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A boa surpresa da Petrobras

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Em meio à tensão mundial com as escaramuças entre Estados Unidos e Irã, que os mais pessimistas temem possam gerar uma guerra de grandes proporções no Oriente Médio e uma escalada dos preços do petróleo, a Petrobras deu uma ótima notícia nesta segunda-feira,13 de janeiro: anunciou a redução média de 3% no litro da gasolina e do óleo diesel comercializados (em impostos) em suas bases de distribuição pelo país afora.

Para quem não fez as contas, poderia ser uma precipitação da Petrobras ou um gesto populista para agradar o presidente Jair Bolsonaro. Só quem não conhece o presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, pode imaginar que ele faria um gesto populista.

O preço dos combustíveis nas refinarias e pontos de distribuição são calculados basicamente pelo custo de equiparação do petróleo extraído no Brasil aos preços do barril no mercado internacional (descontadas as características menos valiosas de nosso petróleo, mais pesado), com a devida atualização da taxa do dólar. Os outros componentes são custos operacionais.

O último reajuste tinha sido em 21 de dezembro. No dia 20, o barril valia US$ 66,14 e o dólar estava cotado a R$ 4,10. Hoje, serenada a poeira dos mísseis disparados de lado a lado por EUA e Irã, o petróleo - que tinha subido 3,31% dia 3, quando o general Soleimani fora abatido em Bagdá - estava cotado a U$ 64,21, uma queda de 2,91% no período. Na conversão pela cotação do dólar, um barril custava R$ 271,174 dia 21. Hoje, com a alta do dólar, na parte da tarde para R$ 4,1412, um barril a 64,21 valia R$ 265,90. Ou 2% a menos. Logo após o almoço o dólar subiu 1,19%, corroendo parte do cálculo da Petrobras.

Quem olhar as cotações futuras do barril, porém, verá que a Petrobras não deu um tiro no escuro.

Para quem extrai petróleo do pré-sal a um custo inferior a US$ 7 por barril, a empresa pode jogar com uma margem elástica de preços sem afetar a sua rentabilidade. Se a companhia tomasse decisões de afogadilho (com reajuste imediato quando Soleimani foi abatido) seria bem mais difícil cumprir seu compromisso de deixar o preço do petróleo flutuar livremente para viabilizar a venda de 50% do seu parque de refino.

Esperteza dos donos de postos

A questão é que os donos de postos não perderam tempo e elevaram os preços na bomba já aproveitando o pânico do início do ano.

Vão devolver o ágio agora?

Mais fácil o Irã ficar amigo de Israel.

Mercado prevê baixa semelhante na carne

Em alguns supermercados que trabalham com serviço de refeição, como o Zona Sul, a lasanha bolonhesa sumiu hoje do cardápio. Para não aumentar o preço da iguaria feita com carne, a atendente disse que só tinha lasanha vegetariana. Não era ruim, mas tinha gosto de esperteza.

Já que a carne subiu, o normal seria a rede remarcar o preço.

Se não o faz, é porque sabe (como ponta compradora no atacado) que os preços já cederam e vão ceder mais.

Por isso comungo a informação com você leitor. A hora é de fazer um boicote na compra de carne bovina para, assim, os preços cederem mais rápido.

Bradesco e mercado esperam inflação menor em 2020

A surpresa da alta de 1,15% no IPCA de dezembro, puxado pela disparada de 18,6% da carne, que elevou a inflação de 2019 para 4,31%, acima da meta de 4,25% fixada pelo Banco Central, não assustou o mercado financeiro.

De acordo com o Relatório Focus, divulgado pela manhã pelo Banco Central, a mediana das expectativas para o IPCA deste ano passou de 3,60% para 3,58% e permaneceu inalterada em 3,75% para 2021. É verdade que muitas das respostas foram dadas antes de sexta-feira passada, quando o IBGE divulgou os números da inflação.

Mesmo com a taxa de 1,15% em dezembro ter ficado acima dos 1,07% que previra, o Departamento Econômico do Bradesco não se assustou e lembra que “os núcleos de inflação, que excluem os itens mais voláteis, permaneceram comportados e acumularam elevação de 3,0% em 2019”. Isso significa que a maior parte dos preços segue comportada. O Itaú lembra que os serviços subiram 3,60% e os níveis dos preços industriais subjacentes ficou em apenas 1,19% em 2019.

O Bradesco espera “a dissipação de parte importante do choque altista de carnes já em janeiro, sem sinais de contágio dos núcleos e reforçando a ancoragem da inflação”. Para 2020, o banco projeta alta de 3,6% do IPCA.

E ainda aposta que a taxa Selic possa cair mais 0,25 ponto percentual até março, para 4,25% ao ano. A maioria do mercado aposta que a taxa seguirá estável em 4,50% até o fim do ano. O Itaú, que também aposta em números bem mais suaves na inflação do 1º trimestre, acreditava que a Selic desceria a 4% ao ano em março. Agora já não fecha tanta questão, admitindo que 4,25% seria uma posição mais cautelosa do BC (em março).

Janeiro não tem reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). A próxima reunião será dias 4 e 5 de fevereiro. Tempo suficiente para o BC sentir a temperatura da inflação e da economia mundial e pedir mesa. Deixando para definir novo corte em março (17 e 18).