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Você come peixe com sabor de plástico ou plástico com sabor de peixe?

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Num mundo ideal, consumir peixes é uma excelente opção. Porém, atualmente, a situação é diferente. Nossos oceanos estão cada vez mais poluídos, cheios de lixo plástico, como sacolas, canudinhos, garrafas... Como se não bastassem esses objetos, muitos produtos de beleza e de higiene pessoal contém pequenas microesferas, que são eliminadas pelo sistema de esgoto e comprometem rios e oceanos. Um simples banho pode promover em liberação de mais de 100 mil delas! Essa contaminação é levada pelas correntes do oceano, contaminando áreas importantes do mar.

Para agravar mais ainda, elas acabam se sedimentando no fundo do oceano, ligando-se a poluentes químicos, pesticidas, metais pesados e até a algas e bactérias. Logo, peixes de pequeno porte acabam ingerindo essas partículas. E consequentemente, quando ingerimos peixes – principalmente os de grande porte – esses plásticos entram no nosso corpo. As micropartículas plásticas atravessam as membranas celulares causando estresse oxidativo, dano celular e inflamação. Têm também a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e até a placenta da mãe. A literatura mostra ainda lesões nos pulmões e no intestino.

Você que me acompanha já sabe que esses plásticos contêm químicos como o bisfenol A e os ftalatos, que comprometem seus hormônios, simulando estrogênio em homens e mulheres. A consequência é o ganho de peso por alteração de função tireoidiana, maior risco de diabetes, problemas neurológicos, doenças cardíacas e infertilidade. Nos homens, promovem redução de testosterona, ginecomastia e aumento da próstata, além de um maior risco de câncer. Nas mulheres, pioram a síndrome pré-menstrual, menopausa e aumentam o risco de câncer de mama...

Mas tudo isso que estou lhe dizendo não é para você desistir de comer peixe. Apenas faça escolhas mais seguras, como:

1. Prefira peixe pequenos, pois certamente são os que contém menos plástico. Lembre-se que peixes grandes se alimentam de peixes pequenos e, portanto, na somatória, contêm mais plástico. Os peixes do Atlântico Sul e Mar Mediterrâneo são os que tem menos contaminação por plástico em comparação com os de outros oceanos.

2. Apesar do enfoque ter sido em cima dos peixes do mar, isso não quer dizer que os de cativeiro sejam a solução. Estes são cultivados alimentando-se com ração de milho e soja transgênica, além de se usarem na criação antibióticos, produtos químicos e metais tóxicos como o mercúrio. E ainda assim não há garantias de que não contenham plástico.

Portanto, na hora de comer, faça as escolhas certas. Lembre-se que o barato pode sair caro quando o assunto é saúde... E bons alimentos são fundamentais para se manter saudável!

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Referências bibliográficas:

Washington Post October 30, 2016

Science. 03 Jun 2016: Vol. 352

The Center for Biological Diversity, Plastics Pollution

Daily Mail September 8, 2017

Toxicology and Applied Pharmacology. 2015

Research Letters December 2015; 10(12)

Science, Why is the world's biggest landfill in the Pacific Ocean?

Scientific Reports September 24, 2015

Environ. Sci. Technol. 2016

EcoWatch September 30, 2015

Scientific American, October 29, 2015

Environmental Pollution December 2015; 219: 201-209

Environmental Science and Technology 2015; 49(24): 14597-14604

The Guardian August 16, 2017

Integr Environ Assess Manag. 2017 May;13(3):516-521

Como o grande fiasco do peixe está colocando a sua saúde em risco. www.DrRondo.com

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