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Exposição apresenta panorama da criação gráfica de Di Cavalcanti

Reprodução -
Ilustração para o romance "O pobre Christo", de Mario Mariani, da edição original de 1930
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O saguão do Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal na Cinelândia, abriga a exposição “Lapa - Obra gráfica do artista plástico Di Cavalcanti” que, além, de pintor, também foi ilustrador e caricaturista. Na mostra, o público pode conhecer um material raro que inclui livros da década de 1920, ilustrações, jornais e até selos assinados pelo artista, morto em 1976. “O Di era um monstro. Fazia tudo desde adolescente como capas da ‘Fon-Fon’ e ‘Careta’”, conta o colecionador José Francisco Rodrigues, referindo-se às revistas de costumes e de sátira política com as quais o artista colaborou. A exposição, com entrada franca, fica em cartaz até o dia 8 de novembro.

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Ilustração para o romance "O pobre Christo", de Mario Mariani, da edição original de 1930 (Foto: Reprodução)

Amigo de escritores e compositores, Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, ou Di Cavalcanti, ilustrou capas de livros e de discos. Na exposição destacam-se, por exemplo as dos romances “Mar morto” (1936), de Jorge Amado, e “Losango cáqui” (1922), de Mário de Andrade e de uma coletânea com a obra de Noel Rosa. Outro trabalho interessante é o selo comemorativo dos 300 anos dos Correios e Telégrafos, encomendado em 1963. “Di Cavalcanti encarnava a brasilidade como poucos artistas fizeram. Ele conseguia captar a alma do Brasil”, exalta Rodrigues, que também é o curador da exposição, que reúne 40 peças de seu acervo pessoal. A exposição tem apoio da seção regional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ).

Artista conhecido pelo uso de cores vibrantes e formas sinuosas, Di Cavalcanti foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, um divisor de águas para a produção cultural no Brasil. Para o evento, criou peças promocionais como o catálogo e o programa. Entre 1923 e 25, viveu na Europa e expôs suas obras em cidades como Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdã e Paris. Neste período, conheceu e conviveu com artistas como Pablo Picasso, Fernand Léger, Matisse, Erik Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses, o que o motivou a ingressar no Partido Comunista Brasileiro em 1926. Na mesma década assinou os painéis de decoração do Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes.

A militância política rendeu ao artista prisões em 1932 e 36 , forçando-o a exilar-se em Paris até 1940 quando, diante da perspectiva da Segunda Guerra, retornou ao Brasil. Na viagem de volta, um lote de mais de 40 obras despachadas da Europa acabou extraviado. A busca dos quadros durou até 1966 quando os trabalhos foram encontrados no porão da Embaixada do Brasil na capital francesa. Durante a construção de Brasília, Di Cavalcanti foi convidado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para criar imagens para tapeçaria do Palácio da Alvorada. Também são de sua autoria as estações para a via-sacra da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, na capital federal.

Em 1964, Di Cavalcanti havia sido nomeado pelo então presidente João Goulart para o cargo de adido cultural em Paris, mas nem chegou a tomar posse pois o presidente seria deposto dias depois. Em 1971, o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou uma grande retrospectiva de sua obra.

Serviço

LAPA – OBRA GRÁFICA DO PINTOR DI CAVALCANTI

Saguão do Palácio Pedro Ernesto (Praça Floriano s/nº - Cinelândia). 10h às 16h. Até 8/11. Entrada franca.