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A redenção de Sergipe com o petróleo do mar

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A confirmação nesta segunda-feira (22), pela Petrobras, da existência de um promissor campo de petróleo e gás em águas profundas na área de Moita Bonita, em profundidade de 2,629 metros de lâmina d’água, a 80 km de Aracaju, cria perspectivas de que a bacia marítima de Sergipe-Alagoas surja como um novo polo produtor de petróleo e gás.

Não será uma nova Bacia de Campos – que sustentou a produção brasileira de petróleo durante mais de três décadas, até a descoberta do pré-sal, com existência dupla de gigantescas reservas de gás e petróleo (em Campos havia muita menos gás que petróleo). O Poço 3 SES-192 (na nomenclatura da Petrobras) tem uma reserva com coluna de gás de 39 metros de espessura, a 5.227 metros de profundidade e uma espessura de 24 metros de óleo.

A título de comparação, os campos gigantescos da Bacia de Santos, como Urucu, possuem espessura de petróleo de mais de 800 metros (o Corcovado tem 710 metros e a estátua do Cristo, mais 38 metros). Mas, a descoberta confirma a teoria da geologia da separação da América do Sul e a África. Sergipe se encaixaria na área costeira da Nigéria, maior produtor africano, à frente de Angola, que se encaixaria na região da Bacia de Santos. A Bacia de Campos corresponderia à área petrolífera de Senegal e Guiné Equatorial.

Esse é o quinto poço de extensão na área de Moita Bonita, cuja descoberta foi comunicada em agosto de 2012. Mas, muito além disso, veteranos da Petrobras lembram da polêmica ocorrida nos anos 60 em torno de Carmópolis, o primeiro poço marítimo descoberto nas costas de Sergipe. Depois de muita celeuma, que dividiu até os militares, que sempre tiveram muita influência na Petrobras devido à importância estratégica que a distribuição de combustível adquiriu durante a 2ª Guerra Mundial, quando o país teve cortado o suprimento de combustíveis.

Carmópolis foi deixado de lado, perdendo o protagonismo para o campo de Guaricema, onde, em 1968, a estatal produziu pela primeira vez petróleo na plataforma continental. Sem dúvida, Guaricema funcionou como laboratório para exploração de petróleo no mar. Com a descoberta do petróleo em Campos, em agosto de 1974, quando os preços internacionais do petróleo tinham triplicado e o país produzia apenas 15% de suas necessidades, todos os esforços foram concentrados na Bacia de Campos, que começou a produzir para valer na década de 80 em diante. Hoje, com a tecnologia avançada, um campo do pré-sal da Bacia de Santos produz de 600 a 800 mil barris-dia cerca de quatro a cinco anos após a primeira descoberta.
A Petrobras é a operadora do consórcio (75%) que explora Moita Bonita, em parceria com a indiana Oil and Natural Gas Corporation Limited (ONGC), dona de 25% do campo e dará continuidade às atividades operacionais de avaliação do poço, incluindo a realização de um teste de formação. Os trabalhos de perfuração foram feitos por plataforma da americana Transocean.

Várias outras companhias operam na Bacia Sergipe-Alagoas, como a Queiroz Galvão. A Petrobras tem mais de 20 plataformas atuando na área. A produção no estado de Alagoas é basicamente terrestre, com destaque para a produção de gás. O único campo marítimo da bacia localizado nesse estado é o de Paru.

Pasadena, a ruivinha terrível

A refinaria de Pasadena, no Texas, um dos piores negócios já feitos pela Petrobras, quando a ex-presidente Dilma, já como chefe da Casa Civil, presidia seu Conselho de Administração, foi vendida em janeiro à americana Chevron, por US$ 350 milhões. Mesmo tendo sido comprada por praticamente US$ 1 bilhão, depois de tantas brigas judiciais com a belga Astra Oil, seria um bom negócio, dado o estado de conservação da usina, que em 3006 ganhou o apelido de ruivinha, de tanta ferrugem nas instalações de refino e tanques de armazenamento (a refinaria tinha capacidade de refinar 112 mil barris-dia).

Mas, antes da Páscoa, a Chevron informou à Petrobras que quer provas de que a refinaria de Pasadena está funcionando como prometido na venda em janeiro. Ou seja, quer provas de sua eficiência. O mínimo que a Petrobras e Dilma não fizeram há 13 anos.