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A dieta sem glúten pode reduzir o risco de diabetes?

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Com o aumento crescente de diabetes, a prevenção torna-se cada vez mais importante. Por isso, nos últimos anos, os pesquisadores investigam os possíveis efeitos do glúten no risco da doença.

Diabetes tipo 1

Estudos em animais sugerem que dietas com glúten podem ser agressivas, alterando a mucosa gastrointestinal e induzindo à síndrome do intestino poroso. Isso permite resposta imunológica pela presença de micropartículas de glúten na circulação, interpretadas como agentes invasores que precisam ser destruídos, causando alergia ao glúten.

Já um estudo de caso descreve um menino de seis anos diagnosticado com diabetes tipo 1 e sem doença celíaca. Sua hemoglobina A1c (HbA1c), um marcador de controle da glicemia a longo prazo, foi de 7,8% para 5,8 a 6,0% após a retirada do glúten, sem necessidade de insulina. 20 meses depois ele ainda estava sem insulina diária e tinha uma glicemia normal em jejum de 74 mg/dl.

Em outro estudo em crianças com diagnóstico recente de diabetes tipo 1, após 12 meses com dieta sem glúten, sete dos 13 pacientes ainda estavam em remissão parcial. Além disso, pesquisa de 2003 descobriu que indivíduos de alto risco que adotaram uma dieta livre de glúten por 6 meses melhoraram significativamente a secreção de insulina.

Diabetes tipo 2

Estudos em animais sugerem que dietas sem glúten podem melhorar a sensibilidade à insulina. Pesquisas também indicam que a dieta keto melhora o controle glicêmico e outro estudo descobriu que três meses de uma dieta paleolítica (sem glúten) eram suficiente para melhorar o controle glicêmico e a HbA1c em pacientes com diabete tipo 2.

O elo glúten-diabetes

Toda a vez que ocorre alteração de ecologia intestinal, aumenta o processo inflamatório na mucosa intestinal, promovendo em maior ou menor grau a síndrome do intestino poroso. Assim, o sistema imunológico fica agredido e reage a possíveis componentes, desencadeando uma resposta autoimune.

No diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, responsáveis pela secreção do hormônio insulina, desencadeando desregulação da glicemia. Com isso, indivíduos com diabete tipo 1 acabam precisando de injeções de insulina.

Uma pesquisa de 2006 observou que a gliadina, um componente proteico do glúten, pode causar aumento de permeabilidade intestinal. Nessas condições, há aumento de produção de anticorpos contra células beta pancreáticas e sinais clínicos de diabetes tipo 1. Outros estudos apontam para uma conexão glúten-diabetes. Crianças com doença celíaca têm uma chance 2,4 vezes maior de desenvolver diabetes tipo 1. Portanto, de acordo com a minha experiência, os estudos e as evidências clínicas, é aconselhável evitar o glúten para prevenir e até mesmo reverter, potencialmente, o diabetes. Manter uma ecologia intestinal também é fundamental. Cuide-se!

Referências bibliográficas

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