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Para Itaú, preço da carne já dá sinal de fraqueza

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A alta de 0,71% no IPCA-15 de janeiro, divulgado nesta quinta-feira, 23 de janeiro, pelo IBGE, não assustou o Departamento Econômico do Itaú, embora tenha sido superior à previsão dos 0,64% previstos pelo banco e os 0,70% da média do mercado.

O maior banco privado brasileiro chamou a atenção para a desaceleração dos preços da carne – alta de 18,6% no IPCA cheio de dezembro (20 de novembro a 29 de dezembro), contra aumento de apenas 4,5% no IPCA 15 de janeiro (apurado de 16 de dezembro a 15 de janeiro).

O banco está apostando em forte desaceleração do IPCA em janeiro (0,29% contra 1,15% em dezembro) e alta de apenas 0,22% em janeiro.

O banco observa que a pressão maior no IPCA-15 de janeiro (que é uma espécie de prévia do IPCA cheio) veio do núcleo de serviços subjacente “alta de 0,78%, acima da nossa projeção e puxado por aluguel, condomínio e alimentação fora do domicílio”.

Com isso o acumulado em 12 meses do núcleo de serviços acelerou para 3,7% (de 3,4% no fechamento de 2019).

Banco prevê deflação na carne

O Depec do Itaú salienta que as “próximas duas leituras” [do IPCA] “contarão com alívio nos preços de alimentos, principalmente em carne bovina, que já deve registrar deflação em janeiro”.

O artigo assinado pela economia Julia P. Araújo, chama ainda a atenção que “a partir da próxima divulgação o IPCA irá incorporar a nova estrutura de ponderação do índice POF 17-18”, que diminuiu o peso da Alimentação e Bebidas e incorporou outros gastos ligados ao mundo digital.

Aposta de IPCA em 3,3% em 2020

A confiança de que os preços vão voltar à normalidade (e a nova redução dos preços dos combustíveis nas refinarias anunciado pela Petrobras para esta sexta-feira tende a ajudar, se os donos de postos devolverem aumentos anteriores) leva a economia a esperar “alta de 3,3% no IPCA deste ano”.

O impacto na Selic

Vale lembrar que a divulgação do IPCA de janeiro será feita pela IBGE no dia 7 de fevereiro. Dois dias antes, o Comitê de Política Monetária do Banco Central vai fazer a primeira reunião do ano.

Muito provavelmente, os membros do Copom terão em mãos resultados do IPCA até a terceira semana (esta que termina amanhã, dia 24) de janeiro.

Na leitura do Itaú, que parece não ter se alterado em relação ao IPCA com a disparada da carne em novembro e dezembro.

No dia 20 de janeiro o banco divulgou suas projeções para a economia brasileira este ano e cravou: alta de 2,2% para o PIB (1,2% em 2019), IPCA de 3,3% (menor que a previsão anterior de 3,5%) e manteve a Selic em 4% até o fim do ano (4,50% em 2021).

Na visão do Itaú, a Selic, atualmente em 4,50% ao ano, cairia 0,25 ponto percentual em 5 de fevereiro e mais 0,25 p.p. na reunião do Copom em 17 de março, baixando a 4% ao ano, o menor patamar dos juros básicos do país.

O Bradesco espera alta de 2,50% no PIB, inflação de 3,60% e Selic de 4,25% (em março).