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1917: A guerra de um take só

François Duhamel / Divulgação -
Filmagem de '1917', do diretor Sam Mendes
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O novo filme de Sam Mendes, ‘1917’ (que já ganhou o Globo de Ouro de melhor filme, e concorre ao Oscar 2020 na mesma categoria) tem como principal chamativo o fato de ter sido filmado ‘num take só’. Ele começa num determinado ponto - mostrando um jovem soldado, incumbido de levar uma mensagem além das linhas inimigas - e termina quando este mesmo soldado chega ao seu destino. De um ponto ao outro, acompanhamos toda a sua jornada, de uma vez só, como se fossemos a câmera, teoricamente, sem takes extras.

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Filmagem de '1917', do diretor Sam Mendes (Foto: François Duhamel / Divulgação)

Mas, sabemos que não é bem assim. E que, isso, nem é novidade. O recente ‘Birdman’ (que ganhou Oscars de melhor filme e direção, em 2015), teoricamente, também foi rodado assim, ‘num take só’. Sem contar o pioneirismo de Alfred Hitchcock, que, em 1948, já havia rodado ‘Festim diabólico’ (‘Rope’), da mesma forma. No caso de Hitch, sem os recursos que os computadores nos dão hoje em dia, ele teve de calcular exatamente quando os rolos dos filmes acabavam, para continuar a cena sem edição. Algo bem complicado de se fazer.

O filme de Sam Mendes dura duas horas e consiste de vários takes longos que, depois, foram conectados digitalmente, de modo que pareça que ele não foi editado. Um trabalho um bocado árduo, que não permite margem de erro. Tudo tem que ser meticulosamente planejado. Segundo o diretor, o take mais longo (as filmagens levaram 65 dias) durou nove minutos. One shot. Quem cuidou dessa parte, foi o diretor de fotografia premiado com Oscar Roger Deakins (com centenas de filmes no currículo). Ele disse que, embora existam filmes com takes de nove minutos, este foi mais complicado de fazer, por causa da montagem final.

O resultado na tela é envolvente e mágico. ‘1917’ rola bem fluido, sem que a gente perceba a sua duração. Justamente por estarmos completamente imersos na jornada do jovem cabo, que passa o diabo ate chegar com a sua mensagem ao destinatário (sai das trincheiras inglesas e atravessa uma cidadezinha francesa que havia sido tomada pelos alemães, testemunhando todo o tipo de selvageria que a guerra deixa em seu rastro). Apesar disso, a técnica não se sobrepõe à trama e aos personagens. Um grande filme.

RUGIDOS

*Para aproveitar estreia de “1917”, que está indicado em 10 categorias no Oscar 2020, a Universal Pictures produziu vídeos especiais com o professor e historiador Leandro Karnal. Dividida em “A Grande Guerra”, “Os Heróis” e “As Perdas”, a série aborda o que foi a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as mudanças que ocorreram após o seu fim e a importância do ano 1917 para a história como um todo. Para assistir, basta buscar no YouTube.

* Uma das séries de maior sucesso do canal Curta! — e a mais alugada do canal no serviço NOW, da Net/Claro —, "Grandes Mitos Gregos" ganhou continuação que estreará no dia 4 de fevereiro, às 19h30. A nova série, em dez episódios, se chama "Grandes Mitos: A Ilíada", em referência ao poema épico de Homero, que narra a saga do herói Aquiles e os acontecimentos da Guerra de Troia. O primeiro episódio estará disponível no NOW a partir do dia 28 de janeiro.

*Desde o dia 17, o Festival de Sundance está na programação do Canal Brasil. São produções nacionais e estrangeiras que foram premiados ou participaram de Sundance nos últimos anos. Como os nacionais “Divino Amor” – ainda inédito na televisão brasileira –, “Não Devore Meu Coração”, “Benzinho”, “Lixo Extraordinário”, “Ferrugem” e “Que Horas Ela Volta?”.