O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Bradesco ainda vê queda da Selic em janeiro

Publicado em 16/12/2025 às 12:22

Alterado em 16/12/2025 às 12:22

Ao analisar a Ata da Reunião do Copom de 10 de dezembro, quando a Selic foi mantida em 15% ao ano, o departamento de Pesquisas Econômicas do Bradesco, de onde saiu há um ano o diretor Tesoureiro, Nilton Davi, para ser diretor de Política Monetária do Banco Central, considera que a Ata trouxe uma reavaliação que confirma que a política monetária conservadora está redirecionando a inflação para o centro da meta (o fim do ano já coloca o IPCA abaixo do teto, de 4,50%).

E acrescenta o Bradesco: “O quadro descrito pelo Comitê (de Política Monetária do Banco Central) está alinhado à nossa leitura da conjuntura, não sinaliza explicitamente o início imediato do ciclo de cortes, mas mantém aberta a possiblidade de corte em janeiro, como previsto em nosso cenário”. Assim o banco espera “uma redução inicial de 0,25 ponto percentual na Selic, encerrando 2026 em 12,0%”. A Pesquisa Focus divulgada ontem não prevê queda em janeiro e aposta numa Selic final em 12,25% em 2026.

A avaliação do Bradesco

“O Banco Central atualizou sua avaliação da conjuntura econômica, apontando que vários fatores indicam um cenário mais positivo para a inflação, sinal de que a estratégia adotada pelo Copom tem sido bem-sucedida”.

“O cenário internacional se mostra menos incerto. Embora persistam desafios relevantes de longo prazo, o quadro atual da economia global é caracterizado por condições financeiras favoráveis e preços de commodities contidos”.

“A desaceleração da atividade econômica está em linha com o esperado pelo Copom e, mais importante, o consumo perdeu força — fator fundamental para a redução da inflação. No debate sobre o mercado de trabalho, o comitê concluiu que “há sinais incipientes de desaquecimento”, observando uma inflexão na ocupação que só não elevou a taxa de desemprego devido à redução na taxa de participação. Além disso, foram mencionados fatores estruturais atuando no mercado de trabalho, capazes de alterar os níveis de equilíbrio”.

“O BC manteve a avaliação de que expectativas de inflação desancoradas representam um custo para o processo de desinflação e exigem política monetária restritiva. No entanto, retirou a afirmação anterior de que essa “desancoragem” é um fator de desconforto para todos os membros e deva ser combatida. Nossa interpretação é que as expectativas seguirão sendo monitoradas com cautela, mas não serão um impeditivo para o início do ciclo de afrouxamento monetário”, assinala o Bradesco.

“O documento destaca que a dinâmica inflacionária está melhor do que se previa no início do ano, com contribuição determinante da política monetária, ainda que a inflação siga pressionada pela demanda”.

“Afirma ainda que a manutenção da taxa Selic em 15% por período prolongado seria adequada para fazer a inflação convergir à meta “nesta reunião”. A inclusão desse termo sugere que o Comitê seguirá dependente dos dados e reavaliará sua estratégia a cada encontro para definir a taxa de juros”.

A política monetária prolongada

Discordo da maioria das interpretações sobre a afirmação do Copom (quase um salmo de Bíblia de que a “a manutenção da política de juros elevados é adequada” seja uma sentença peremptória de que os juros continuarão imexíveis em janeiro.

Trata-se, antes de tudo, de uma reafirmação de princípios, uma reiteração das posições ortodoxas do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, que participou da última reunião do Copom (seu mandato termina em 31 de dezembro, junto com o de Rodrigo Brito Gomes). A próxima reunião é em 27 e 28 de janeiro, e a de março, nos dias 17 e 18.

Síntese do Bradesco: “A ata da última reunião do Copom trouxe uma reavaliação relevante do cenário, transmitindo maior confiança na eficácia da estratégia adotada até agora para colocar a inflação na trajetória de convergência à meta. O quadro descrito pelo Comitê está alinhado à nossa leitura da conjuntura, não sinaliza explicitamente o início imediato do ciclo de cortes, mas mantém aberta a possiblidade de corte em janeiro, como previsto em nosso cenário. Esperamos uma redução inicial de 0,25 ponto percentual na Selic, encerrando 2026 em 12,0%”.

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