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Ryan Murphy: O novo rei da TV

Divulgação -
"Pose" recria o ambiente da Nova York dos anos 1980
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O americano Ryan Murphy é um dos escritores, produtores, criadores e diretores de séries e minisséries para a TV, mais prolíficos e bem-sucedidos dos últimos tempos. Depois de ter cocriado a série teen “Popular”. Ele começou a sua escalada solo com a série adulta “Nip/tuck” (Fox, 2003-10), que tratava do mundo da cirurgia plástica, através de um cirurgião de Beverly Hills. Ganhou seus primeiros prêmios e firmou seu nome no mercado. Logo em seguida, estourou com a série teen musical “Glee” (2009-15), que foi uma verdadeira febre, tendo rendido trilhas-sonoras sucesso de vendas e lançado vários astros adolescentes na época.

Então, em 2011 (junto com Brad Falchuk, que passou a coproduzir com ele desde então), deu um passo mais ousado: lançou a antologia de terror “American horror story” (ainda em produção, pelo canal FX), que criou um universo todo próprio (se passa numa mesma linha de tempo, a partir dos anos 1950, usando alguns personagens recorrentes), que começou com uma história de casa com fantasmas (“Murder house”), passou por um manicômio onde se praticavam torturas (“Asylum”), adentrou pelo mundo das aberrações circenses (“Freak show”), pelo das bruxas (“Coven”), por um antigo hotel assombrado no Centro de Los Angeles (o hotel, existe de fato, e, lá, ocorreram casos macabros), pelo culto satânico (“Cult”), até chegar à atual temporada, subintitulada “Apocalypse”, que pode vir a ser a última, aparentemente.

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"Pose" recria o ambiente da Nova York dos anos 1980 (Foto: Divulgação)

Além de ter personagens recorrentes, feitos pelos mesmos atores (entre os quais, os ótimos Evan Peters e Sarah Paulson), “American horror story” deu a chance de uma grande atriz, meio esquecida, Jessica Lange, brilhar de novo e ganhar prêmios. Lange (e também Kathy Bates) voltaram em outras temporadas, fazendo papéis diferentes. E, no meio de “AHS”, ele criou uma comédia de terror teen, “Scream queens”, que não deu tão certo: apenas duas temporadas.

Mas logo viriam outras antologias: “American crime story” (que já relatou os casos de O.J. Simpson e do assassinato de Gianni Versace) e outra, que, até agora, só teve uma temporada, “Feud”, para retratar grandes brigas históricas. A primeira, mostrando a lendária rivalidade entre Bette Davis e Joan Crawford, foi bem-sucedida.

Sua última produção, também para o FX, que acabou de encerrar a primeira temporada, foi “Pose”, que retrata o submundo dos travestis, drag queens e mulheres trans, nos anos 1980, em Nova York, que elaboravam barulhentas (e divertidas) disputas de roupas e poses, em bailes animados, que acabaram resultando em toda uma subcultura e naquela dança tornada mundialmente popular por Madonna, o vogue.

Em “Pose”, Murphy e Falchuk recriam aquela cena dos 80s como jamais vimos antes (apenas no documentário “Paris is burning”, cujo diretor foi consultor da série), tendo como pano de fundo a Aids, ainda uma doença não controlada, e que afetou fortemente a comunidade gay/artística local. E, usando atores/atrizes que são o que são, sem caricaturas. É, sem dúvida, uma das melhores séries do ano, tanto pela qualidade dramática, como pelo que mostra. Tudo, sem nunca perder o conceito de família, que unia aquelas pessoas, nas casas, controladas por ‘mães’, que acolhiam os que não tinham para onde ir. Emocionante.

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Rugidos

Para comemorar os 20 anos de existência da Deck Music, foi produzido um documentário especial, dirigido por Daniel Ferro, “Tudo pela música”. Breve, nos serviços de streaming.

Tentando indicações ao Oscars, a Netflix lançará três de seus filmes, primeiro nos cinemas americanos: “Roma” (o novo do Alfonso Cuarón), “The ballad of Buster Scruggs” (dos irmãos Coen) e “Bird box”, com Sandra Bullock.