os shows começam às 20h e a entrada custa R$ 60 – a meia, a R$ 30, também vale para quem levar 1 kg de alimento não perecível. A capacidade é de 202 espectadores.

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Moor Mother, amanhã, na Audio Rebel (Foto: Reprodução)
Com os mesmos preços de ingressos, o festival passa amanhã para o misto de estúdio e casa de shows Audio Rebel (Rua Visconde de Silva, 55, Botafogo), também às 20h. A headliner é Moor Mother, projeto experimental de música e poesia de Camae Ayewa. Integrante do Black Quantum Futurism e ex-membro da banda punk The Mighty Paradocs, a música e poetisa se apresenta aqui com esse seu trabalho solo, iniciado em 2009, em que combina música de protesto, música eletrônica e poesia “hardcore”.

Mais conhecida do público local é a dupla que abre a noite em Botafogo, Cadu Tenório e Juçara Marçal. O produtor carioca se junta à cantora paulista, que também integra o trio Metá Metá, com base no repertório do álbum conjunto “Anganga”, lançado por eles em 2015. Com o título que se refere à entidade suprema do povo banto, o disco tem oito faixas inspiradas em cantos africanos, metade delas numeradas (“Cantos” II, III, VI e VII). A voz de Juçara passa sobre sintetizadores, bateria eletrônica e instrumentos não convencionais.

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Iasmim Turbininha toca em 1º de novembro (Foto: Reprodução)
De Botafogo, o festival migra para Madureira, na quinta-feira, 1º de novembro. Com entrada gratuita, a partir da 20h, a noite da véspera de feriado tem a eletrônica e o funk em foco, no Void Madu (Rua Carvalho de Souza, 182).

A DJ Iasmim Turbininha comanda a pista principal da casa em Madureira com seleção basicamente de funk, pancadão mesmo. Com apenas 20 anos, Turbininha ficou conhecida a partir do podcast independente que passou a produzir, inicialmente em lan houses, quando nem tinha um computador. Quem fecha a festa é o americano DJ Earl, direto de Chicago, com muita dance music e eletrônica nas pick-ups.

Já na pista Delta, as atrações são Wallace Função (lançando o EP “Meu bagulho”), Dedo, Los Carlos e Tantão e os Fita. Esta última é a banda atual do veterano Tantão, que teve um sucesso alternativo há três décadas, com a música “Eu sou o Rio”, à frente da Black Future, que lançou seu álbum em 1988 e tinha o DJ Edinho em sua formação.

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Chelpa Ferro, dia 2, no Parque Lage (Foto: Reprodução)
No feriado de Finados, sexta-feira, 2 de novembro, o Antimatéria desce para o Jardim Botânico, mais cedo, a partir das 16h, também com entrada gratuita, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rua Jardim Botânico, 414).

Bem na linha das artes visuais, a atração principal é o grupo Chelpa Ferro, criado em 1995 pelo pintor Luiz Zerbini, o escultor Barrão (1959) e o editor de cinema Sergio Mekler.

Sem se tratarem de músicos, no sentido convencional, seus integrantes fazem espécies de “instalações sonoras”, combinando a parte sonora a objetos em exposição. Além de aparatos eletrônicos, seus sons são gerados a partir de eletrodomésticos e outros utilitários de uso cotidiano.

Em uma linha mais radical da música “de barulhos’, também se apresenta no Parque Lage Jhones Silva, sob o codinome God Pussy, utilizando ruídos de máquinas para produzir seus sons “desconfortáveis”. A lista de apresentações ainda inclui a artista Gabriela Mureb, o músico e designer Alex Durlak, o percussionista Paulinho Bicolor e o também percussionista Antonio Panda Gianfratti – que, aos 67 anos, soma décadas de trabalho com improvisação livre –, além do violinista Thomas Rohrer.

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Kiko Dinucci fecha o festival no sábado, 3 (Foto: Reprodução)

O festival Antimatéria 2018 se encerra no sábado, 3 de novembro, novamente na Audio Rebel, com os mesmos preços de ingressos, a partir das 19h.

Guitarrista das bandas Metá Metá e Passo Torto, Kiko Dinucci toca junto com o baterista anglo-norueguês Paal Nilssen-Love no show principal. Considerado um dos principais músicos da atual cena internacional de free jazz, o baterista une suas improvisações aos ritmos do brasileiro, que, além, de seus grupos, coleciona participações e colaborações, com Elza Soares (“A mulher do fim do mundo”), Tom Zé (“Vira lata na Via Láctea”), Criolo (nos álbuns “Nó na Orelha” e “Procure seu Buda”), Tulipa Ruiz (“Dancê”) e a colega de Metá Metá Tulipa Ruiz (“Encarnado”). Aqui, ele junta também canções de álbum solo “Cortes curtos”.

A noite de encerramento ainda tem a performance de Eduardo Manso, músico tem como principal instrumento a guitarra, com a qual explora timbres, que vão de paisagens sonoras a texturas mais pesadas e abrasivas, e outra apresentação em dupla. Negro Léo mostra músicas de seu sétimo disco, “Action Lekking”, com participação do terceiro membro do Metá Metá, o saxofonista Thiago França.

Reprodução - Moor Mother, amanhã, na Audio Rebel
Reprodução - Iasmim Turbininha toca em 1º de novembro
Reprodução - Chelpa Ferro, dia 2, no Parque Lage
Reprodução - Kiko Dinucci fecha o festival no sábado, 3