O OUTRO LADO DA MOEDA
Focus: IPCA OK; Selic pode cair 0,50% em março
Publicado em 15/12/2025 às 14:44
Alterado em 15/12/2025 às 14:44
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A pesquisa Focus do Banco Central colhida sexta-feira junto ao mercado financeiro e divulgada hoje confirmou a inflação em declínio: a previsão do IPCA em 12 meses em dezembro baixou de 4,40% para 4,36% (4,35% na mediana dos últimos cinco dias), ficando dentro do teto da meta (4,50%). Apesar da inflação comportada e em declínio até 3,1% em meados de 2027, a má notícia é que o mercado não prevê queda da Selic (15% ao ano) na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, em 28 de janeiro.
Mantida a Selic e se a projeção do IPCA se confirmar, o juro real encerra 2025 em 10,2%, descontada a inflação. Para janeiro o mercado espera um repique da inflação (ela foi de 0,16% em janeiro, mas ficaria em 0,41% em 2026. Em compensação, em fevereiro haverá forte queda na taxa em 12 meses, pois fevereiro de 2025 teve alta de 1,31% devido à pressão dos reajustes das mensalidades escolares e a previsão para 2026 é de uma taxa de 0,54% a 0,53%, o seja uma baixa pela metade, no mínimo.
Assim, se o Copom for cauteloso em janeiro, esperando ver o impacto da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil e o comportamento do mercado de trabalho após o Natal (os efeitos do vendaval em São Paulo estragaram o movimento de vendas da sexta-feira 12 de dezembro e no fim de semana), diante dos sinais de arrefecimento da economia, o quadro que o Copom enfrentará em 18 de março será bem pior.
Por isso, o Santander já considera que se o Copom pedir mesa em janeiro, cresce a possibilidade o primeiro movimento de baixa da Selic em março seja de um corte de 0,50%, com a taxa caindo para 14,50%. Eu considero isso uma estupidez. O Copom deve ter confiança nos indicadores e intervir rápido.
IBC-Br mostra economia fraca em outubro
O Banco Central divulgou hoje o IBC-Br de outubro, que funciona para a autoridade monetária como uma prévia do PIB, apurado pelo IBGE. Depois de variar apenas 0,1% no 3º trimestre (julho a setembro), os indicadores da economia no primeiro mês do 4º e último trimestre, são bastante fracos.
De acordo com o IBC-Br, outubro teve queda de 0,2% no índice dessazonalizado, devido à contração de 0,2% em Serviços e de 0,7% na Indústria. Por pesar pouco no PIB (7%), a Agropecuária, ao crescer 3,1%, puxada pela safra de milho, não foi capaz de atenuar o resultado negativo. O setor de Serviços tem peso de 65% e é o termômetro da economia.
O setor de serviços é também o maior empregador. Por isso e por haver expectativa de que o novo salário-mínimo R$ 1.621, junto com o alívio no IR, movimente a economia, o Copom estaria cauteloso para medir seus passos.
Amanhã, o Banco Central divulga a Ata da reunião do Copom de 10 de dezembro. Na próxima quinta-feira, 18, o BC divulga as projeções do Relatório de Política Monetária (o antigo Relatório Trimestral de Inflação). O nome mudou, mas os erros exagerados nas projeções do mercado e do BC em relação à inflação (sempre prevendo mais do que o registrado), do PIB (sempre menor do que o efetivo) e da balança comercial e contas externas (este ano, com o tarifaço, os erros são desculpáveis - o dólara voltou a cair 0,40% hoje ante o real, cotado a R$ 5,3990 ) tornam o RPM uma coletânea de erros.
Mas o fato é que as previsões exageradas levaram o Banco Central a manter os juros mais altos e por mais tempo do que era aconselhável. O resultado foi um gasto astronômico com juros, que travou a economia a acentuou a concentração de renda para os ricos rentistas e o sistema financeiro.