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Voltado para jovens de baixa renda, curso gratuito de animação é premiado e faz hoje a première em evento na Maison de France

Reprodução -
Produzido no ano passado, com humor sem nenhum freio politicamente correto, "Césio, o camaleão" faz piada com drogas, o réptil e o acidente radioativo de Goiânia
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Com quatro vídeos de animação e curta-metragem completamente desenvolvidos por alunos, entre 16 e 24 anos, de um curso gratuito, o Estúdio Escola de Animação (EEA) entra na programação no Dia Internacional da Animação, que acontece em 28 de outubro, mas, por aqui, tem alguns eventos antecipados devido ao segundo turno das eleições.

Macaque in the trees
Produzido no ano passado, com humor sem nenhum freio politicamente correto, "Césio, o camaleão" faz piada com drogas, o réptil e o acidente radioativo de Goiânia (Foto: Reprodução)

Produzidos como trabalhos finais do curso, os curtas deste ano serão exibidos pela primeira vez em um desses eventos, gratuito e aberto ao público, às 10h30 na Maison de France, no Castelo. Para quem gosta de animação, mas não acordar a tempo de ir ao Centro assistir, não tem problema: depois da première, o EEA porá os cinco filmes em exibição online em seus canais no YouTube (www.youtube.com/eescoladeanimacao/videos) e no Facebook (https://www.facebook.com/estudioescola/videos).

Nesses canais, já estão disponíveis os vídeos produzidos nos anos anteriores, em que os alunos surpreendem não só pela competência adquirida nos cinco meses de curso, mas também pela criatividade de ideias e pelo humor empregado sem freios politicamente corretos.

“Césio, o camaleão”, por exemplo, faz piada com o acidente de 1987, em Goiânia, onde o descarte irregular de cápsulas do material radioativo Césio 137 em um ferro-velho matou quatro pessoas e afetou mais de mil. Na animação do Estúdio Escola, ao comer um mosquito pousado nesse lixo, o camaleão se infecta pelo material, que, no entanto, causa nele um efeito alucinógeno, como em uma viagem psicodélica.

Já “Trevas à parte” começa com o presente de aniversário que o Diabo em pessoa vai ganhar da filha fofinha. O final não deve ser contado para não estragar a surpresa que marca este vídeo, vencedor do Prêmio Le Blanc de Arte sequencial, Animação e Literatura Fantástica, na categoria Curta Animado Nacional de 2017.

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Alunos do Estúdio Escola de Animação em atividade externa no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) (Foto: Reprodução)

O mesmo vale para os curtas deste ano, como “Falsos deuses”, sobre uma aventureira que “descobre um tesouro e vai atrás dele, quando acontecem várias outras”, como resume Lorrana Dominguez, 20, formada nesta edição do EAA. Formada em nível técnico de publicidade e design e “tentando, pela segunda vez, entrar para Belas Artes da UFRJ pelo Enem”, a moradora de Campo Grande também começa a ensaiar um portfólio para se especializar em animação, após concluir o curso que conheceu pela postagem de uma amiga no Facebook, no início do ano.

Fã de “Tom e Jerry” e “Alice no País das Maravilhas”, Lorrane foi, então, uma dentre os 707 candidatos a fazer a inscrição deste ano, até março; depois, um dos 60 selecionados para o curso, criado em 2012 pelo Copa Studio e pela Baluarte Cultura e mantido gratuito com apoio de patrocinadores através das leis Rouanet e Municipal de Incentivo à Cultura.

“Com isso, também conseguimos dar lanche e transporte para que os alunos não faltem às aulas, que têm oito horas semanais”, explica Paula Sued, diretora de produção da Baluarte Cultura.

Além da idade, renda familiar mais baixa e cursar (ou ter cursado) o ensino médio na rede pública contam como critérios de seleção, mas Paula não esconde que o principal requisito é o talento. Segundo ela, além de saber desenhar, a familiaridade com as questões digitais e tecnológicas das novas gerações ajuda, “mas eles veem que o buraco é mais embaixo, cada cena é composta de muitas imagens e ainda usamos softwares mais específicos, como o Toon Boom, que eles raramente chegam conhecendo, até por questão de renda, pois são pagos”.

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"Trevas à parte" faturou o Prêmio Le Blanc em 2017 (Foto: Reprodução)

A animação feita primeiro com desenho em papel e posteriormente digitalizada em mesa de luz faz parte do curso de cinco meses, que também oferece aulas teóricas e lições de técnica stop motion, “mas o 2D digital é que predomina ”, diz Paula Sued, que ressalta o caráter “completamente autoral” dos vídeos criados, em que os alunos do EEA “se dividem em funções, têm dinâmicas de criação, produção e outras. Além disso, temos parcerias com o Anima Mundi e estúdios de animação, para que eles saiam e vejam outros profissionais em ação e mais produções, são atividades que ampliam o conhecimento deles”, acrescenta.

“Iniciação”, “Space Crush” e “Trip and Treasure” são os outros três curtas de animação exibidos hoje na Maison de France pelo Estúdio Escola de Animação, que ainda selecionou “Bolha”, de 2017, para a mostra do Dia Internacional da Animação, que acontece simultaneamente em 28 cidades brasileiras.

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SERVIÇO

ESTÚDIO ESCOLA DE ANIMAÇÃO – MOSTRA FINAL

Maison de France (Av. Presidente Antonio Carlos, 58 - Castelo; Tel.: 2544-2533). Entrada franca. Capacidade: 352 lugares. Classificação etária: Livre. Vídeos disponíveis online nos canais www.youtube.com/eescoladeanimacao/videos e www.facebook.com/estudioescola/videos.

Reprodução - Alunos do Estúdio Escola de Animação em atividade externa no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil)
Reprodução - "Trevas à parte" faturou o Prêmio Le Blanc em 2017