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Itaú perde fôlego e Bradesco encosta em lucro em 2019

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Nunca desde a fusão entre Itaú e Unibanco, em 3 de novembro de 2008, que tirou do Bradesco a liderança do mercado bancário privado brasileiro conquistada nos anos 50, a diferença de lucros entre o Itaú Unibanco e o Bradesco foi tão reduzida como em 2019. O resultado das operações do Itaú Unibanco no Brasil apontou um lucro líquido recorrente de R$ 26,987 bilhões no ano passado. O aumento foi de 10,6% sobre 2018.

Mas o Bradesco, que ganhou musculatura após a incorporação do HSBC, lucrou R$ 25,887 bilhões, com avanço de 20% sobre 2018. Esse avanço muito mais potente do lucro recorrente do banco da Cidade de Deus reduziu a diferença de lucros entre os dois gigantes para menos de 5%. Os ganhos totais do Bradesco corresponderam a 95,9% dos lucros do Itaú no Brasil no ano passado (o balanço que inclui a Corpbanca e operações no exterior gerou lucro líquido recorrente de R$ 28,363 bilhões). Em 2018, a diferença era bem maior: 11,7% pois o lucro do Itaú no Brasil ficou em R$ 24,398 bilhões, contra R$ 21,564 bilhões do Bradesco (88,3% do resultado do concorrente).

Em 2007, último ano em que manteve a liderança do país, o Bradesco lucrou R$ 7,210 bilhões e o Itaú (sem Unibanco), R$ 7,179 bilhões.

Atacado pesa no resultado do 4º trimestre

O Itaú costuma apresentar seu balanço no Brasil dividido em três. O Banco de Varejo, que apurou lucro líquido recorrente de R$ 3,643 bilhões no último trimestre de 2019, um aumento de 33,3% sobre o 4º trimestre de 2018; o banco de atacado (Itaú-BBA) que apurou ganho de R$ 1,997 bilhão, uma queda de 11,7% em relação ao 3º trimestre e de 12,9% frente ao mesmo período de 2018 [o banco justificou a redução “devido à maior despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa relacionado à menor quantidade de upgrades de rating no Brasil”]; as operações de mercado e corporativas garantiram lucro recorrente de R$ 1,656 bilhão, com avanço de 4,5% no trimestre e de 14,1% em relação ao 4º trimestre de 2018.

Um dos problemas do ItaúUnibanco foi o aumento da inadimplência, tanto nas pessoas físicas como nas operações de atacado com grandes empresas. Nas pessoas físicas, a inadimplência cresceu para 4,8% em dezembro do ano passado (era de 4,4% em dezembro de 2018). No Bradesco, a inadimplência de pessoas físicas acima de 90 dias de atraso era de 4,8%, também, porém estável em relação ao 3º trimestre de 2019 e ao 4º trimestre de 2018.

Força no crédito

As operações de crédito dos dois bancos voltaram com toda força no ano passado. No Itaú cresceram 14,1% somando R$ 540 bilhões; no Bradesco avançaram 13,8%, somando R$ 604,9 bilhões. Pena que os juros continuam nas alturas e mantendo a inadimplência elevada.

Apesar do aumento das receitas com prestação de serviços, que atingiram R$ 14,321 bilhões no 2º semestre, para um total de R$ 27,122 bilhões no ano, o Itaú perdeu para o Bradesco na soma das receitas de serviços, tarifas bancárias e rendas de seguros, previdência e capitalização. Com o controle de 100% da Bradesco Seguros, líder do setor, o Bradesco teve 48,399 bilhões em receitas, contra R$ 45,160 bilhões do Itaú.

BB DTVM, o fiel da balança

Mas o Itaú Unibanco disputa com a BB DTVM a liderança na gestão de recursos de terceiros (fundos de investimento em ações, DIs, renda fixa, carteira administradas e clubes de investimentos e fundos de pensão).

De acordo com dados da Andima, a BB DTVM, que gere as contas da Previ, o maior fundo de pensão do país, fechou dezembro com uma carteira de R$ 1.055,895 bilhões, contra R$ 1.042,595 bilhões do Itaú Unibanco, computando a distribuidora Intrag, de seu controle.

O Bradesco vinha mais distante, com R$ 877,9 bilhões, computando as carteiras da distribuidora BEM, de seu controle.

É neste contexto que a intenção já anunciada da direção do Banco do Brasil de privatizar a BB DTVM, pode mudar o ranking do país.

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bradesco | ITA | Unibanco