Em sua 18ª edição, a Primavera Literária prova que há tempos deixou de ser uma simples feira de livros para se afirmar num evento referência para o mercado independente de livros. De hoje a domingo, das 10h às 20h, mais de cem atividades gratuitas, entre debates, palestras, oficinas, lançamentos, filmes, saraus, performances, atividades infantis e até bloco carnavalesco, ocupam os jardins do Museu da República. “O Primavera foi criado como um evento de resistência, para tentar combater o pouco espaço que os independentes têm nas livrarias. Nosso grande problema sempre foi a distribuição”, conta Raquel Menezes, presidente da Liga Brasileira de Editoras (Libre).
O evento retorna ao Catete - ano passado foi realizado na Casa França-Brasil, no Centro - com cem editoras, seis espaços de convivência e várias novidades. Como o “Primavera convida”, com mesas programadas por instituições e projetos convidados: MultiRio, Puxadinho, Revista Philos, Agência Onze - UVA, Revista Quatro cinco um, Quindim e Mulheres que Escrevem. “É uma forma de democratizar ainda mais a participação do público nesses debates e uma forma de integrar vozes que pensam cultura como nós desde 2001”, explica Raquel. O Dia do Editor, que costumava anteceder o evento, agora foi integrado à programação. “Percebemos um interesse do público em relação ao mercado então pensamos em promover uma conversa mais ampla”, conta. “Revolução 4.0 e economia em rede”, “Internacionalização e seus processos” e “O livro e o licenciamento” são alguns dos temas dos debates. Raquel destaca também o espaço aberto a autores independentes, que terão seu próprio estande e poderão participar de workshops sobre como apresentar seus originais às editoras, por exemplo.
Raquel chama a atenção para o compromisso da Primavera com a biodiversidade: “É um momento em que essa ideia emerge na prática: projetos editoriais independentes, colaboração entre editoras, estandes de tamanhos padronizados, de modo a que o projeto maior não sufoque, pelo poder econômico, o menor. Isso se reflete também na programação ao trazermos autores consagrados dividindo mesas com jovens estreantes”.
É na tenda intitulada “Faça amor, não faça guerra”, um dos slogans dos protestos de maio de 1968, que completa 50 anos em 2018 - “Uma forma de se opor ao movimento violento que vivemos no país”, justifica o nome - para o qual estarão os principais convidados, como Conceição Evaristo, Italo Moriconi, Miguel Conde, Luiz Antonio Simas, Ricardo Lísias, Teresa Cárdenas (Cuba), Michel Collot (França) e o ilustrador Gusti Rosemffet (Argentina). “A Primavera é um evento organizado por mulheres, então, nada mais natural do que dedicar um dia de debates para discutir temas ligados a elas, como empoderamento, mulheres no funk e no poder, sexo fora da sensualização e como ato de resistência”, diz Raquel.
Já o espaço educativo é destinado a palestras e oficinas com assuntos de interesse a escritores, editoras e visitantes que desejam aprender técnicas de literatura, narração de histórias e mediação de leitura. O cineclube do Museu receberá os filmes e debates promovidos pelos cineclubes Cine&Manas, MultiRio e Subúrbio em Transe. Haverá espaços para lançamentos de livros e para programação infantil, incluindo contações de histórias, música, boxe, dança e bate-papos abordando temas como comunicação não violenta e representação negra na literatura infantil. No coreto, serão realizadas ocupações artísticas com blocos de Carnaval.
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SERVIÇO
18ª PRIMAVERA LITERÁRIA - Museu da República (R. do Catete, 153 - Catete; Tel.: 2127-0324). De hoje a dom., das 10h às 20h. Entrada franca. Programação completa: http://libre.org.br/programacao-primavera-literaria-rio-2018/