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Venda das subsidiárias da Eletrobrás afeta receitas da BR Distribuidora

Mercado opera em baixa e Petrobras PN cai 1,83% na manhã

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O lucro líquido de R$ 477 milhões da BR Distribuidora no 1º trimestre, com aumento de R$ 230 milhões (+ 93%) sobre igual período de 2018 deve-se basicamente ao recebimento de R$ 180 milhões de atrasados de combustível fornecido às antigas distribuidoras da Eletrobrás, privatizadas no último trimestre de 2018. Em abril do ano passado as duas estatais celebraram instrumento de confissão de dívida no valor atualizado de R$ 4,6 bilhões a serem pagos em 36 meses. Até 30 de abril último, a BR recebeu R$ 2.172 bilhões. No último trimestre do ano passado, graças ao recebimento de mais de R$ 1,7 bilhões a BR distribuidora teve lucro líquido de R4 1,605 bilhão.

Apesar do aumento do lucro líquido, pelo desembolso de atrasados, o desempenho da maior distribuidora de combustíveis do país foi ruim, para uma empresa na qual a controladora Petrobras quer reduzir a atual participação de 71% para a faixa de 40%. E um dos responsáveis foi exatamente a privatização das distribuidoras. Devedoras antigas, elas estavam atreladas à Petrobras Distribuidora. Com novos controladores, várias delas trocaram de fornecedor.

Assim, as vendas gerais de produtos derivados de petróleo da BR caíram 3,4% em relação ao 1º trimestre de 2018 e em 6,2% frente ao último trimestre do ano passado. A venda de diesel – o produto mais comercializado no Brasil caiu 2,4% frente a março de 2018 e de 7,1% comparado ao último trimestre. Mas o maior tombo foi no diesel fornecido às usinas térmicas: 52% ante março de 2018 e de 52,3% frente ao final de 2018. Já o óleo combustível fornecido às usinas teve queda de 14,3% frente a março de 2018, mas aumento no volume de 33% frente ao final do ano passado.

Depois do fechamento dos negócios na B3, às 17 horas, a Petrobras vai divulgar o balanço do primeiro trimestre. Até às 11:30 de hoje, numa jornada negativa do mercado de ações brasileiro, Petrobras PN caía 1,83%, enquanto o Ibovespa operava em baixa de 1,75%.

Ipea vê pequena chama no investimento

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou hoje, terça-feira, 07, o Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), com alta de 1,1% em março frente a fevereiro de 2019. Na comparação com março de 2018, o crescimento foi de 1,6%. Para o Ipea, há duas maneiras de ver o ‘copo’ do investimento: uma parte que é o consumo aparente de máquinas e equipamentos (Came) [sinal de investimentos para melhoria da produtividade] está avançando.

O Came, que corresponde à produção doméstica líquida das exportações acrescida das importações, avançou 2,1% em março frente a fevereiro, 3ª alta consecutiva. A produção interna de bens de capital líquida de exportações evoluiu 1,8%, e a importação de bens de capital aumentou 7,4% no mesmo período. No primeiro trimestre de 2019, o indicador registrou avanço de 0,6%. 

Mas a outra parte do ‘copo’ do investimento, o indicador de construção civil, recuou 1,8% em março, na comparação com fevereiro. O terceiro componente do Indicador de Investimentos, classificado como “outros ativos fixos”, também ficou negativo entre fevereiro e março: queda de 0,5%. 

O desempenho foi heterogêneo na comparação com março de 2018: enquanto a construção civil registrou variação negativa de 0,7%, o Came teve crescimento de 3,4%. A maior alta ficou por conta do componente “outros ativos fixos”, que avançou 4,8% ante o mesmo mês do ano passado.

A retração no mercado de máquinas

Estatísticas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que incluem os automóveis, ônibus e caminhões e também as máquinas agrícolas e tratores (de esteira, rodas e retroescavadeiras) usadas na construção pesada mostram que em abril houve queda geral nas vendas de máquinas para o setor agropecuário e a construção civil. Nesta área, o que está sustentando a produção são as exportações.

Em abril foram vendidas 3.111 unidades de máquinas agrícolas, uma queda de 17,5% frente a março. O fim do pico da colheita da grande safra de soja (o principal produto agrícola brasileiro) explica a redução de 58% nas vendas de colheitadeiras, para 248 unidades e de 11,3% no total de tratores de rodas, para 2.495 unidades.

A sazonalidade da demanda de máquinas agrícolas é total. Agora, com a colheita da cana em São Paulo, foram vendidas 92 colheitadeiras de cana, aumento de 37,3% frente a março. As próximas safras serão de milho (inverno no Centro-Oeste, Paraná e São Paulo) e algodão (Centro-Oeste e Oeste da Bahia).

Mas é nas exportações que se vê como o mercado interno está contraído. Enquanto foram vendidas apenas 39 tratores de esteira para o mercado interno em abril, houve exportação de 397 unidades. No acumulado do ano, o mercado interno absorveu 118 unidades, menos que as 166 exportadas. No caso das retroescavadeiras, que são muito usadas nas prefeituras do interior e por empreiteiras para obras de saneamento básico, como abertura de galerias de esgoto, limpeza de riachos e construção de pequenos açudes, foram vendidas 237 unidades em abril no país, menos que as 263 exportadas. Com isso, em 2019 o mercado interno absorveu 875 unidades, contra 852 exportadas.

O carro elétrico nem dá choque 

Outra estatística interessante da Anfavea diz respeito à evolução das vendas de carros elétricos no país. Por enquanto, não dá choque. Em abril foram vendidas 290 unidades com motor elétrico, acumulando 1.283 carros no ano. Isso é apenas 0,2% do mercado, liderados pelos carros flex (gasolina/álcool e gás) com 705 mil unidades (87,8%). Os carros exclusivamente a gasolina venderam apenas 23.941 unidades no ano (3% do mercado) e os motores diesel abocanharam 9,1¨, com 72 mil veículos no ano.