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Areia-movediça

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Uma das coisas que mais aprecio no catálogo da Netflix, é ter contato com produções e línguas de outros países, que não apenas a cultura anglo-americana. No início, eles até tinham mais coisas da América Latina, como produções mexicanas, sobretudo. Era muito bom encontrar por lá, filmes do ídolo da lucha libre El Santo, o mascarado de prata.

Mas, a medida em que o catálogo do serviço de streaming ia crescendo (e, o dinheiro em caixa, também), eles passaram a, não apenas lançar produções de países onde estavam adentrando, como também coproduzindo com estes. Assim, passamos a travar contato com séries vindas de várias partes da Europa, e até mesmo de recantos do oriente (Japão, Coreia), que raramente vemos em canais a cabo.

Nos canais pagos, hoje em dia, só temos o Eurochannel (disponível em poucas e pequenas operadoras), que mostra produções do velho continente, ou o i-Sat (Claro, Oi), que costuma passar coisas da América do Sul em geral.

Por isso, foi um prazer conhecer a minissérie sueca ‘Areia movediça’ (‘Quicksand’), que entrou recentemente no catálogo mundial da Netflix. Baseada em livro best-seller local, "Störstavallt", de Malin Persson Giolito, mostra como uma adolescente de pacato subúrbio rico de Estocolmo, de repente, se vê como a principal suspeita,num julgamento de tragédia ocorrida em sua escola: um tiroteio.

A jovem Maia (Hanna Ardéhn, que segura muito bem nos momentos mais tensos da trama), prestes a completar 18 anos, se envolve com Sebastian (Felix Sandman), um playboy inconsequente, que, primeiro, a leva para um mundo de luxos e viagens, depois festas, drogas, até chegar na violência.

A minissérie começa mostrando o dia do tiroteio na escola (Maia realmente estava na cena com o namorado) e, depois, através de seu julgamento, vai construindo como ela chegou até ali, mostrando suas relações com cinco outros personagens (amigos, familiares) até culminar na reconstituição dos fatos. E do veredito. Tudo muito bem amarrado, atuado e escrito. O episódio final é especialmente bom.

E, assim, garimpando produções que falam outras línguas, no catálogo Netflix, já descobrimos a sensacional série catalã ‘Merli’ (que deve ter spin-off em breve), a italiana ‘Baby’ (estas duas, já comentadas, com destaque, nesta coluna), os filmes mais recentes do alternativo espanhol Alex de laIglesia (‘O bar’, ‘Perfeitos desconhecidos’), a alemã ‘Dark’ (cuja segunda temporada está prestes a estrear), e várias produções japonesas. E, tem muito mais lá, escondidas, bastando tempo para achá-las. Afinal, nem todas ganham a divulgação de uma nova temporada de ‘Black mirror’, por exemplo.

E, se quando a Netflix começou, a piada recorrente é que se passava muito tempo navegando pelo catálogo e não achando nada de bom para se ver, hoje em dia, o que não falta são filmes originais e series internacionais (inclusive, muita coisa boa de nossa vizinha Argentina, como o recente longa ‘Minha obra prima’) de qualidade. O que falta mesmo, é tempo, para dar conta de tudo.

RUGIDOS:

*A primeira temporada de ‘Pico da Neblina’, nova produção brasileira original da HBO LatinAmerica, estreia dia 4 de agosto, às 21h, no HBO e na HBO GO. A série, que se passa em uma São Paulo ficcional, onde a maconha foi legalizada, terá dez episódios com uma hora de duração cada, e conta com direção geral de Quico Meirelles.

*Estreia dia 5 de julho, no Universal TV, a nova série ‘Coroner’. A produção canadense é protagonizada pela atriz SerindaSwan(“Inumanos” e “Tron: O Legado”).A primeira temporada conta com oito episódios e acompanha a vida de Jenny Cooper, uma médica legista encarregada de investigar mortes suspeitas.

*Todos os episódios de “Toda forma de amor”, nova série de Bruno Barreto, produzida pela LC Barreto exclusivamente para o Canal Brasil, estão disponíveis para aluguel no NET Now e Vivo Play. É a primeira vez que o canal faz pré-estreia de uma série em VOD.

*A sumida Geena Davis estará no elenco da nova (terceira) temporada de ‘Glow’, da Netflix.

TOM LEÃO