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SPFW: Surpresas nas passarelas

Ines Rozario -
Estampa com ilustrações do Kama Sutra enfeitou o macacão da Cotton Project
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SÃO PAULO - Passarela é modo de definir as salas com piso de cimento meio detonado por onde marcham cerca de 50 pessoas vestidas com as novidades da semana de desfiles da São Paulo Fashion Week, que se realizou até ontem, no galpão Arca.

Neste espaço com lugar para até sete mil pessoas, o evento deve ficar por mais alguns anos. Nas duas salas desfilam os integrantes da agenda. Que nem sempre parecem promessas de bons espetáculos ou coleções primorosas. O dia de ontem prometia marcas ou muito comerciais ou muito novas. Acontece que, como no futebol, a moda é uma caixinha de surpresas, e o dia virou um destaque de sucessos.

Depois do novíssimo Rafael Bueno, 16 anos, comentado na edição de ontem do JB, a TwoDenim encantou pela versatilidade do jeans, em calças super skinny, as camisas em algodão peruano, o final em jeans com lurex, da Vicunha e nos acessórios os brincos de lâmpada, graça acrescentado no styling do Felipe Veloso. A Two Denim expressou bem a devoção ao Denis, como afirma Flávia Rotondo, responsável pelo estilo cowboy descolado que assina.

Mais básico, fundamentado no algodão, a Cotton Project, assinada por Adam Curtis e Rafael Varandas, se apresentou como uma ode à hiperrealidade, mas usou um visual de hotel em Cap Ferrat como pretexto para suas bermudas com vestes longas, chemises listrados, a jardineira preta. Os lenços nas cabeças deveriam complementar apenas as cabeças femininas; nos homens, ficou ridículo. Não achei a hiperrealidade nem nos belos mocassins da Louie. Será que se referiam às figuras do Kama Sutra que formavam as estampas?

Medo de cor é algo estranho em profissionais de moda. Pois Luiz Cláudio, autor da Apartamento 03, estreou no mundo dos vermelhos, amarelos e azuis agora, depois de anos declinando sempre o preto e afins. Começou em pretos com contas pretas nas alças largas, foi ousando longos franjões em degradê do preto ao branco. E afinal caiu na estampa abstrata, depois de muitos babados em vestidos azuis, rosas, laranjas e amarelo limão, realçamos pela pele do elenco negro. Este show deve ter curado o medo de cor do Luiz Cláudio.

O dia acabou com a grife carioca Handred, assinada por André Namitala. A linha masculina e feminina prima pelo corte das calças de cós alto, o uso da risca-de-giz, os vestidos de linho pregueados. No complemento, sapatos da Democrata, marca poderosa que começa a investir no Rio de Janeiro. A Handred é uma boa porta de entrada.