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Com peças de Glinka, Prokofiev e Bizet, virtuose do violino clássico estreia hoje como maestro, à frente da OPS, no Theatro Municipal

Reprodução -
Fedor Rudin venceu alguns dos principais prêmios internacionais de violino
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Em um encontro entre as tradições da Rússia e da França, que marcam a sua própria vida pessoal e artística, um dos virtuoses do violino na cena atual da música erudita estreia como maestro à frente de uma orquestra, no Theatro Municipal. Nascido em Moscou, em 1992, e radicado em Paris, Fedor Rudin conduz a Orquestra Petrobras Sinfônica (OPS) em obras dos russos Mikhail Glinka (1804-1857) e Sergei Prokofiev (1891-1953), além do francês Georges Bizet (1838-1875).

Prestes a completar 26 anos já como vencedor de alguns dos mais importantes concursos internacionais de violino, como Henri Marteau, Rodolfo Lipizer e Aram Khachaturian, o franco-russo começa a reger a OPS como maestro convidado na abertura da ópera “Ruslan e Lyudimila” de Glinka, considerado um “pai fundador” da música clássica russa.

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Fedor Rudin venceu alguns dos principais prêmios internacionais de violino (Foto: Reprodução)

Em seguida, divide as funções de maestro e solista no “Concerto para Violino nº 1 em ré maior, Op. 19”, de Prokofiev – que, como ele, também viveu em Paris.

O encerramento é com a “Sinfonia nº 1 em Dó Maior” de Bizet, que a escreveu quando tinha apenas 17 anos – dos menos de 36 que viveu, morrendo de ataque cardíaco, provavelmente influenciados por hábitos pesados de fumante e trabalho excessivo, chegando, às vezes, a 16 horas por dia.

“Como um russo criado na França, o repertório me é particularmente familiar. Curiosamente, o primeiro concerto para violino de Prokofiev já traz bastante influência francesa, embora não tendo sido composto em Paris, como o segundo – que soa muito mais russo”, compara Fedor Rudin. “Este concerto é muito desafiador, além de ser, sem dúvida, o mais difícil que eu já toquei”, garante, que vem estudando há quase uma década para reger.

“Meu primeiro contato com regência de orquestras se deu aos 16 anos. Desde então, vim participando de seminários até finalmente obter meu diploma de regência pela Universidade de Viena, em 2016. Essas aulas acabaram dando uma grande contribuição também para minhas atividades como violinista, porque me abriram novas percepções de como entender a música como um todo. Aprender a ler partituras para o piano e bases de composição são treinos fantásticos para o cérebro de qualquer músico”, afirma.

Em um desses seminários, há três anos, Rudin teve como professor o brasileiro Isaac Karabtchevsky, diretor artístico e regente titular da OPS. “Conheci Fedor Rudin como meu aluno de regência em Riva del Garda, na Itália. Fiquei desde logo impressionado pelo seu talento e capacidade de transmitir, através do gesto, seu universo musical. No mesmo curso, tive a oportunidade de assistir a seu recital de violino. Veio-me logo a convicção de que a ele estava reservada uma profícua carreira na dupla função de virtuose e regente. O concerto de sexta, com o difícil concerto de Prokofiev, deverá confirmar minha intuição”, aposta Karabtchevsky.

O aluno confirma a expressão de dificuldade, agora dobrada. “Minha estreia na condução de uma orquestra em um concerto oficial é aqui no Rio! Toquei diversos concertos para violino sem maestro, de Mozart, Bach, Tchaikovsky, Khachaturian, mas nunca tive tanta responsabilidade em uma única apresentação e me sinto muito honrado de estrear neste formato de concerto, com uma grande orquestra como essa”, elogia Fedor Rudin.

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Orquestra Petrobras Sinfônica convidou franco-russo através de Isaac Karabtchevsky, um de seus professores (Foto: Divulgação)

Sobre as características exigidas para tocar e reger em alto nível, o músico aponta um panorama geral comum e diferenças nas particularidades. “Esteja você regendo ou tocando violino, piano ou clarinete, muda a maneira com que você busca o objetivo, mas ele é o mesmo: levar a música ao público e interpretá-la da melhor maneira, de acordo com o que o compositor tinha em mente, e dividir momentos incríveis com todos. Agora, tocar violino exige mais esforço técnico, em horas de prática, enquanto reger demanda um trabalho mais intelectual e de conhecimento geral, não só das notas escritas nas partituras, mas também da vida, do estilo e das influências de cada compositor que a orquestra for tocar, além das características musicais do período dele”, enumera o virtuose.

A abertura da música como parte da arte, como tradução de momentos e culturas – tão forte nos intercâmbios entre russos e franceses no século XIX –, não fica de fora das observações do jovem maestro e violinista. “Penso que o maestro também deva conhecer sobre outras formas de arte, como teatro, literatura e artes plásticas – especialmente, quando se trata de óperas”, ressalta.

“Também há o fator psicológico, sobre como interagir melhor com tantas pessoas ao mesmo tempo. Acredito, porém, que é basicamente como tocar música de câmara em uma formatação muito mais ampla. A missão do regente não é de criar algo novo, mas de fazer o melhor com o som, o espírito e a tradição de cada orquestra, compartilhando com ela a energia e o amor pela música”.

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SERVIÇO

FEDOR RUDIN E ORQUESTRA PETROBRAS SINFÔNICA

Theatro Municipal (Praça Floriano, s/n, Cinelândia; Tel.: 2332-9191). Hoje, às 20h. Entrada (inteira): R$ 96 (plateia e balcão nobre); R$ 50 (balcão simples); R$ 20 (galeria); R$ 576 (para seis pessoas, em camarotes e frisas). Meia por 50% do preço. Vendas na bilheteria local (10h/18h) ou pelo site ingressorapido.com.br. Capacidade: 2.252 lugares. Classificação: livre.

Divulgação - Orquestra Petrobras Sinfônica convidou franco-russo através de Isaac Karabtchevsky, um de seus professores