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Câmbio e risco Brasil podem melhorar com avanço na agenda de reformas

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O Departamento Econômico do Bradesco fez recentemente interessante estudo indicando que o avanço nas reformas, especialmente a da Previdência, pode provocar uma apreciação do real. Mesmo na crise recente da economia mundial, com a guerra comercial entre Estados Unidos e China, o Depec acha que a sólida situação das contas externas brasileiras (saldo em conta corrente próximo do equilíbrio, fato pouco comum para países emergentes – em abril houve déficit de US$ 62 milhões, informou o Banco Central nesta segunda-feira) e a baixa necessidade de divisas externas de curto prazo favorecem o movimento.

Além disso, reforça o Bradesco, o BC tem espaço e ferramentas para intervir se julgar necessário – como tem feito recentemente com a rolagem dos leilões de linha cujo vencimento estava programado para o início de junho.

Com a aprovação da reforma da Previdência, o banco espera uma apreciação da moeda brasileira, que viria através da redução do risco país. Porém, o espaço para uma apreciação mais significativa parece ter diminuído mais recentemente, diante dos novos elementos do cenário externo e do menor dinamismo da economia doméstica. 

Diante disso, o banco revisou recentemente a projeção para o câmbio no final deste ano, para uma taxa de R$/US$ 3,80. Ao longo dos próximos anos, a retomada do crescimento e a diminuição da percepção de riscos da economia brasileira diante do encaminhamento das reformas fiscais podem impulsionar fluxos de capitais ao país, contribuindo para uma apreciação do real. A perda do grau de investimento custou caro em termos de fluxos de capitais, lembra o banco. Sem grau de investimento, o risco Brasil é dos mais elevados do mundo, excetuando a Venezuela, declarada em estado de default e da Argentina. 

Com o avanço da agenda de reformas, há espaço para queda do risco país e melhora do rating, nos aproximando de outros emergentes e, com isso, contribuir para diminuir o descolamento que temos em relação a nossos pares.

Mas a observação do rattings dos riscos de cada país listado pelo Bradesco deixa claro que uma eventual aceitação do Brasil como membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), recomendada pelos Estados Unidos e endossada semana passada pelo Reino Unido, segundo nota do embaixador Britânico no Brasil, na semana passada, pode ser um fator de sustentação do real. 

Não tanto pela carteirinha da OCDE, mas porque a aceitação no “clube dos ricos”, atualmente integrado por 36 países, pressupõe sólidos indicadores econômicos e sociais do país e o reconhecimento de seu status político e estratégico.

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(Foto: Bloomberg, S&P, Bradesco)

Criada nos anos 1960, a organização promove políticas econômicas e conecta governos e indústrias para a troca de experiências e soluções para o desenvolvimento econômico. O Brasil havia formalizado um pedido para se juntar à OCDE em 2017, e a expectativa era que o processo de admissão corresse rapidamente. No entanto, por falta de acordo entre os países membros e o número de elevado de postulantes, a tramitação corre devagar. A Colômbia solicitou adesão em 30 de maio de 2018 e está na lista de espera. A Costa Rica pedi admissão em 2013, que ainda não foi homologada. As últimas adesões foram da Letônia (2016) e Lituânia (2018).

A OCDE tem hoje os seguintes membros: Irlanda, Estônia, Áustria, Austrália, Bélgica, Islândia, Polônia, Dinamarca, Alemanha, França, Finlândia, Coreia do Sul, Luxemburgo, Canadá, República Tcheca, Países Baixos, Estados Unidos, Noruega, Reino Unido, Portugal, Japão, Suécia, Suíça, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Grécia, Nova Zelândia, Hungria, Israel, Itália, Letônia e Lituânia. Na América Latina, só México (1994, quando entrou na ALCA) e Chile (2010) têm carteirinha.

Brasil e Índia (que também postula) teriam ganhos no fortalecimento de suas moedas e redução na percepção de risco. Mas o primeiro-ministro, Narendra Modi, que acaba de vencer as eleições, reluta em abrir mão de tratamento preferencial na Organização Mundial de Comércio, como nação em desenvolvimento e ganhar o status de economia mais desenvolvida e perder certas tarifas preferenciais na OMC. O governo Bolsonaro está mais fascinado pelas benesses da “carteirinha” sem medir os ônus da perda de tratamento preferencial.

Bloomberg, S&P, Bradesco -
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