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Os reflexos da crise da Argentina na economia brasileira

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A quase um mês das eleições presidenciais da Argentina, marcadas para 27 de outubro, com vantagem de mais de 20 pontos para o candidato da oposição Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner na chapa de vice, contra o presidente Maurício Macri, que tenta a reeleição, os dois maiores bancos privados brasileiros, Bradesco e Itaú, analisam a crise política e econômica do parceiro do Mercosul e seus impactos na economia brasileira.

O mote foi a queda, revelada esta semana, de 0,3%, na margem, do PIB argentino no 2º trimestre, no 6º trimestre consecutivo sem crescimento. Na comparação com o mesmo período de 2018 houve crescimento de 0,6%, surpreendente, segundo o Itaú, após queda de 5,8% no 1º trimestre na mesma base de comparação.

O grande fator favorável foi o comportamento do setor externo, com forte influência da desvalorização do peso. Situação que tende a se prolongar com a eleição do candidato da oposição e que continua a ser um dos principais fatores de pressão contra o real no Brasil.

Brasil vê um de seus mercados encolher

Do lado das exportações, que cresceram 15% em 12 meses, a Argentina, que recuperou a produção de soja e milho após a grande seca de 2018, conseguiu ocupar o espaço deixado pela retração dos Estados Unidos nas suas escaramuças com a China. Já as importações, mais caras para os argentinos, diante da forte desvalorização do peso, caíram 22,7%. Um dos efeitos foi a forte contração na compra de produtos manufaturados brasileiros, sobretudo automóveis, caminhões e máquinas.

Ao analisar a queda de 18% nos investimentos e de 7,7% no consumo privado caiu 7,7%, devido à piora da situação econômica e financeira no último mês, o Departamento Econômico do Bradesco acredita “que um cenário de recuperação na Argentina está mais distante”. O Banco projeta uma queda de 2,0% do PIB neste ano, e de 1,0% em 2020.

O Itaú, que é o maior banco estrangeiro em operação na Argentina é mais direto e não vê “nenhum alívio para a recessão econômica”. O banco recentemente, ajustou para pior as previsões do PIB (de-1,4% para até-2,5% este ano ,”com base em nossa expectativa de consumo e investimento subjugada devido às incertezas aumentadas sobre a direção da política, reestruturação da dívida e controles de capital”

O Itaú observa ainda que a taxa de desemprego subiu para 10,6% no 2º trimestre deste ano, um ponto percentual acima dos 9,6% no mesmo trimestre do ano passado, apesar de leve aumento da taxa de emprego para 42,6( (contra 41,9%).

Cenário global negativo

O Bradesco lembra que “a recessão prolongada na Argentina já teve impactos importantes sobre nossa indústria, uma vez que o país é um importante destino de produtos manufaturados do Brasil. Nos últimos 12 meses, nossas exportações para o país acumulam queda de 40% (perda de US$ 7 bilhões), com destaque para o complexo automotivo, que representa mais de 30% da pauta”, assinala.

Para o Depec Bradesco, o cenário de crescimento global tem se mostrado mais adverso para o Brasil: além da recessão na Argentina, outros parceiros comerciais importantes para o Brasil, como a China e alguns países da Europa, vêm mostrando desaceleração em seu crescimento.