Saúde & Alimentação

Por Wilson Rondó Júnior

[email protected]

SAÚDE E ALIMENTAÇÃO

Por que homens de 40 anos morrem de ataque cardíaco, mas mulheres, não?

Publicado em 19/05/2025 às 17:30

Alterado em 19/05/2025 às 17:31

Apesar de doença cardiovascular ser a principal causa de morte em mulheres, isso raramente ocorre antes da menopausa em mulheres que não usam contraceptivos ou sejam fumantes. Apesar da confirmação recente da proteção que altos níveis de testosterona dão aos homens contra doença cardiovascular, homens em seus 40 anos ainda morrem de ataque cardíaco. Nessa mesma faixa etária, as mulheres têm menos doenças como infarto, derrame e morte por doença cardiovascular.

Por anos, o foco tinha sido nos níveis baixos de estrogênio após a menopausa. Porém, há outra diferença óbvia entre mulheres que estão menstruando e as que estão na pós-menopausa que parece ter mais impacto no risco de doença cardiovascular em mulheres: não terem perda sanguínea mensal e na verdade a mais real causa de risco de saúde para mulheres mais velhas.

Nos Estados Unidos, ocorre uma morte por minuto devido a doença cardíaca.

Em 2008 (o último ano em que as estatísticas completas estão disponíveis), mais mulheres morreram de doença cardiovascular do que câncer, doença respiratória crônica e Alzheimer combinados.

Porém, perto de 10% dessas mulheres eram tanto pós-menopausadas, pré-menopausadas usando contraceptivos, ou fumantes. As estatísticas sobre doença cardiovascular e derrame do American Heart Association cita que doenças cardiovascular causaram cerca de uma morte por minuto entre mulheres americanas em 2008. De forma geral, a incidência de doença cardiovascular e doença coronariana é significante menor em mulheres do que homens em idades semelhantes.

Essas diferenças de incidência de doença entre homens e mulheres tem sido considerada por perdas hormonais do ciclo menstrual, acreditando-se ser o principal ponto para mulheres.

Porém, o que se sabe atualmente é que o estudo Women’s Health Iniciative (WHI) mostrou que a reposição hormonal com estrógeno (na verdade, estrógeno de cavalo) é ruim para o coração da mulher, e subsequente estudo europeu usando bioidêntico estradiol e progesterona (em vez do não-natural medroxyprogesterona, usando no WHI) observou-se o oposto.

Entretanto, há mais do que somente estrógeno e progesterona atrás das diferenças que podemos ver na incidência de doença cardíaca entre mulheres pré e pós-menopausa.

Cerca de 32 anos atrás, os pesquisadores relataram que após histerectomia o risco de doença cardíaca aumentava na proporção igual à dos ovários que tivessem sido removidos.

Esse fato sugere que independente dos ovários e sua contribuição hormonal, o útero funcionante reduz a incidência de doença cardiovascular.

Como pode a menstruação reduzir o risco cardiovascular?
A menstruação regular em mulheres na pré-menopausa promove uma diminuição na viscosidade sanguínea, um marcador de inflamação.

Com a perda na menstruação de cerca de 50 a 100 mililitros de sangue, há uma renovação de glóbulos vermelhos, que se tornam mais flexíveis, menos propensos a se agregar e gerar coágulos. O aumento de glóbulos vermelhos novos é bem descrito como um significante protetor cardiovascular.

Portanto, a menstruação em mulheres na pré-menopausa rejuvenesce o sangue, reduzindo viscosidade e melhorando o fluxo sanguíneo, e perfusão tecidual levando nutrientes e retirando toxinas. Esse rejuvenescimento mensal causa a formação, liberação e circulação de uma grande proporção de glóbulos vermelhos mais flexíveis e jovens.

Esse fator parece ser o maior contribuidor na prevenção de doença cardiovascular associada à redução de ferritina (proteína que se liga ao ferro) que tem potente efeito oxidativo.

Diminua o seu risco de doença cardíaca. Copie a natureza.

Esse efeito não precisa ser limitado só a mulheres jovens.

Os homens não menstruam, mas podem doar sangue. Os estudos mostram que homens que doam sangue têm uma redução de 86% de risco cardiovascular.

Doação de sangue ou flebotomia terapêutica vai ter o mesmo efeito promovido em mulheres jovens que menstruam.

Com isso, certamente, você estará diminuindo significantemente o seu risco de hipertensão e aterosclerose, assim como menos risco de morte por doença cardiovascular.

Referência bibliográfica:
- Am J Clin Nutr. 2001 Mar;73(3):638-46.
- Cell Reports August 7, 2012
- Free Radic Biol Med. 2006 Apr 1;40(7):1152-60
- Nat Med. 2012 Jan 29;18(2):291-5.
- Eur J Clin Invest. 2005 Feb; 35(2): 93-8

Dr. Wilson Rondó Jr.
CRM RJ 52-0110159-5
Cirurgião Vascular de formação e Nutrólogo
Registro nº 058357

Deixe seu comentário