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Desde 2008 Bradesco não fica tão perto do Itaú

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O que mais chamou a atenção no balanço do 3º trimestre do Itaú Unibanco foi a perda de dinamismo da instituição que se tornou o maior banco privado do Brasil desde a fusão com o Unibanco, em 3 de novembro de 2008. Ou seja, há exatos 11 anos, o Bradesco amarga a perda da liderança conquistada entre os bancos privados brasileiros em 1963.

Considerando as operações na América Latina, o Itaú lucrou R$ 7,156 bilhões. Um aumento de apenas 10,9% sobre o 3ª trimestre de 2018. Mas o lucro líquido recorrente das atividades brasileiras ficou em R$ 6,788 bilhões, um aumento de 2% sobre o 2º trimestre, e de R$ 19,867 bilhões nos nove meses de 2019, um avanço modesto de 8,7% sobre igual período do ano passado.

No 3º trimestre, o Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 6,542 bilhões (apenas R$ 256 milhões a menos que o Itaú), numa variação de 1,2% sobre o 2º trimestre e de 19,6% sobre o 3º trimestre de 2018. Já nos primeiros nove meses de 2019, o Bradesco acumulou lucro recorrente de R$ 19,242 bilhões (apenas R$ 725 milhões a menos que o Itaú), com alta de 22,3% sobre igual período do ano passado.

Há um ano, a diferença do lucro acumulado em 9 meses foi superior a R$ 2,635 bilhões favorável ao Itaú, que acumulou ganho de R$ 19,369 bilhões, contra R$ 15,734 bilhões do Bradesco. Este ano, o Bradesco diminuiu a diferença em R$ 1,910 bilhão. Pelo andar da carruagem, não será surpresa se o Bradesco encostar no Itaú até o final do ano e superar seus ganhos em 2020.

Custo do crédito aumenta para Itaú

O balanço do Itaú costuma englobar todas as operações do Brasil e das filiais da Argentina, Uruguai e Paraguai e as operações da CorpBanca (Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Colômbia e Panamá). Na América Latina, o lucro líquido caiu dos R$ 372 milhões do 2º trimestre para R$ 359 milhões no 3º (baixa de 3,5%). Os problemas na Argentina fizeram o lucro da CorpBanca cair 42%, de R$ 86 milhões para R$ 50 milhões do 2º para o 3º trimestre, enquanto o Itaú na Argentina viu o lucro encolher 40%, de R$ 76 milhões para R$ 46 milhões.

No Brasil as atividades são segregadas em Banco de Varejo (o próprio Itaú Unibanco, que tem foco em clientes pessoas físicas e no financiamento ao consumo via cartões de crédito) e o banco de atacado (concentrada no Itaú-BBA), além de atividades de operações no mercado e da corporação.

Um dos motivos para a perda de rentabilidade do Itaú foi o forte aumento do custo de crédito tanto nas operações de atacado como de varejo.

Perdas no atacado

No banco de atacado, o custo do crédito (que inclui gastos com provisão para devedores duvidosos menos recuperação de créditos e desvalorização da carteira de títulos) aumentou 145% do 2º para o 3º trimestre. Já o ganho do produto bancário cresceu apenas 1% no trimestre.

No banco de varejo, o custo do crédito aumentou 7,6%, o dobro da evolução de 3,8% da receita do produto bancário.

Segundo relato do próprio banco, o aumento de 11,1% no trimestre se deve ao aumento de R$ 515 milhões nas despesas de provisão no Banco de Varejo no Brasil e às menores reversões (de créditos problemáticos) no Banco de Atacado no Brasil. Esse aumento no Varejo está principalmente relacionado ao crescimento da carteira de crédito de pessoas físicas no período.

O crescimento de 15,9% do custo de crédito nos primeiros nove meses de 2019 está alinhado ao crescimento da originação e carteiras de crédito de pessoas físicas no Brasil

Efeito da guerra das maquininhas

As receitas de emissões de cartões de crédito e de débito evoluíram apenas 0,1% no 3º trimestre sobre o 2º e tiveram queda de 5,5% em relação ao 3º trimestre de 2018, em função das menores receitas na operação de adquirência com taxa de desconto líquida (MDR-Merchant Discount Rate), aluguel de equipamentos e antecipação de recebíveis.

A área crítica foi o mercado de adquirência, onde trava-se a feroz disputa das maquininhas. O Itaú perdeu 3,3% de receitas no 3º trimestre e 20,8% em relação ao 3º trimestre de 2018. No acumulado do ano a queda foi de 18,5% frente a 2018.

Ainda assim, no todo, a receita com prestação de serviço cresceu 4,1% em função do aumento das receitas com emissão de cartões de crédito, administração de fundos (+28,7% frente ao 3º trimestre de 2018 e +16,5% no acumulado do ano), receitas de investment banking e corretagem.

Esses avanços foram parcialmente compensados pelo aumento de 15,9% do custo do crédito, relacionado a maior originação de crédito. O crescimento das despesas não decorrentes de juros foi de 2,8%, mesmo com inflação acumulada de 2,9% no período e o impacto de R$ do acordo coletivo de trabalho.

Inadimplência acima 90 dias

Para as pessoas físicas, que acumulavam créditos de R$ 229 bilhões, subiu de 4,4% em dezembro e março para 4,7% “devido ao aumento das carteiras de maior risco no mix de produtos e à expansão do crédito dentro do nosso apetite de risco”. As operações com rotativo e atrasos nos cartões de crédito representavam 9,9%, contra 8,7% em setembro de 2018.

O banco aumentou em 7,1% os créditos às micro, pequenas e médias empresas no 3º trimestre, com saldo de R$ 80,4 bilhões, porque o segmento mostrou redução do índice pelo 12º trimestre consecutivo, atingindo o menor patamar desde a fusão entre Itaú e Unibanco, em função da qualidade das novas safras. Caiu de 2,9% em março para 2,4% (3,4% em setembro de 2018).

Já para as grandes empresas, que concentravam R$ 107,8 bilhões, houve aumento de 5,6% nas operações de empréstimo no 3º trimestre, acompanhando a baixa da inadimplência em relação ao trimestre anterior principalmente pela baixa para prejuízo de créditos de clientes específicos do segmento. A inadimplência caiu de 2,6% em março para 1,4%

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bradesco | ITA