O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Serviços rateiam e indicam PIB 0% no trimestre

Publicado em 12/12/2025 às 14:32

Alterado em 12/12/2025 às 14:32

Ministro Haddad: 'Excesso de desregulamentação no mercado financeiro' Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A receita real de serviços da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE avançou 0,3% em outubro, em linha com as expectativas. Mas, na comparação com o outubro de 2024 o crescimento de 2,2%, ficou abaixo dos 3,1% projetados pelo Bradesco e dos 2,8% da mediana do mercado. O setor de Serviços representa mais de 65% do PIB e a PMS corresponde a cerca de 40% do PIB de Serviços.

Para o Bradesco, a surpresa negativa da variação interanual foi disseminada entre as atividades pesquisadas. Com alta de apenas 0,4% no ano, os serviços prestados às famílias aumentaram apenas 0,1% em relação ao mês anterior. Serviços profissionais e administrativos tiveram queda de 0,2% na comparação anual, ficando também praticamente estáveis no mês-a-mês. Do lado positivo, destaque apenas para serviços de informação, com alta interanual de 5,7% e de 0,3% entre setembro e outubro.

A PMS reponderada pelos pesos do PIB indica alta de 0,1% dos serviços em outubro. O resultado gera um carregamento estatístico de 0,7% para o 4º trimestre, desacelerando em relação ao crescimento de 1,2% exibido no 3º trimestre. Na avaliação do Bradesco, “os serviços acumulam nove meses consecutivos de aumento da receita real, acumulando alta de 3,7% nesse período e levando o nível da atividade a uma nova máxima histórica. No entanto, na comparação com outubro do ano passado o resultado foi bastante fraco. Ao reponderarmos a série pelos pesos do PIB, encontramos apenas ligeira alta no mês, reforçando nossa previsão de um PIB próximo à estabilidade no 4º trimestre”.

BC pode excluir 30 empresas do Pix

O Pix, sistema de pagamentos e transferências eletrônicas automáticas de recursos, criado pelo Banco Central em novembro de 2020, bateu o recorde de transações na última sexta-feira, 5 de dezembro, com 331 milhões e 339,8 mil transações. E tudo indica que a duas semanas do Natal, deve bater novo recorde hoje. Mas, estranhamente, sumiu o quadro diário em que o portal do Banco Central indica quais instituições financeiras e “fintechs” estão credenciadas a operar o Pix.

É verdade que a imensa maioria dos usuários já tem um banco ou “fintech” com a qual opera, mas a ausência do quadro diário pode confirmar a crítica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que em entrevista ao jornal “O Globo” admitiu que houve um excesso de desregulamentação no mercado financeiro brasileiro no governo Bolsonaro (incluindo a Comissão de Valores Mobiliários e o Banco Central, sob o comando de Roberto Campos Neto).

Campos Neto, em cuja gestão nasceu o Pix (concebido na gestão de Ilan Goldfajn, no governo Temer), reduziu exageradamente -ao ampliar a liquidez do sistema financeiro na pandemia, para irrigar de recursos a economia, com os cortes nos recolhimentos compulsórios - os níveis prudenciais de capital e reservas X alavancagem. Se o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que a Câmara dos Deputados “virou uma esculhambação”, a redução dos limites prudenciais abriu espaço para a “esculhambação” no Sistema Financeiro Nacional. Os maiores exemplos são o Banco Master e a proliferação de “fintechs” que não prestam informações à Receita sobre movimentação financeira e podem atuar na lavagem de dinheiro para o crime organizado.

O Banco Central de Gabriel Galípolo demorou um pouco a puxar os cordéis de controle do SFN (o flanco da CVM também está em aberto, com a falta de nomeação do presidente desde junho, e de dois diretores). Mas resolveu ampliar os níveis de capitalização do SFN e das “fintechs” e ainda antecipou de maio para março de 2026 os pedidos de enquadramento dos participantes do Pix. São mais de 900 já autorizados (mas que terão de apresentar planos de aumento de capital) e três dezenas que estavam na fila de credenciamento.

O Banco Central já anunciou que quem não for Banco Múltiplo, Comercial, de Câmbio ou Banco Cooperativo não poderá usar o “slogan” Banco ou Bank e seus corruptelas em inglês. Isso afeta a Nu Pagamentos, uma instituição de pagamentos. Mesmo com mais clientes do que o Itaú, o banco eletrônico está tratando de se enquadrar às normas. Mas nem todos vão conseguir fazer o mesmo. Como já disse várias vezes por aqui, há mais de duas dúzias de “fintechs” que podem ser forçadas a tirar o “marketing” enganoso.

No dia 4 de dezembro o Banco Central realizou o Forum Pix para explicar o endurecimento dos requisitos de segurança e que obrigam participantes indiretos a firmarem novos contratos, para garantir confiabilidade e transparência, pois parte dessas instituições se tornou um elo frágil na cadeia de segurança do sistema, segundo Bárbara Félix, coordenadora de Direito Bancário do Marcelo Tostes Advogados.

Em seus cálculos, ao endurecer as exigências de segurança e governança no ecossistema do Pix. O Banco Central pode excluir 31 empresas que ainda não se adequaram às novas regras. A decisão ganha força depois de uma série de ataques cibernéticos gerar um prejuízo estimado em R$ 1,5 bilhão, revelando fragilidades especialmente entre os chamados participantes indiretos - instituições que operam no Pix sem autorização própria e dependem de parceiros para liquidar suas transações.

Segundo a ata do Fórum Pix, outras 39 empresas já migraram para o novo padrão, que exige a entrega de um formulário completo de avaliação de risco, contendo dados de movimentações, valores sob custódia e outras informações sensíveis que permitem ao BC avaliar solvência e controles internos. A partir da resolução publicada em 5 de setembro, só instituições com robusta capacidade de gestão e segurança podem atuar como responsáveis por terceiros, o que retirou das cooperativas de crédito o direito de tutelar participantes indiretos. As empresas que ainda estão em desacordo precisam firmar um novo contrato com um participante direto até 4 de março. Caso não encontrem um parceiro que cumpra os requisitos de risco e compliance, serão automaticamente excluídas do sistema.

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