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Ultraje sem data de vencimento

Divulgação -
"Ultraje", de Marc Dourdin
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Houve um tempo em que, quando você perdia um filme no cinema, tinha de esperar um tempinho até que ele aparecesse na TV ou rolasse alguma reprise. Depois, o VHS e o DVD reduziram essa distância. Atualmente, o streaming dá conta do recado. Dependendo da produção, ela pode estar disponível na mesma semana de estreia em VOD, ou semanas depois nas plataformas de streaming.

Neste caso, está o documentário "Ultraje", de Marc Dourdin, que cobre a trajetória de mais de 35 anos da banda paulistana de rock Ultraje a Rigor. Exibida nos cinemas no final de janeiro e começo de fevereiro, o filme faz parte de um projeto chamado "Projeta às 7", da rede Cinemark, em parceria com a Elo Company, que abre uma janela específica para produções brasileiras, exibidas sempre no horário das 19h, em 19 cinemas do país.

Basicamente, ficam duas semanas em cartaz. No caso deste, como é uma coprodução do Canal Brasil, já está disponível no NOW.

Assistindo ao documentário, (re)lembramos que o Ultraje, uma das mais importantes e originais bandas do Rock Brasil dos anos 1980, começou como conjunto de bailinho, meio por acaso (tocando, basicamente covers dos Beatles) até que os rapazes da formação original Roger (vocal e guitarra), Leospa (bateria) e Edgar Scandurra (baixo) resolveram levar o grupo a sério. E, depois de pichar o nome por muros de São Paulo, despertando curiosidade e criando expectativas, eles começaram a tocar nos clubes underground da época.

Então, depois de burilarem algum material próprio, o Ultraje a Rigor (nome sugerido por Edgar) caiu na estrada. Naquele momento, outros grupos como Agentss, Azul 29, Ira! e Mercenárias, começavam a criar uma cena. E o Ultraje se encaixava nela. Entre as primeiras composições próprias de destaque, estavam "Chiclete" (do Edgar, que era do repertório de sua outra banda, Ira!, a qual ele acabou optando, quando esta começou a deslanchar), "Mauro Bundinha" (brincadeira com um amigo em comum) e a clássica "Inútil", que, naquele momento do país, pré-abertura, ainda sob ditadura militar, caiu perfeitamente no momento que se descortinava.

Logo, o Ultraje passou a se destacar. O que chamou a atenção do produtor Pena Schmidt, olheiro da gravadora Warner, que planejava lançar bandas novas em compactos simples (disquinhos de vinil com uma música de cada lado), num projeto que ajudou a revelar, além do Ultraje, o Magazine (de Kid Vinil, do hit "Sou boy"), Ira! e Titãs (então Titãs do Ié-Ié-Ié), além de outras, que ficaram pelo caminho.

O próprio diretor da Warner na época, Andre Midani, se encantou, de cara, pelos versos de "Inútil", que foi o primeiro compacto lançado pela banda (com a paródia reggae "Mim quer tocar", no lado B). O momento político se encarregou de fazer "Inútil" estourar: a música, acabou virando uma espécie de hino das Diretas Já, levando a banda a tocar em comícios.

O enorme sucesso, levou ao primeiro LP, o campeão de vendas "Nós vamos invadir sua praia", com produção do veterano Liminha, do qual saíram os hits "Eu me amo" e "Rebelde sem causa". O resto, como se diz, é história.

RUGIDOS

• A NET vai embarcar em seus decoders 4K, o aplicativo Netflix. E não só: a mensalidade do serviço poderá vir junto com o da TV por assinatura. O melhor dos dois mundos.

• "Piripkura", pré-indicado ao Oscar de melhor documentário, é destaque hoje, na Sexta da Sociedade, do canal Curta! Às 21h30m.

• Encerram hoje, as inscrições para o "Festival Arte Por Toda Parte",que vai selecionar artistas de rua de diversos gêneros musicais. Inscrições online, pelosite teatropetroriodasartes@petroriosa.com.br

Tom - Tom Leão