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O renascer da Cabernet Franc

Rótulos de casta dizimada por praga no país na década de 1970 se destacam em concurso

Francisco Carneiro/Divulgação -
O júri composto por 24 especialistas avaliou as amostras às cegas. A gaúcha Miolo foi a mais premiada
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Uma das uvas mais cultivadas no Brasil até os anos 1970, a Cabernet Franc quase desapareceu, mas começa a despontar novamente na relação dos melhores vinhos tintos brasileiros. Dez rótulos com esta casta receberam medalhas de ouro na Grande Prova Vinhos do Brasil 2018 cujo resultado foi anunciado ontem, em Bento Gonçalves, durante a Wine South America – Feira Internacional do Vinho. As amostras foram avaliadas às cegas por um júri formado por 24 integrantes, entre vinicultores, sommeliers e jornalistas do Brasil e do exterior. Este ano, o concurso distribuiu medalhas nas categorias duplo ouro e ouro.

“A Cabernet Franc era um das uvas mais populares no pais, até que uma praga dizimou a casta. Felizmente, esta nova geração chegou e nos proporciona vinhos de qualidade”, avalia o jornalista e sommelier Marcelo Copello, organizador da prova, que destacou a quantidade recorde de rótulos inscritos na competição: 872. Para participar, é preciso que o vinho esteja disponível em estoque nas vinícolas e no mercado em geral, explica Copello. “Esta é uma sinalização importante, porque o foco do concurso é premiar um vinho que o consumidor possa encontrar”, acrescenta.

De acordo com Copello, o nível dos espumantes brasileiros continua excelente, mas o desempenho dos tintos foi o destaque, tanto que pela primeira vez superaram as borbulhas em número de amostras inscritas e de medalhas. Ente os tintos, as maiores e mais premiadas categorias, como esperado, foram Cabernet Sauvignon (35 ouros), Merlot (27), os de cortes (26) e os Super Premium (22), mas em termos proporcionais a surpresa veio mesmo dos Cabernet Franc.

Dos 17 vinhos desta categoria, nada menos do que 59% dos rótulos inscritos receberam ouro. Pelas normas da Organização Internacional do Vinho (OIV), o ouro é concedido a qualquer rótulo que obtenha nota 88,5. Já o duplo ouro é concedido a partir de 92 pontos.

Os 335 espumantes inscritos levaram 73 medalhas e, mais uma vez, comprovaram a excelência da Serra Gaúcha. Das nove categorias de espumantes avaliadas, todos os campeões – o vinho mais bem pontuado dentre as medalhas de duplo ouro e ouro, são dessa região, destaque para os duplo ouro conquistadas pelos espumantes da vinícolas Geisse e Casa Valduga, que ficaram empatados na categoria Brut Branco Champenoise, e para a Vinícola Valmarino, vencedora na categoria Extra Brut, Nature e Branco. A Vinícola Miolo, de Bento Gonçalves, foi a grande campeã deste ano, vencendo em cinco categorias, seguida pela Basso Vinhos e Espumantes, de Farroupilha, em três categorias.

Um dos méritos da Grande Prova é mostrar ao mercado que vinho bom não precisa, obrigatoriamente, ser caro. Das 280 medalhas de ouro concedidas, 67 foram para marcas com preço inferior a R$ 50, sendo que 18 delas custam menos de R$ 35. Exemplos? O Moscatel Branco, da Basso, campeão em sua categoria, custa R$ 18. Já o espumante Brut Branco Charmat, da Aurora, também campeão, custa R$ 22. Eleito o melhor rosé, o Miolo Seleção, sai por R$ 32,56. “E ainda dizem que o vinho brasileiro é caro”, observa Sérgio Queiroz, coordenador geral do concurso.

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O júri composto por 24 especialistas avaliou as amostras às cegas. A gaúcha Miolo foi a mais premiada (Foto: Francisco Carneiro/Divulgação)

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Grande Prova de Vinhos do Brasil 2018 - Resultado

Espumante Brut Branco Champenoise: Espumante Casa Valduga RSV Brut 25 Meses 2015 e Espumante Cave Geisse Brut Blanc de Noir 2015

Espumante Brut Branco Champenoise: Espumante Panizzon e Espumante St. Germain Brut

Espumante Brut Branco Charmat: Espumante Panizzon e Espumante Saint Germain Brut

Espumante Brut Rosé Champenoise: Espumante Cave Geisse Brut Rosé 2016

Espumante Brut Rosé Charmat: Espumante Garibaldi Brut Rosé

Espumante Extra-Brut,Nature Branco: Espumante Valmarino Nature 2012

Espumante Prosecco/Glera: Espumante Monte Paschoal Prosecco

Espumante Moscatel Branco: Espumante Casa Perini Moscatel

Espumante Demi-Sec Branco: Espumante Aurora Demi-Sec

Espumante Moscatel e Demi-Sec Rosé: Espumante Peterlongo Presence Demi-Sec

Branco Chardonnay: Segredos da Adega Gran Reserva Chardonnay 2015 (Casa Marques Pereira) e Casa Valduga Gran Terroir Leopoldina Chardonnay (2017)

Branco Sauvignon Blanc: Miolo Reserva Sauvignon Blanc 2018

Branco Riesling: Miolo Single Vineyard Riesling Johannisberg 2018

Branco Moscato: Monte Paschoal Moscato Frisante

Branco de Outras castas e Cortes: Leone di Venezia Garganega 2017

Tinto Cabernet Sauvignon: Fabian Reserva Cabernet Sauvignon (2005)

Tinto Merlot: Monte Paschoal Reserva Merlot 2013 (Basso) e D’Alture Merlot 2012

Tinto Tannat: Cordilheira de Sant’Anna Tannat (2007)

Tinto Super Premium: Miolo Lote 43 2012

Tinto Syrah: Almaúnica Ultra Premium S8 Syrah 2016

Tinto Pinot Noir: Bellavista Estate Pinot Noir 2014 (Bueno Wines)

Tintos Outras Castas: Kranz Malbec (2010), Lidio Carraro Singular Teroldego 2011 e Miolo Single Vineyard Touriga Nacional 2017

Tinto Cabernet Franc: Cave Boscato Cabernet Franc 2014

Tinto Marselan: Viapiana Expressões Marselan 2013

Tinto Cortes: Lidio Carraro Grande Vindima Quorum 2008

Rosé: Miolo Seleção Rosé 2018

Doces e Fortificados: Don Affonso Distinto Mistela