SAÚDE E ALIMENTAÇÃO
O exercício físico como intervenção eficaz para a depressão
Publicado em 24/07/2023 às 10:56
Alterado em 24/07/2023 às 10:56
Cada vez mais há um corpo solido de evidências científicas mostrando que o exercício físico é uma estratégia importante no tratamento da depressão e do humor.
De acordo com a comparação entre exercício e tratamento medicamentoso, publicado pela Frontiers in Pharmacology 2017, observou-se que:
“A literatura sobre os benefícios do exercício para a depressão é extensa. No entanto, duas revisões recentes com foco em antidepressivos versus outras terapias como base para diretrizes de prática clínica recomendaram principalmente antidepressivos, excluindo o exercício como uma opção viável para o tratamento da depressão. O objetivo desta perspectiva é analisar a literatura explorando as razões para essa discrepância…
É possível que acadêmicos e profissionais de saúde sejam céticos em ver o exercício como remédio. Talvez haja uma relutância em aceitar que as mudanças no estilo de vida, em oposição ao tratamento farmacológico, possam alterar os mecanismos biológicos”.
Nos ensaios clínicos realizados comparando-se o exercício como tratamento adjuvante a antidepressivos (comparações de combinação) contra uma ampla variedade de controles, os autores observaram:
“Uma melhora significativa da depressão após o período de exercício e/ou que a proporção de pacientes com resposta clínica foi maior para o grupo de exercício do que o controle.”
Mecanismos moleculares que beneficiam o exercício
- Normalização da resistência à insulina, pois sempre que ocorre alterações importantes dessa molécula, poderá haver manifestações depressivas.
- Triptofano, é um aminoácido essencial necessário para a síntese de serotonina, melatonina, vitamina B3 que estão associados à melhora do humor. Ao permitir que mais triptofano seja transportado para o cérebro, o exercício aumenta a serotonina e expurga a quinurenina, um produto químico de estresse neurotóxico, potencializando mais ainda o humor e evitando a depressão.
- Miocinas, são mensageiros químico produzidos pelo tecido muscular, com efeitos anti-inflamatórios. Agem também aumentando a sensibilidade à insulina, promovendo melhor utilização da glicose dentro de seus músculos.
- Fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), um fator liberado pelo exercício vigoroso, reduz a sensação depressiva.
Em um estudo de 2013 avaliando as interações entre exercício, depressão e níveis de BDNF, o autor comenta:
“Há fortes evidências de que a diminuição do BDNF está associada ao aumento do risco de depressão, enquanto o aumento do BDNF pelo exercício aeróbico parece reduzir a depressão.”
O ciclismo de intensidade moderada e vigorosa elevou os níveis de BDNF em uma média de 32% em relação à linha de base, segundo um outro estudo.
Quanto mais vigorosa é a intensidade do exercício, maior é a produção de BDNF.
- Anandamida, é um dos endocanabinóides (produzidos pelo nosso corpo) que ativa receptores opioides e de endorfinas, promovendo a sensação de felicidade. Quanto mais intenso é o exercício, maior é o nível de anandamida e melhor a pessoa se sente.
- Beta endorfina, um neuropeptídeo opióide endógeno que promove euforia e humor aumentando significativamente após a corrida.
- Hormônio do Crescimento (HgH), aumenta especialmente com o exercício de alta intensidade, como o treinamento supra aeróbico que gera um aumento de 530% da produção natural desse hormônio.
Promove sensação de bem estar e melhora da depressão, sem dizer que rejuvenesce pele, músculos e ossos, recupera as funções de órgãos como coração, pulmões, fígado e rins, revitaliza o sistema imune, diminui os riscos de ataque cardíaco e derrame, melhora a captação de oxigênio em pacientes com enfisema e previne osteoporose.
Considere as mudanças no estilo de vida antes de recorrer às drogas
É recomendado:
- Alimentação: enfatize alimentos integrais, orgânicos, gorduras boas como óleo de coco, banha de porco, óleo de abacate e carnes, laticínios e ovos de animais criados à pasto. No caso dos peixes, devem ser de águas profundas. Evite alimentos processados, açúcar e grãos, óleos vegetais ricos em ômega 6 (ácido linoleico) pois ajudará a normalizar os níveis de insulina e leptina, que é um importante fator que pode contribuir para a depressão.
- Associe suplementos nutricionais específicos, pois podem aliviar os sintomas depressivos.
- Meditação, A depressão é um problema global que cresce a cada dia, e com a pandemia, vimos o número de pessoas com esse transtorno aumentar ainda mais.
Com o mindfulness, uma abordagem de meditação com foco no momento presente, aonde o indivíduo passa por um treinamento que o leva a controlar pensamentos e sensações causadoras de ansiedade e depressão, consegue-se um efeito positivo de melhoras.
Referências bibliográficas:
- Science Daily September 25, 2014
- Neuroscientist February 2012; 18(1): 82-97
- Neuroreport. 2003 Dec 2;14(17):2209-11
- Cerebral Cortex 2008 Nov;18(11):2523-31
- NIH.gov January 15, 2019
- Frontiers in Pharmacology 2017; 8: 257
www.drrondo.com/como-o-mindfulness-pode-ajudar-na-sua-depressao/
Dr. Wilson Rondó Jr.
CRM RJ 52-0110159-5
Cirurgião Vascular de formação e Nutrólogo
Registro nº 058357