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Copom dá 45 dias para bancos ajustarem ativos e passivos à queda de juros

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O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne a cada 45 dias para verificar se as condições da política monetária estão de acordo com os movimentos da economia interna e internacional para cumprir o regime de metas da inflação (4,25% este. ano e 4% em 2020). No dia 19, o Copom decidiu manter as taxas básicas de juros (taxa Selic) em 6,50% ao ano, mas anunciou que o cenário de alta  ociosidade da economia pede política monetária estimulativa e menor nível real estrutural das taxas de juros, que podem cair no segundo semestre.

O Copom se inspirou no Federal Open Market Committee (FOMC), o órgão que delibera a política monetária do mais importante Banco Central do mundo: o Federal Reserve Bank, dos Estados Unidos. Em comunicado às 15 horas do dia 19, três horas antes do fim da reunião do Copom, o Fed manteve os juros anuais entre 2,25% e 2,50%. Diante das incertezas geradas pelo ambiente de guerra comercial e cambial com a China, não se dispôs a acenar com queda de 0,50 pontos percentuais no segundo semestre (como todos, a começar pelo presidente Trump, esperavam), alertou que o ambiente de incertezas segue com mais força no horizonte.

Bancos Centrais são preparados para olhar adiante. Pelo para brisa e não pelo retrovisor (a não ser para revisar os erros do passado). Com um mínimo de seis a nove meses adiante. Ou seja, usando o farol alto e não o baixo e jamais a lanterna. No caso do Fed, seus objetivos miram a estabilidade monetária do dólar e da economia americana e o emprego.

Com mais de duas horas e meia para refletir, com a inflação prestes a desabar dos 4,66% ao ano de maio para menos de 3,60% em junho, pela deflação esperada para este mês em substituição aos 1,26% de junho de 2018, causado pela greve dos caminhoneiros, diante do forte esfriamento da economia brasileira no primeiro semestre e das previsões de que a taxa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) vai cair abaixo de 1% (Itaú e Bradesco apostam em 0,8%), depois de dois anos crescendo 1,1%, o Copom ficou na cômoda posição de dizer que ainda restam incertezas fiscais (verdade para um déficit primário na casa de R$ 120 bilhões), mas haveria possibilidade de queda dos juros se a reforma da Previdência for aprovada na

Câmara com musculatura robusta.

Calendário para baixa de juros no Copom

A próxima reunião do Copom será dias 30 e 31 de julho. Se tudo caminhar bem na reforma, ela seria aprovada em primeiro turno na Câmara antes da reunião. Era consenso do mercado financeiro de que os juros da Selic iriam cair na reunião de setembro, para fechar o ano em 5,75%.

Mas o Itaú vai mais além e prevê queda da Selic para 5% este ano, mantendo-se nesse nível até 2020 para reestimular a economia. Essa seria a visão correta de um Banco Central que aplica a política econômica pensando, sobretudo, nas pessoas (emprego). Mas isso não está explicitamente no mandato do Banco Central do Brasil. O que é um tremendo erro.

Para além de manter a estabilidade monetária do real, o BCB é responsável por manter o Sistema Financeiro Nacional sadio e com boa liquidez. Seu recado de que pode haver queda dos juros básicos no segundo semestre é um alerta aos bancos.

Para baixar os juros a 5,75% bastam as reuniões de setembro (18 e 19), outubro (29 e 30) e dezembro (10 e 11), com quedas de 0,25% em cada uma delas. Para baixar a 5%, como prevê o Itaú, a queda teria de começar em julho e ganhar mais intensidade, por exemplo, uma ou duas quedas de 0,50%.

Isto significa que os bancos devem ajustar seus portfólios (ativos e passivos, incluindo As carteiras de títulos e de empréstimos) à nova perspectiva da queda dos juros.

Inflação em queda até na meta

É apenas questão de semanas o IBGE deixar claro que a inflação desceu de patamar. O Itaú espera 3,60% para 2019 e para 2020. Na próxima semana, dia 27, o Banco Central vai divulgar o Relatório Trimestral de Inflação e anunciar a meta de inflação para 2022. Estamos com 4,25% para 2019, 4% para 2,20% e 3,75% para 2021. Não será surpresa se cair para 3,50%. Com ajuste fiscal em marcha (se a reforma

previdenciária não sofrer emagrecimento) não haverá mais desculpas para o Banco Central baixar os juros.

E, menos ainda, para não pressionar o cartel dos bancos a fazer o que importa para a sociedade: a redução dos spreads e dos juros bancários na ponta do tomador de crédito. 

Ações de bancos sobem com recuperação judicial da Odebrecht

Foi melhor do que se esperava a reação do mercado financeiro e dos investidores ao pedido de recuperação judicial do grupo Odebrecht, com dívidas de R$ 95 bilhões. A rápida aceitação da medida pela Justiça, na manhã seguinte ao pedido, protocolado na tarde de segunda-feira, fez o Ibovespa subir 1,59% pouco antes das 13 horas desta terça-feira e as ações do setor financeiro operarem no terreno positivo.

Banco do Brasil ON, maior credor após o BNDES, tinha alta de 3,03%. Bradesco PN subia 1,6% e Bradesco ON tinha valorização de 3%.O Papéis do Itaú Unibanco ON subiam quase 2&. As ações da Itaúsa, uma das holdings que controlam o Itaú Unibanco, subiam 1,33%. Os papéis do Santander ON valorizavam mais de 3%. E a Cielo, do setor financeiro, avançava 1,20%.

Uma das versões era de que o impulso tinha também a ver com a possibilidade do governo derrubar o aumento da tributação da Contribuição Sobre o Lucro Líquido do setor, incluída no relatório da reforma da Previdência, por ser matéria Tributária, alheia à reforma. O governo quer taxar juros sobre capital próprio e mais os dividendos numa ampla reforma tributária e não num apêndice da reforma previdenciária.