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Na guerra comercial, todos perdem

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Nas guerras convencionais, geralmente, o lado vencedor sai ganhando, ao conquistar territórios, riquezas e poder sobre novas populações. 

Nas guerras comerciais, o mesmo não pode ser dito. A experiência ensina que os dois lados perdem e quem está vinculado a qualquer um ou aos dois lados, sai perdendo. 

Vejam o caso da guerra comercial entre Estados Unidos, iniciado por Donaldo Trump no 2º semestre de 2017. 

Até aqui, todos estão perdendo, pois, com os dois líderes jogando na retranca, tentando impor barreiras um ao outro, houve encolhimento do comércio mundial.

 A redução de 9,62% no saldo da balança comercial no 1º semestre desde ano, de US$ 27,13 bilhões, contra US$ 30 bilhões no mesmo período de 2018, é o resultado do processo que começou em 2017. 

Em 2017, o superávit da balança comercial foi de 36,21 bilhões. Desde então, uma queda 25%. Ou de US$ 9 bilhões.

 Não dá para dizer que a causa é o aumento das importações pela recuperação da economia brasileira, porque ela ainda não veio e a capacidade ociosa geral e o desemprego seguem elevados. 

Os dois produtos mais vendidos pelo Brasil à China, a soja em grãos e o minério de ferro, estão com problemas pela retração do principal comprador, que moderou as compras por motivos diversos. 

Soja em queda com gripe suína na China 

No caso da soja, que no ano passado representou 17% das exportações brasileiras, a queda das vendas está diretamente ligada ao impacto da gripe suína africana, que atingiu fortemente o rebanho de suínos do país. Informações que circularam nesta segunda-feira, 1º de julho, dão conta que até metade das matrizes foi morta em vários centros criatórios. 

Trata-se de um impacto que terá efeito duradouro. A perda de matrizes (que geram uma nova leva de porquinho que podem ser abatidos ao crescerem a cada ciclo de 18 meses, da gestação, ao nascimento, engorda e abate) vai reduzir de modo acentuado os embarques de soja para a China. As expectativas já se refletiram no preço da commoditie, que tem o menor nível desde 2009. 

Ciclo do minério pode cair com retração industrial 

No caso do minério de ferro, além dos problemas de produção da Vale e demais mineradoras após a interrupção da produção das minas em Minas Gerais, após a tragédia de Brumadinho, a questão mais preocupante é a visão do Banco Central chinês de que a economia vai crescer menos (talvez menos que 6%, no menor índice de expansão deste século). 

É verdade que as taxas de crescimento da China nesta década (abaixo dos 7%/8%) significam mais demanda do que o no começo do milênio, quando as taxas de crescimento anual chegaram a 17%. É que a magnitude do PIB da China era então inferior à do Japão e hoje já equivale a 40% do PIB americano. Então crescer 5% ou 6% atualmente garante mais encomendas que há uma década ou 15 anos. A diferença é que a tendência é de acomodação no crescimento, sem taxas exponenciais explosivas.