O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Programas sociais reduzem fosso da escravidão

Publicado em 03/12/2025 às 15:17

Alterado em 03/12/2025 às 15:17

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Passados 136 anos da abolição da escravatura, sem que fosse dado acesso à terra (o meio de produção da época) aos escravos libertos, as desigualdades se concentram no contingente de autodeclarados pretos ou pardos, que atingiu 55,5% no Censo 2022 do IBGE. Segundo o IBGE, o Brasil tem o segundo pior contingente de desigualdade de renda medido pela OCDE, que compara a renda dos 20% mais ricos (11 vezes superior) à dos 20% mais pobres. O pior índice é da Costa Rica: 12,3 vezes dos mais ricos sobre os mais pobres.

A situação do Brasil seria muito pior sem os programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada. Pelos dados do IBGE, de 2012 a 2024, os números pioram no governo temer e atingem o auge, em 2021 no governo Bolsonaro, sob o impacto da pandemia da Covid-19, quando, tanto o contingente da população na linha da pobreza (US$ 6,85 por mês, segundo o conceito de paridade do poder de compra) quanto o de extrema pobreza (US$ 2,15 PPC) bateram o recorde.

Os dados já melhoram em 2022, quando, por interesses eleitorais, o Auxílio Emergencial foi elevado de R$ 300 para R$ 600 e foram distribuídas mesadas de R$ 1 mil para caminhoneiros e taxistas. A situação seguiu evoluindo em 2023 e 2024. Em relação ao pico de 2021, nada menos que 11,532 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza e 28,029 milhões da pobreza.


Entre 2023 e 2024, a proporção da população do país na pobreza (US$ 6,85 PPC ou R$ 694 por mês) recuou de 27,3% em 2023 para 23,1%, uma redução de 4,2 pontos percentuais (ou menos 8,6 milhões de pessoas na pobreza). Já a proporção de pessoas na extrema pobreza (US$ 2,15 PPC ou R$ 218 por mês) recuou de 4,4% para 3,5%, uma redução de 0,9 ponto percentual, ou menos 1,9 milhão de pessoas nessa situação.

Sem os programas sociais, contudo, a fatia de pessoas na extrema pobreza subiria de 3,5% para 10,0% da população, enquanto a da pobreza subiria de 23,1% para 28,7%.

A importância das aposentadorias

Cerca de 25,8% das pessoas de cor ou raça preta e 29,8% das pessoas pardas eram pobres. Na população branca a proporção era de 15,1%. Na população idosa (60 anos ou mais), sem aposentadorias e pensões, a extrema pobreza no grupo saltaria de 1,9% para 35,2% e a pobreza, de 8,3% para 52,2%.

Na população ocupada do país, os pobres eram 11,9%. Já entre os desocupados, a pobreza atingia 47,6%. A importância do emprego pode ser medida pelo fato de que menos de 0,6% das pessoas ocupadas eram consideradas extremamente pobres; entre os desocupados a extrema pobreza foi a 13,7%.

Em 2024, a pobreza foi maior entre os trabalhadores sem carteira assinada (20,4%) e por conta própria (16,0%), e menor nos trabalhadores com carteira assinada (6,7%). A agropecuária tinha 29,3% dos trabalhadores na pobreza (menos de US$ 6,85 por mês), os serviços domésticos concentravam 22,9% e o setor de administração pública, saúde e serviços sociais apenas 4,6%.

Mercado de trabalho guia juros nos EUA e Brasil

A uma semana da decisão do Federal Reserve sobre juros, na tarde de 10 de dezembro, mais de três horas antes da decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), a consultoria 4Intelligence considera em seu cenário semanal que o Fed deve baixar em 0,25 pontos o nível dos juros, mas o Copom ainda espera mais sinais de arrefecimento (a Black Friday não foi um estouro e podem haver demissões e massa no comércio pós Natal) para decidir se baixa a Selic em 28 de janeiro ou a 14,75% em 18 de março.

Penso que a situação mudará tanto até março que o corte seria de 0,50%

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