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Ford vs Ferrari: 24 horas de tensão

Reprodução -
Ford vs Ferrari
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Nunca fui fã de corridas de automóveis. A não ser, nos consoles de videogames (adoro jogar de Mario Kart a Gran Turismo). Contudo, curto biografias e filmes sobre o assunto. Foi assim com ‘Rush’ (2013), de Ron Howard. Um dos melhores filmes a se passar no mundo da Formula 1 (envolvendo a rivalidade entre o austríaco Nikki Lauda e o inglês James Hunt) e também, um dos melhores filmes de Howard. Não fez o sucesso que merecia, por ser ‘europeu demais’ e os americanos não curtem F1. Mas, é um dos melhores filmes sobre o tema. Vale a pena correr atrás deste.

Macaque in the trees
Ford vs Ferrari (Foto: Reprodução)

Agora que começa a temporada do Oscar, está estreando mundialmente ‘Ford vs Ferrari’, novo filme de James Mangold (‘Wolverine’) estrelado por Matt Damon e Christian Bale. A princípio, soa desinteressante para quem não curte máquinas automotivas: passado na segunda metade dos anos 60, mostra o esforço que a americana Ford fez para desbancar a italiana Ferrari nas 24 horas de Le Mans. Outro filme ‘europeu demais’ para os americanos?

Desta vez, nem tanto. Diferentemente de ‘Rush’, no qual os yankees nada tinham a ver com a trama, neste, está em jogo uma disputa e um orgulho nacional: a única vez em que uma fabricante de carros americana criou um bólido bom e veloz o bastante para bater os europeus na prova mais difícil (e importante) do gênero.

Contudo, não é um filme exatamente sobre corridas de automóveis. Mas, um magnífico retrato das personalidades do inglês Ken Miles (Bale), exímio piloto, e do designer de carros Carrol Shelby (Damon), que, juntos numa missão insana, conseguiram o inimaginável: bater os italianos na Le Mans de 1966. Sem o filme, não conheceríamos a formidável figura de Miles. E nem o empenho de Shelby. E o dobrado que cortaram contra os executivos da Ford,

Na parte em que o filme foca em cima dos testes de Miles com os protótipos, cheguei a lembrar de Sam Shepard, como o intrépido piloto de testes Chuck Yeager, de ‘Os eleitos’ (‘The right stuff’), sobre a corrida espacial USA vs URSS. Aqui, a corrida é outra. Mas, igualmente empolgante e estressante.

O grande trunfo de ‘Ford vs Ferrari’ (que, na Europa, se chama ‘LeMans 66’, para ter mais apelo) é, justamente, focar mais nos tipos do que nos carros e cenas de velocidade. Não é um novo ‘As 24 horas de LeMans’, que Steve McQueen, amante dos carros velozes, estrelou em 1971. Mangold não inova nas cenas de corridas. Mas, Bale e Damon dão tudo de si nos respectivos papéis. Difícil saber quem está melhor em cena. Por isso, apesar de o filme te levar para dentro do cockpit dos veículos (experimente ver em iMax), o que fica, no fim, é a incrível história de vida dos dois.

‘FVF’ só derrapa um pouquinho ao carregar um certo clima ufanista americano no fundo, e por estereotipar os europeus e fazer dos italianos vilões, como nos desenhos de ‘Speed racer’ (estes, tem cara de mau). Coisa que não havia, de forma alguma, em ‘Rush’. Apesar de, um dos melhores diálogos do filme, seja quando o barão Enzo Ferrari (que terá filme próprio, ano que vem) recebe um executivo da Ford, que vai tentar comprar a escuderia italiana. Mas, nada disso, estraga o filme, que é, desde já, um dos melhores do ano. E sério concorrente a várias indicações importantes no Oscar 2020.

RUGIDOS:

*Vanja Orico, que completaria 90 anos nesta semana, está com um documentário sobre sua carreira sendo produzido por seu filho, o diretor, produtor e roteirista Adolpho Rosenthal. Orico (que se destacou no cinema nacional em vários filmes de cangaceiros) participou de um filme de Frederico Fellini (‘Mulheres e luzes’, 1950) e cantou ao lado de nomes como Edith Piaf, João Gilberto e Tom Jobim. Ela morreu em 2015.

*O irlandês, novo longa de Martin Scorsese, produzido pela Netflix, terá exibições limitadas nos cinemas, a partir deste fim de semana. No Rio, o filme que tem no elenco Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci e Harvey Keitel, será exibido no Circuito Estação.

*O filme/show “Roberto Carlos em Jerusalém 3D”, que estreia dia 2 de dezembro - e foi gravada na Terra Santa em 2011 -, é o primeiro do artista produzido com tecnologia tridimensional. O lançamento contará também com uma transmissão ao vivo de Roberto antes de sua exibição, no dia da estreia.

*A minissérie em seis capítulos ‘Santos Dumont’ estreou no HBO e HBO GO esta semana. Exibições aos domingos, 21h, pelo HBO em toda a América Latina.