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2019, o ano que ainda nem começou

Miguel Paiva -
2019
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Macaque in the trees
2019 (Foto: Miguel Paiva)
Como já é Natal da Líder Magazine e a árvore da Lagoa está praticamente pronta, chegou a hora de falar do ano que vem. 2019 vai ser um ano sem frescuras, sem atenuantes, sem distrações. Vai ser um ano nu e cru, na lata, na pele, descendo pela garganta sem mel e sem leite. Vamos lá:

JANEIRO - Além da festa da virada à direita, vamos ter no mesmo dia a festa da posse que promete culto e discursos nada curtos. Mas até aí é só festa. Depois do dia 2 começa realmente a nova era.

FEVEREIRO - Comunico a quem gosta que a única efeméride de destaque em fevereiro é o fim do horário de verão logo no dia 17. Verão? Pra que verão? Vocês verão.

MARÇO - O carnaval não faz muito sucesso com essa turma que assumiu em Brasília e vizinhanças. A Mangueira, além de tudo, traz como tema Marielle. Será que passa pela Sapucaí sem interferências? Para agravar a situação, no dia 8, antes do desfile das campeãs é o Dia Internacional da Mulher. Marielle, Mulher e Carnaval, pode dar ruim.

ABRIL - Começa com a Semana Santa que promete paz, mas em seguida vem o feriado de Tiradentes, herói cheio de ideias avançadas que pode sair dos livros na Escola Sem Partido e termina com uma data que nem feriado é mas periga voltar a ser. 22 de abril, dia do descobrimento. Quem sabe essa data também muda nos novos livros e passa a ser 1 de janeiro de 2019?

MAIO -Maio começa com um problema sério. Dia do Trabalhador. Atenção, não é dia do Partido dos Trabalhadores. Ainda bem que é um feriado mundial e pra quem não gosta de festejar, em seguida vem o Dia das Mães e tudo o que o governo gostaria de ser é uma mãe para os trabalhadores.

JUNHO - Junho é mixuruca como mês. Tem o Dia dos Namorados que este ano vai ser limitado a namorados heteronormativos sendo proibida qualquer comemoração de outro gênero. Tem também o feriado religioso de Habeas Corpus Christi.

JULHO - Melhor esquecer. Além das férias escolares e as crianças infernizando em casa sem ter o que fazer é o mês da Revolução (êpa!) Constitucionalista (ôpa!) que se festeja no dia 9, mas só em São Paulo. Problema do Dória.

AGOSTO - Não precisa nem falar. O mês do desgosto e de várias tragédias. Mas dia 6 tem uma data que deve ser incorporada ao novo calendário, Dia do Salvador do Mundo. Não é a cara do novo presidente ou do seu ministro das Relações Exteriores? Logo em seguida, dia 11, tem o Dia dos Pais. Tudo a ver, ou não.

SETEMBRO - Independência do Brasil. D. Pedro anda sendo questionado e seu ato de rebeldia contra Portugal revisto pelo novo pensamento, mas até prova em contrário continuamos festejando. Se der feriadão, então, maravilha. Já podeis da Pátria filhos...

OUTUBRO -Sujou. Dia 15 é o Dia do Professor. Se ainda for uma profissão regulamentada espera-se que a Escola Sem Partido não os transforme em professores sem salário, sem espeço, sem liberdade e sem comemoração.

NOVEMBRO - Certos feriados como este do dia 2, finados, deveriam ser lembrados o mês inteiro. Mas temos a Proclamação da República dia 15, que é sempre uma esperança e a Consciência Negra que é uma reafirmação.

DEZEMBRO - Tudo é paz. Baixa o espírito natalino, sobem os números do comércio, inauguram-se as árvores e se junto com Papai Noel chegarmos até dezembro, o que importará tudo isso? Significa que deus é brasileiro e tem uma tolerância divina.

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