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IBC-Br e volume de serviços caem em março, sugerindo retração de 0,2% do PIB no 1º trimestre

Bradesco e Itaú vêm mesma queda de 0,2% do PIB de 2019

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O IBC-Br recuou 0,28% na passagem de fevereiro para março, ajustada a sazonalidade, conforme divulgado na manhã desta quarta-feira pelo Banco Central. O resultado foi abaixo do esperado pelo Bradesco (0,0%) e pelo mercado (-0,2%). No trimestre a queda foi de 0,68% a maior desde o primeiro semestre de 2016. Na comparação interanual, houve retração de 2,52%. O Itaú esperava queda mensal de 0,2% e de 2,3% na comparação com março de 2018. Os dois bancos estão pessimistas com a economia este ano.

O Itaú, que esperava apenas 1,3% de expansão do PIB, reduziu a taxa na segunda-feira, 13, para 1%. O Bradesco baixou a estimativa de 1,8% para 1,1%, na sexta-feira, 10 de maio. Ambos também baixaram a previsão de 2020. O Itaú de 2,5% para 2%; o Bradesco de 2,50 para 2,20%.

Para o Bradesco, a queda de 2,3% no volume de serviços prestados às famílias e às empresas, em termos interanuais, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, divulgada terça-feira, surpreendeu negativamente a mediana das expectativas do mercado (-0,7%). O Depec Bradesco esperava 0,0%. O volume total de serviços caiu 0,7%, próximo do recuo de 0,6% observado na leitura anterior. Três dos cinco segmentos da pesquisa contribuíram para a queda na margem, com destaque negativo para os serviços de informação e comunicação, enquanto os serviços prestados às famílias e serviços de transporte avançaram na margem.

PIB Mensal Itaú cai 0,4% em março e 0,6% no trimestre

O PIB mensal (PM-Itaú), uma avaliação com metodologia próxima ao PIB do IBGE, caiu 0,4% em março, levando a taxa de ano a ano a-0.6%. O Itaú frisa que vários setores estiveram em queda no trimestre, como a produção industrial (PIM-PF) e a evolução real das receitas de serviços, com baixas de 1,3% e 0,7%, respectivamente.

Mas as vendas no varejo amplo (PMC) subiram 1,1% durante o mês. Do ponto de vista de demanda, gastos domésticos avançaram 0,3% em março, enquanto o investimento de capital manteve-se praticamente estável. No 1º trimestre, o PM-Itaú caiu 0,6%. Para o mês de abril o Itaú espera uma alta de 0,6% no seu indicador do PIB.

Lucro bruto ou líquido?

Se há uma coisa que irrita esse veterano jornalista de economia – 47 anos de militância na área – é um press release que tenta mascarar a realidade. Aquela velha máxima dita pelo então ministro da Fazenda Rubens Ricúpero, numa conversa antes de uma gravação ao repórter Carlos Monforte, da TV Globo, que foi captada por antenas parabólicas e custou sua demissão no começo do Plano Real, em agosto/setembro de 1994, no governo Itamar Franco.

Ricúpero disse “o que é bom a gente solta; o que é ruim a gente esconde”. Foi um escândalo. Mas a verdade é que os press releases sempre fizeram isso: tentam vender a pílula cor de rosa, ou dourar a pílula. Os velhos jornalistas de economia do tempo da ditadura se debruçavam sobre os dados e buscavam o outro lado da moeda. Tema que inspirou o nome desta coluna.

Como todos recordam, ante a grita do PT (em plena campanha de Lula contra Fernando Henrique Cardoso, que deixaram o ministério da Fazenda em fins de abril para se lançar candidato a presidente e foi sucedido por Ricúpero, substituído por Ciro Gomes). Mas a prática de dourar a pílula continuou com nos governos FHC, Lula, Dilma, Temer e agora Bolsonaro.

Querem ver uma prova: basta ver o calendário de indicadores econômicos mensais divulgado pelo Banco Central. No governo FHC, o país tinha séria crise no balanço de pagamentos e ocorriam sucessivas crises financeiras internacionais (México, 95; Ásia, 97; Rússia, 98) que abalavam Brasil e a vizinha Argentina. Já as contas fiscais, pelo conceito de superávit primário (receitas menos despesas, sem contar os custos da dívida pública) não eram tão ruins. Então, vinham antes e as contas externas por último, fechando o mês.

No governo Lula, com a expansão econômica da China, que se tornou o principal comprador do Brasil, desbancando os Estados Unidos, a Argentina, e até a União Europeia, as contas externas passaram a ter a prioridade, ficando as contas fiscais por último na divulgação. O que se consolidou no governo Dilma e segue até o calendário atual.

Agora vamos ao resultado das empresas? O que interessa mais: o lucro líquido ou o bruto? Para os acionistas, o líquido, ora. Para analistas, o que vale mais é a tendência. O EBITDA também é importante. A capacidade de geração de caixa. O BNDES divulgou ontem seu balanço trimestral sem anexar tabelas de comparação com o 1º trimestre de 2018.

Pior foi a famigerada Taurus. Pacifista, detesto a apologia das armas. O diálogo e a negociação, que se torna mais eficiente quando as pessoas têm mais informação, cuja base de tudo é a Educação devem prevalecer sobre a força bruta. O mundo não é uma ficção como “Game of Trones”.

Por isso, me irrita receber releases da Taurus, uma empresa monopolista (controla a CBC) na produção de armas de fogo e munições no Brasil. Durante o governo Temer cansei de receber releases da Taurus induzindo críticas à abertura do mercado para fabricantes de armas da Suíça, Áustria, Estados Unidos (onde a Taurus tem filial), República Tcheca e países do Oriente Médio. Fábricas seriam em Pernambuco (imagino que os crimes por peixeira aumentariam exponencialmente) e Goiás. Os planos não vingaram e o monopólio virtual ficou.

Com a eleição de Bolsonaro, o impulso às armas de fogo ganhou fôlego (e os pacifistas perderam a respiração...). Ações da Taurus saltaram na B3 como balas perdidas. Aí, na terça-feira, a empresa envia release cuja manchete era que o lucro bruto tinha sido de R$ 92 milhões. No subtítulo, diz que o EBITDA foi de R$ 38,5 milhões.

Curioso, fui pesquisar o balanço da empresa (a princípio, sou avesso a releases pelos motivos já expostos) e encontrei lucro líquido de magros R$ 4 milhões no 1º trimestre, um aumento de 236%, porque no ano de 2018, foi anêmico. Quanto ao Ebitda, cresceu 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado (abaixo da inflação que foi de 4,58% no período).

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economia | moeda | pib