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Petrobras garante reação limitada da indústria

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O setor industrial, em agosto de 2019, voltou a mostrar avanço na produção, com o crescimento de 0,8%, eliminando parte importante do recuo de 0,9% registrado no período maio-julho de 2019, segundo divulgou nesta terça-feira o IBGE. Mas o próprio IBGE ressalva que não dá para comemorar, porque o desempenho de agosto não mostrou perfil disseminado de taxas positivas.

Entre os quatro ramos da Indústria, apenas Bens intermediários teve avanço, de 1,4% causado principalmente pela alta de 6,6% na produção da indústria extrativa mineral (devido à volta de atividades em plataformas da Petrobras e maior produção de minérios da Vale). Bens de capital tiveram queda de 0,4%, a produção de Bens de consumo recuou 0,7% e a de Bens duráveis encolheu 1,8%. Das 26 atividades pesquisadas, só 10 tiveram maior produção.

No índice acumulado de janeiro-agosto de 2019, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial mostrou redução de 1,7%, com resultados negativos em uma das quatro grandes categorias econômicas (bens intermediários, refletindo, especialmente, a queda de 10,7% verificada no setor extrativo). Houve redução em 16 dos 26 ramos, 47 dos 79 grupos e 55,2% dos 805 produtos pesquisados.

Assim, com esses resultados, o setor industrial se encontra 17,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Ainda na série com ajuste sazonal, com o ganho de ritmo da atividade industrial verificado nesse mês, o índice de média móvel trimestral assinalou variação nula em agosto de 2019, após mostrar trajetória predominantemente descendente desde setembro de 2018.

Armas de fogo têm crescimento

Na análise da produção no ano, há muito efeito passado e uma preocupante desaceleração na taxa acumulada em 12 meses. Das nove atividades que apontaram ampliação na produção, a principal influência no total da indústria foi registrada por veículos automotores, reboques e carrocerias (2,1%), impulsionada, em grande parte, pela maior fabricação dos itens autopeças, caminhões, reboques e semirreboques, caminhão-trator para reboques e semirreboques e carrocerias para ônibus. Mas os indicadores são de declínio recente pela queda das exportações para a Argentina.

Outras contribuições positivas relevantes sobre o total nacional vieram de produtos de metal (4,7%), de bebidas (2,9%) e de produtos de minerais não-metálicos (1,9%).

No acumulado do ano um dos itens que tiveram destaque foi o aumento de 3,6% na produção de armas bélicas, que incluem “revolveres e pistolas”, numa aposta da indústria bélica na promessa do presidente Bolsonaro de facilitar o porte de armas. Em julho, o crescimento acumulado era maior: 4,5%.

Dados positivos

Mas nem tudo é atalho para más notícias. O reaquecimento da construção civil, que se traduziu em aumento nas contratações desde março, trouxe impactos positivos em ramos importantes como massa de concreto preparada para construção, cimentos “Portland” e elementos pré-fabricados para construção civil.

Outro dado importante, muito ligado às encomendas de fim de ano e à aposta de que a liberação do FGTS vai reativar o consumo, foi o crescimento 3,5%, em 12 meses, na produção de calçados.

A chamada linha branca de eletrodomésticos (fogões, geladeiras e aparelhos de ar condicionado) teve crescimento de 9,2% de janeiro a agosto, frente a igual período de 2018..

Estados seguram o rojão

O governo Bolsonaro, através do ministro da Economia, Paulo Guedes, faz o discurso do combate ao déficit público e faz o que pode para evitar que as contas deficitárias ampliem o rombo, mas quem vem fazendo a sua parte e segurando o rojão são os estados e municípios.

Em agosto, o governo central ficou deficitário em R$ 13,4 bilhões em agosto, ao passo que estados e municípios chegaram a um superávit de R$ 2,6 bilhões, acumulando o saldo positivo de R$ 19,8 bilhões no ano.

O pagamento de juros chegou a R$ 349 bilhões (4,96% do PIB), levando em consideração o gasto de R$ 24,5 bilhões com swap cambial, gerado pela apreciação do dólar de julho para agosto.

Dívida roça os 80% do PIB

A dívida bruta do governo geral cresceu de 79,0% para 79,8% do PIB entre julho e agosto. O número mítico de 80% do PIB era considerado a véspera do Apocalipse.

Já a dívida líquida recuou de 55,8% para 54,8% do PIB, refletindo a depreciação cambial no período. No acumulado em 12 meses, o déficit nominal, excluindo swaps, recuou de 6,6% para 6,4% do PIB.

Para o Itaú, “um cenário fiscal favorável é estritamente dependente da aprovação de reformas, como a da Previdência, que sinalizem o retorno gradual a superávits primários compatíveis com a estabilização estrutural da dívida pública”.

Correção: FGE e não FGC cobriu créditos do BNDES

Por um lapso na figura de linguagem, ao comentar ontem a cobertura de US$ 356 milhões do Fundo Garantidor de Exportações, nas operações inadimplentes da Venezuela junto ao BNDES, este colunista chamou o FGE de Fundo Garantidor de Créditos.

O Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é bancado por pequenas quantias recolhidas das instituições financeiras que recebem depósitos à vista e a prazo, cadernetas de poupança, emitem letras de câmbio e ainda Letras de Crédito Agrícola (LCAs) ou Letras de Créditos Imobiliários) garante as aplicações financeiras dos investidores em moeda nacional até $ 250 mil.

Portanto, nenhum centavo do FGC foi responsável pela cobertura ao BNDES.