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Na pandemia, Brasil garante 32% do lucro global do Santander

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O Santander Brasil foi, mais do que nunca, a galinha dos ovos de ouro do grupo espanhol
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Apesar da queda de 44,6% do lucro líquido no segundo trimestre (R$ 2,136 bilhões), devido ao aumento de R$ 3,690 bilhões de provisões para devedores duvidosos, no semestre a filial brasileira teve lucro líquido de R$ 5,989 bilhões, uma queda de 15,9% em relação a igual período de 2019. Entretanto, o Santander Brasil foi, mais do que nunca, a galinha dos ovos de ouro do grupo Santander, sendo responsável pelo recorde de 32% do lucro global da organização presidida por Ana Botin.

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O Santander Brasil foi, mais do que nunca, a galinha dos ovos de ouro do grupo espanhol (Foto: Reprodução)
O Conglomerado Santander teve redução de 53% no lucro semestral, que caiu de 4,045 bilhões de euros em 2019, para 1,908 bilhão de euros nos primeiros seis meses de 2020. As operações do banco na Espanha, terra matriz, responderam por apenas 8% do lucro líquido. As atividades do Santander Credito e Financiamento, financeira que opera na Europa, garantiram 15% do lucro. Mas é interessante notar que pelo fato da pandemia da Covid-19 ter chegado mais tarde ao continente americano, as atividades do México (com 13%) e dos Estados Unidos (com 7%), somadas aos 32% do Brasil, garantiram mais da metade do lucro global do banco espanhol.

O mercado financeiro aguarda com expectativa o resultado dos demais bancos brasileiros no segundo trimestre. O Bradesco divulga seus resultados amanhã, o Itaú, no dia 3 de agosto, e o Banco do Brasil, em 6 de agosto. No primeiro trimestre, enquanto os bancos brasileiros faziam provisões reforçadas para devedores duvidosos, que reduziram o lucro dos grandes bancos em 33%, o Santander Brasil só reservou + R$ 296 milhões de provisões em relação aos R$ 21,408 bilhões do final de 2019. Agora, o Santander teve de ceder à realidade.

O Santander anunciou ter renegociado R$ 49,8 bilhões no segundo trimestre (13% da carteira total). Isso produziu uma ilusória redução nos índices de inadimplência (as operações foram prorrogadas, em média, por 90 dias). A inadimplência das pessoas físicas, que estava em 6,2% em março, caiu para 4,2% em junho. Já nas pessoas jurídicas, o índice baixou de 1,6% para 1,1% no mesmo período.

A decomposição da carteira do Santander Brasil mostra uma forte participação das pessoas físicas, que tinham créditos de R$ 157 bilhões no final de junho, com aumento de 11% em 12 meses. O crédito ao consumo (para famílias, sobretudo, o que envolve pessoas físicas) somava R$ 56,7 bilhões, com aumento de 6,7% no período. Os créditos às empresas somavam R$ 169,1 bilhões, sendo R$ 46,5 bilhões (+27,3% em 12 meses) para pequenas e médias empresas e R$ 122,5 bilhões (+41,8%) para grandes empresas.

Percebe-se, assim, que a carteira do Santander Brasil está dependente da recuperação da economia, do emprego e da renda das famílias para a inadimplência não crescer muito. O resultado da arrecadação de tarifas de serviços, que somou R$ 8,584 bilhões no período, com redução de 6,2% no semestre e de 8,5% em relação ao primeiro semestre, indica um forte impacto na demanda de serviços.

As receitas com cartões de crédito foram as que mais caíram, como reflexo do fechamento de atividades do comércio e do setor de serviços: -16,5% em 12 meses e -12,7% no trimestre. As receitas de administração de fundos caíram 7,4% no semestre e em 10% frente ao primeiro trimestre deste ano. As receitas de operações de crédito encolheram 15,8% no semestre.