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Inadimplência explode no BB acima do SFN

Odebrecht fez índice crescer 264% no agronegócio

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A crise do grupo Odebrecht, que pediu recuperação judicial em 17 de junho, mostrou, no balanço do 2º trimestre divulgado nesta quinta-feira, 8 de agosto pelo Banco do Brasil, que a instituição foi das mais expostas entre os bancos brasileiros. O BB era credor de R$ 8,74 bilhões do total do grupo Odebrecht), sendo parte garantida por ações da Braskem. O maior credor era o BNDES com empréstimos de R$ 10,1 bilhões

Acontece que apenas em relação à Atvos, braço de açúcar e álcool da Odebrecht e que também entrou com pedido de recuperação judicial, nesta terça-feira, 6 de agosto, o BB tinha exposição de R$ 3,4 bilhões (39% do total contra o grupo Odebrecht).

A Atvos Agroindustrial S.A., a empresa holding da área sucroalcoleira da Odebrecht era a 2º maior produtora de etanol do país, com capacidade de moer 37 milhões de toneladas de cana de açúcar em suas unidades de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, provocou uma explosão na inadimplência da carteira de agronegócio do Banco do Brasil.

O índice de atraso nas operações do agronegócio com mais de 90 dias saltou dos 0,50% de março deste ano (nível compatível com o dos últimos dois anos) para 1,82¨% em junho, um aumento de 264% em apenas um trimestre. Sem o impacto da Atvos, o índice de operações em atraso no total da certeira seria de 0,30%, segundo o BB.

Ou seja, em vez de uma queda de 40% vouve explosão de 264% nos calotes.

BB anda na contramão do SFN

Com os calotes da Atvos e da Odebrecht, a inadimplência no Banco do Brasil no 2º trimestre andou na contramão de todo o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Enquanto a média do SFN, segundo o balanço do BB, ficou em 2,90% em junho, uma ligeira queda frente aos 3,0% em março, no BB houve salto de 2,58% para 3,25% (+25,9).

Excluindo o caso específico da Atvos/Odebrecht, a inadimplência de 90 dias do BB teria sido de 2,61% no 2° trimestre. A inadimplência de curto prazo do BB, que compreende atrasos entre 15 e 60 dias, também piorou, passando de 4,61% em março para 5,33% em junho, impactada pelo caso específico. Sem ele o indicador seria de 4,62%.

Mas o que está por trás dos problemas do BB é o modo de como as operações foram aprovadas: com nítida pressão política. Espera-se que a gestão de Rubem de Freitas Novaes corrija essas distorções. Ele já começou bem reduzindo de 27 para 24 o número de diretores (salários de mais de R$ 50 mil mensais) e limitando em nove o número de vice-presidentes.

E isso fica claro na diferença do grau de inadimplência das empresas entre os demais bancos brasileiros.

No Bradesco, os atrasos com mais de 90 dias das grandes empresas chegaram a 0,80% em junho e os das micro, pequenas e médias, de 4,14%.. No Itaú, os atrasos das grandes empresas estavam em 0,90% e os das micro, pequenas e médias em 1,60%.

Queda de serviços esfria PIB

Os analistas do mercado financeiro estão revendo suas projeções para o PIB deste ano após a queda de 1% no volume do setor de serviços em junho, frente a maio, na série com ajuste sazonal.O resultado anulou o ganho de 0,5% acumulado entre abril e maio. Como o setor de serviços representa 70% do cálculo do PIB, há um viés de baixa em relação às últimas projeções de aumento de 0,8% este ano (contra 1,10% de variação positiva em 2017 e 2018.

Se há males que vêm para o bem, o resultado garante que o Banco Central vai baixar mais os juros em setembro e novembro.

Pena que a brigada de incêndio, que inclui a liberação do FGTS, tenha chegado tarde. Só dá para fazer o rescaldo...

Inflação sem problemas

A alta de 0,19% no IPCA de julho, que acum,ulou variação de 3,20% em 12 meses, bem abaixo da meta de inflação, de 4,25% para este ano (e de 4% para 2020) foi considerada positiva pelo Departamento Econômico do Bradesco, que está considerando nocva queda de 0,50% da Selic em setembro, para 5,50% e que o ano feche abaixo dos 5,50% que previa (o Santander espera 5,25% e o Itaú, 5%, mantido até dezembro de 2020)..

Na análise do Depec, "os núcleos de inflação (que excluem os itens mais voláteis) recuaram, acumulando alta de 2,8% em 12 meses".

Como o banco espera alta de 0,24% para o IPCA de agosto, devido ao aumento da tarifa de energia elétrica, além de aceleração em combustíveis, a dinâmica de inflação de curto prazo coloca viés baixista na projeção para o IPCA deste ano, que era de 3,80%. (o Itaú espera 3,60%), "principalmente, por causa do menor reajuste de planos de saúde em relação ao esperado e da dissipação dos efeitos da peste suína africana sobre os preços de proteínas ao consumidor".

Carne mais forte em 2020

Aliás, o impacto da peste suína sobre o preço das carne deve ser transferido para 2020, avalia o Bradesco..

Se isso for verdade, o lançamento do hamburguer vegetal pode estar especulando antecipadamente com a alta da carne.

O Rio está pior que o Uruguai

Houve forte reação no Uruguai com o fato de que a taxa de desemprego bateu o recorde de 9,8% em junho, acumulando média de 8,9% no 2º trimestre. Com apenas 3,5 milhões de habitantes, o país registra 190 mil desempregados. Só em 2018 15 mil uruguaios engordaram a fila do desemprego.

Pois a comparação com o município do Rio de Janeiro mostra que a situação dos cariocas (o gentílico que só se aplica aos nascidos ou residentes na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro – e não ao Estado do Rio, com o absurdo de se chamar de Campeonato Carioca um torneio que tem times de Resende, Volta Redonda, Cabo Frio, Campos, Nova Friburgo e Saquarema, além dos times cariocas mesmo) está bem pior do que a de los hermanos platenses.

De janeiro a junho deste ano, nada menos que 12.040 pessoas perderam o emprego na capital fluminense. O estoque de desempregados no Grande Rio passa de 1,5 milhão, mais da metade dos quais na cidade do Rio de Janeiro.

Vale lembrar, o Estado do Rio tem 17,2 milhões de habitantes e a capital pouco menos que o dobro da população do Uruguai: 6,7 milhões, segundo o IBGE.

Para os que sonham fugir da realidade indo ao Uruguai fumar maconha, é bom saber que a erva não é tão disponível assim ao Sul do Rio Grande do Sul e que ao pegar o metrô na direção do Uruguai o passageiro só ‘viaja’ até a Tijuca...

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coluna | economia