O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Selic mantida em 15% valoriza o real

Publicado em 11/12/2025 às 15:07

Alterado em 11/12/2025 às 15:07

. Reprodução

A manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, mesmo após o Federal Reserve Bank reduzir em mais 0,25% o piso dos juros nos Estados Unidos, agora na faixa de 3,50% a 3,75% ao ano, o que elevou o diferencial de juros entre os dois países para o recorde de 11,25% nesta década, provocou forte valorização do real ante o dólar, bem acima à dos principais pares de moeda.

De acordo com as cotações às 11:30 (horário de Brasília), o euro valorizava 0,40% no dia e 0,88% na semana. O dólar caía ante o franco suíço 0,66% no dia e 1,14% na semana. Em relação ao iene a queda do dólar era de -0,55% no dia e -0,03% em uma semana. Já o dólar tinha queda de -0,99% frente ao real, às 11:45, cotado a R$ 5,4195, devolvendo parte dos ganhos com a turbulência nos mercados após a indicação do senador Flávio Bolsonaro como candidato do PL.

Bradesco e Itaú esperam queda da Selic em janeiro

O mercado financeiro ficou dividido quanto aos próximos passos do Comitê de Política Monetária do Banco Central, após o Comunicado do Copom sobre a reunião que manteve a Selic em 15% mencionar a necessidade de juros altos por tempo prolongado para levar a inflação ao centro da meta. A consultoria 4Intelligence, depois de analisar o IPCA de 0,18% em novembro, previu 0,38% em dezembro. Como a taxa foi de 0,52% no mesmo mês de 2024, isso levaria a taxa do IPCA em 12 meses (4,46% em novembro) para 4,31%.

A consultoria manteve a expectativa de a Selic cair para 14,75% em 18 de março. E justificou: “surpreendeu a manutenção da sinalização prospectiva de "manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado", com ajuste sutil na redação: a estratégia passou a ser considerada "adequada" (antes, "suficiente") para garantir a convergência da inflação à meta. Além disso, foi utilizada a expressão "em curso" para qualificar a estratégia atual, o que pode ser interpretado como um reconhecimento do período em que a taxa de juros está em 15%. (...) a comunicação praticamente idêntica à anterior não dá um sinal claro quanto aos próximos passos do Copom”. Assim, “nossa expectativa para o início do ciclo de flexibilização continua para março, mas temos de aguardar a ata da reunião e o Relatório de Política Monetária que trarão informações relevantes sobre o cenário do Copom”.

Para o departamento de Pesquisa Econômica do Bradesco, de onde saiu como diretor de Tesouraria o atual diretor de Política Monetária (Dipom) do BC, Nilton Davi, “a decisão do Copom era amplamente esperada. As pequenas mudanças no comunicado, em especial a redução na projeção de inflação para 3,2%, [no 1º semestre de 2027] indicam espaço para que o BC inicie o ciclo de corte de juros a partir da próxima reunião do Copom, se as condições de contorno estiverem similares ao momento atual”. O Bradesco espera que “o Banco Central reduza a Selic em 0,25 ponto percentual em janeiro e que a taxa termine 2026 em 12,0%”. [O Itaú também espera redução em janeiro, mas reduz a queda a 12,75% no final de 2026].

O BC, diz o Bradesco, segue com a estratégia de manutenção da “taxa de juros por período bastante prolongado”. As frases-chave da comunicação foram mantidas. Mas, é importante lembrar que o presidente do BC afirmou recentemente, em evento público, que o “período bastante prolongado” começou a valer desde o 2º semestre. No comunicado, o Copom afirmou que “como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste”. Para o Bradesco, a adição da expressão “como usual”, (...) “retira o foco do ciclo atual”.

Considero que o Copom emitiu sinais dúbios por preciosismos do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, que pode ter tido a última participação no Copom, junto com Renato Brito Gomes (de Organização) - os mandatos expiram em 31 de dezembro. Os dois substitutos devem ser indicados ainda esta semana para o Senado aprová-los antes do recesso (19 de dezembro)> Caso contrário, os mandatos se prolongariam até o retorno dos trabalhos do Legislativo em fevereiro de 2026 (já ocorreu com Bruno Serra, do Dipom).

Por sinal, o presidente Gabriel Galípolo e Diogo Guillen farão a apresentação à imprensa do Relatório Trimestral de Política Monetária na próxima quinta-feira, 18 de dezembro, com as projeções macroeconômicas até o terceiro trimestre de 2027.

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