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Ministério da Economia: PIB encolhe 72% ante o previsto

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Com base no crescimento de 0,4% no Produto Interno Bruto (PIB) do 2º trimestre que o IBGE divulgou nesta quinta-feira, já com revisão da queda do 1º trimestre suavizada dos 0,2% inicialmente divulgados para -01,%, o ministério da Economia está fazendo uma radical revisão do crescimento da economia brasileira para este ano: se a taxa de 0,4% se repetir neste 3º (julho a setembro) e 4º trimestres, o PIB de 2019 vai avançar 0,6%. Uma queda expressiva frente aos 1,1% de 2017 e de 2918.

Considerando que na apresentação do Orçamento Geral da União (OGU) em agosto do ano passado pela última equipe econômica do governo Temer, a previsão era de PIB de 2,2% e inflação de 4%. Mesmo com as recentes turbulências do dólar, atiçadas pela crise da Argentina, a inflação prevista segue abaixo de 3,8%.

Mas a taxa do PIB foi encolhendo desde março, quando o novo ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes, baixou a estimativa para 1,6%. Em julho, nova redução para 0,82% (isso mesmo, com duas casas decimais). Agora, se os 0,6% se confirmarem seria uma frustração de 72% frente à previsão do OGU.

O Itaú que estimou em 0,5% a alta do PIB no 2º trimestre (sobre uma queda de 0,2% no 1º, praticamente acertando a previsão) estava estimando alta de 0,8% no PIB deste ano, com crescimento praticamente zero neste 3º trimestre e de 0,7% no 4º período trimestral. Isso resultaria em alta de 0,8% no PIB, abaixo dos 1,1% de 2017 e de 2018.

Impacto nas receitas e no emprego

A frustração de crescimento e da inflação moderada pela própria desaceleração da economia tem impacto direto na arrecadação e no emprego.

O próprio presidente Jair Bolsonaro já disse há duas semanas que não havia dinheiro para nada. Com a frustração das projeções, o cenário é de penúria orçamentária geral e de novos cortes e contingenciamentos de verbas federais.

Assim, esnobar verbas e ajudas financeiras internacionais é um contrassenso.

O Bradesco, que também previa crescimento de 0,8% este ano e de 2,20% em 2020, esperava que a taxa média de desemprego voltaria a crescer este ano para 12,86% (12,26% em 2018), cairia ligeiramente para 12,76% em 2020, baixaria para 11,76% no fim do atual governo, em 2022 e desceria a 11,56% em 2023. Isso com o PIB crescendo 3% a partir de 2021.

Já o Itaú previa 11,9% para este ano e 11,7% para 2020.

Itaú destaca reação da construção

Ao analisar a alta de 0,4% do PIB, o Departamento Econômico do Itaú, que previa +0,5% (e o mercado +0,2%), acumulando 1% em 12 meses, aponta como “principal destaque positivo o setor de construção, que cresceu 1,9% com ajuste sazonal no 2T19, após uma tendência contínua de queda desde 2014”.

O banco adverte que a “série trimestral do PIB é volátil” e que o resultado positivo do 2º trimestre “não representa uma aceleração da economia”, sublinhando que “os poucos dados já disponíveis para o 3T19 apontam para nova desaceleração do crescimento trimestral”.

Mas o maior banco privado brasileiro diz que “a queda nas taxas de juros e o crescimento do crédito privado têm contribuído positivamente para a atividade econômica”.

No entanto, observa que “a desaceleração da economia global limita uma aceleração mais pronunciada da economia”, para reafirmar a projeção de crescimento do PIB de 0,8% este ano e 1,7% ano que vem.