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As multinacionais e seus bancos no Brasil

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Ao fazer o levantamento do capital estrangeiro no Brasil, o Banco Central já revelou a forte participação dos empréstimos inter companhias, que o BC registra como investimento direto disfarçado. Não se trata de um empréstimo resgatável, mas de uma linha de crédito estendida pela matriz à filial brasileira para tocar seus negócios. O que se revela uma grande fonte de lucros, dado o diferencial – para mais – entre os juros praticados no Brasil e na matriz das filiais brasileiras.

Os ganhos são expressivos mesmo com juros baixos. Lembra um velho samba-bolero do saudoso Jamelão “Matriz e filial”. Todos ganham nas operações. Uma consulta às taxas de juros para financiamento de automóveis, colhidas pelo Banco Central entre os dias 1º e 5 de abril, mostra que as filiais das montadoras de automóveis e máquinas agrícolas e industriais instaladas no Brasil cobram as menores taxas do mercado nos financiamentos a pessoas físicas.

A alemã Mercedes-Benz, que comanda o mercado de caminhões e ônibus no Brasil tinha as menores taxas de financiamento: 8,94% (a taxa Selic, que é o piso de captação está em 6,50% ao ano), seguido da sueca Volvo, líder entre os caminhões pesados e superpesados, com 12,46% a.a.

O Banco CNH, iniciais das fábricas de máquinas agrícolas e de construção Case e New Holland, vinha em 3º, com juros de 12,61% ao ano, que também financia caminhões da Iveco (Fiat). É possível, teoricamente, que os bancos também usem repasses do BNDES, como as linhas do Modernfrota, mas o grosso dos recursos vem mesmo de fora. As operações funcionam como uma espécie de Eximbank (banco de exportação e importação dos Estados Unidos, que financia os estrangeiros na compra, a prazo longo e juro baixo, de bens de capital americanos).

O BNDES atua assim também, mas os juros mais altos do Brasil prejudicam sua maior eficácia. Uma área em que o banco de fomento entrou e seu deu mal foi no apoio às obras das empreiteiras no exterior. Os escândalos não param de aflorar (mas essa é outra questão).

O banco brasileiro com menor juro no financiamento de veículos era o Bradesco, com 17,99% a.a., em 13º lugar, atrás do Rodobens (grande rede de consórcio, que opera com linhas do BNDES) e do consórcio SinoSerra, do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul. As francesas Renault e Peugeot Citroen (Grupo PSA), as também alemãs Volks e BMW, a americana GM e a japonesa Toyota integram a lista.

Financiamento de veículos (Taxas anuais %)
Banco Grupo Juro%
Financiadora Mercedes-Benz MB 8,94
Banco Volvo Volvo 12,46
Banco CNH Case/New Holland 12,61
Banco Scania Scania 12,79
Banco RCI Brasil Renault 13,00
Banco Volkswagem VW 14,08
Banco GMAC GM 14,19
Banco Toyota Toyota 14,79
Banco BMW BMW 15,30
Banco PSA Finance PSA 15,31
Banco Rodobens Rodobens 16,18
Sinoserra Financeira Sinoserra 17,53
Banco Bradesco Bradesco 17,99
Fonte: Banco Central