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Mercado segue dividido sobre nova queda da Selic

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O mercado financeiro segue dividido quanto à possibilidade de uma nova redução na taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária em sua reunião de 5 de agosto. A divulgação nesta 3ª feira (23 de junho) da Ata da reunião da semana passada, quando o Copom reduziu a Selic para 2,25% ao ano, pode ajudar nas apostas futuras. Na pesquisa do Relatório Focus, encerrada 6ª feira junto a 100 instituições financeiras, institutos de pesquisa e consultorias, e que o Banco Central divulgou nesta manhã, a média do mercado acredita que o ciclo de baixa se encerrou este ano em2,25% e deve subir para 3% em 2021.

Entretanto, o grupo das TOP 5 (as cinco instituições que mais acertas as previsões sobre a Selic) acredita numa nova queda para 2% em agosto e que a taxa do ano sofra nova queda para 1,75% até dezembro. Para o ano que vem a taxa subiria apenas para 2,50%. Além da Ata do Copom, o Banco Central deve sinalizar, na 5ª feira, com o Relatório de Inflação do 2º Trimestre, como está a trajetória da inflação e a situação da economia como um todo.

Na mesma 5ª feira o Conselho Monetário Nacional (CMN) definirá a meta de inflação para 2023. As metas para 2020, 2021 e 2022 já foram definidas em 4,00%, 3,75% e 3,50%, respectivamente, com intervalos de tolerância de 1,5 p.p. para cima e para baixo. A Pesquisa Focus sinaliza quer o mercado espera inflação, medida pelo IPCA, de 1,61% em 2020, de 3% em 2021 e de 3,50% em 2022 e 2023.

Vale destacar quem faz parte dos TOP 5 da Selic. No médio prazo, quem esteve mais perto foi a Kapitalo Invest, seguido da Garde Asset Management, da Absolute Gestão, do BGC Liquidez e do Bco Safra. Considerando que houve muitas mudanças de cenário, o acerto no médio prazo é expressivo. No curto prazo, empataram na liderança o BNDES e a Garde AM. O Asa Bank ficou em 3º e empataram no 4º posto Absolute Gestão, BGC Liquidez, Bco Bradesco, Bco Safra, Bco Sicredi, Santander AM, Ventor Invest e Vinland Capital.

Bradesco e Itaú divergem

Os dois maiores bancos privados do país estão divididos quanto ao futuro da Selic. Em sua “Semana em Revista” o Departamento Econômico do Itaú assinala que, “embora ainda haja a possibilidade de novos cortes, acreditamos que o Copom manterá a taxa básica inalterada até o final do ano, em 2,25% a.a.”. E um dos motivos para isso é que o Itaú considera, com base nos dados já divulgados sobre diversos setores em abril, que a “atividade econômica atingiu um piso em abril”.

No Boletim “Semana em Foco” divulgado na 6ª feira, 19 de junho, o Departamento Econômico do Bradesco, aparentemente, concorda com o Itaú: “ Por ora, mantemos nosso cenário de estabilidade da Selic em 2,25% ao ano”. Mas ressalva que “as próximas decisões de juros serão cada vez mais dependentes dos dados. Ao reduzir a taxa de juros, o Copom apontou que a magnitude de estímulo monetário já implementado parece ser compatível com impactos econômicos da pandemia. Contudo, o BC não fechou as portas para novas quedas de juros, ainda que tenha sinalizado que um eventual ajuste futuro é incerto e será “residual”.

“De fato, se a retomada for mais lenta do que o esperado e sem pressões cambiais, o Copom poderá encontrar espaço adicional para avançar no afrouxamento monetário. As projeções de inflação do próprio BC, em patamares abaixo das trajetórias das metas de médio prazo e a ausência da menção, feita no comunicado anterior, da existência de um limite inferior para a Selic, reforçam essa percepção de que a porta não foi fechada”, diz o Bradesco.

PIB em queda de 6,50%

Um dado animador é que, pela 1ª vez desde a decretação da pandemia não houve redução nas expectativas semanais do PIB. O mercado espera recuo do PIB de 6,50% neste ano (praticamente sem alteração em relação à leitura anterior, com retração de 6,51%), enquanto a expectativa para 2021 permaneceu apontando para alta de 3,5%.

A mediana das projeções para o IPCA de 2020 oscilou de 1,60% para 1,61%, enquanto a do ano que vem foi mantida em 3,00%. Para a taxa de câmbio, a mediana das expectativas para o final de 2020 permaneceu em R$/US$ 5,20 e, para 2021, foi mantida em R$/US$ 5,00.

Setor hoteleiro acusa Booking.com de abuso

No cenário de crise do Covid-19, poucos setores foram tão atingidos como o hoteleiro, sobretudo nos empreendimentos de menor porte. Para ajustar à nova realidade a hotelaria carioca negocia a redução temporária dos comissionamentos junto às agências online (OTA’s). Conversas e reuniões foram realizadas com os principais players do mercado. Expedia, Hotel Urbano e Decolar.com foram sensíveis e negociam taxas menores para a retomada. A exceção foi a Booking.com.

Diante da intransigência, a hotelaria resolveu questionar se a postura não caracterizaria abuso de poder econômico. Para o presidente do Fórum Comercial do Hotéis Rio, José Domingo Bouzon, o corte de custos é a alternativa para a preservação dos milhares de empregos em risco, diante da ocupação perto de zero. Para ele “as taxas exorbitantes, até então praticadas, não se aplicam no novo cenário”. Já o presidente do Hotéis Rio, Alfredo Lopes, lembra que para alguns hotéis de pequeno porte, as OTA’s são os principais canais de reservas, se não os únicos, o que fez com que muitos desses hotéis enxugassem o seu staff.