O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Mercado vê inflação dentro do teto

Publicado em 27/10/2025 às 13:55

Alterado em 27/10/2025 às 13:55

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A pesquisa Focus do Banco Central trouxe como novidade, depois da baixa da alimentação em outubro na prévia da inflação no IPCA-15 e da redução de 4,9% da gasolina nas refinarias, a redução na projeção do IPCA para 4,56$ na mediana do mercado e para 4,53% na mediana das respostas dos últimos cinco dias úteis. O teto da meta é 3,00%+tolerância de 1,50%=4,50%. O Bradesco já prevê 4,5%, desde o começo do mês, e a 4Intelligence também revisou sua projeção para 4,5%.

Apesar da desaceleração da inflação (a 4Intelligence reduziu a previsão do iPCA cheio de outubro, que o IBGE divulga dia 11 de novembro de 0,18% para 0,10%), o mercado não espera que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduza a taxa Selic, fixada em 15,00% ao ano desde junho, ainda este ano. O Federal Reserve Bank, reúne seu comitê de “open market” amanhã e quarta, quando deverá reduzir os juros em 0,25% para a faixa de 3,75% a 4,00%.

O Copom se reúne dias 4 e 5 de novembro, mas o mercado espera só ler alguma sinalização nas entrelinhas do comunicado, sem alteração na Selic. Para o mercado, a primeira baixa na Selic viria na reunião do Copom de 28 de janeiro 2026. Eu já vejo espaço mais do que claro, face ao aumento do diferencial de juros entre o Brasil (mantida a Selic em 15%) e os Estados Unidos (que deve reduzir novamente os juros em 0,25% em dezembro), que reduziria o dólar (contando com boas notícias no “front” das negociações tarifárias) de a taxa poder ser reduzida em 0,25% em 10 de dezembro.

O mercado crava a primeira baixa da Selic para 28 de janeiro, fechando o ano em 12,25%, enquanto o IPCA ficaria em 4,20% (cedendo de 4,27%).

A avaliação da 4Intelligence

“O IPCA-15 cedeu para 0,18% em outubro (ante 0,48% em setembro), atingindo variação acumulada em 12 meses de 4,94%. A desaceleração do IPCA-15 em outubro resultou basicamente da queda de energia elétrica, findos os impactos do pagamento do Bônus de Itaipu e com a alteração da bandeira tarifária de vermelha 2 para vermelha 1. Bens industriais também contribuíram nessa direção com recuos de bens duráveis, vestuário e cuidados pessoais, tendo como contraponto a alta relevante de etanol. Mas foram observados avanços em Alimentação no domicílio com quedas menos intensas de produtos “in natura” e carnes e alta de óleos e gorduras. Serviços voltaram a acelerar com a reversão de sinal de passagens aéreas e cinema, menor queda de seguro voluntário de veículo, e altas de aluguel e empregado doméstico”.

“A média do conjunto de núcleos acompanhado pelo BC veio abaixo das expectativas de mercado em 0,22% (mensal) e 4,88% (12 meses). A média móvel de três meses dessazonalizada e anualizada da média dos núcleos voltou a ceder ao passar para 3,7% ante 4,1% em setembro. Serviços ex-passagem aérea permaneceram em 5,9%, ao passo que Serviços intensivos em trabalho voltaram a subir, passando de 5,9% para 6,8% nessa métrica. Já Serviços subjacentes cederam novamente, ao passar de 5,1% para 4,9% na média móvel de três meses dessazonalizada e anualizada”.

“Em novembro, o IPCA poderá acelerar ligeiramente com pressões altistas de alimentos e Serviços, que deverão ser em parte compensadas pelo recuo esperado de Bens industriais em virtude das promoções típicas do mês, de nova retração de Preços administrados (energia elétrica pode ter bandeira amarela), e à gasolina, repercutindo a redução nas refinarias.

“Em dezembro, o IPCA deverá subir com mais força, impulsionado por Alimentação no domicílio, Serviços (aumento de passagens aéreas e pressões sazonais em serviços pessoais) e Bens industriais, com o fim de promoções. Em Preços administrados contamos com a manutenção da bandeira amarela”.

Se clima ajudar IPCA fica abaixo do teto

Para 2025, a projeção da 4Intelligence “cedeu de 4,7% para 4,5% com a incorporação da queda da gasolina e nova rodada de ajustes para baixo nas previsões para Alimentação no domicílio e de Serviços. A projeção para o ano considera a premissa de bandeira amarela em dezembro”.

O clima, com a entrada das chuvas da primavera (atrasadas) pode alterar, para melhor, as expectativas: “Caso as condições hídricas ao final do ano sejam mais benignas e possibilitarem o acionamento da bandeira verde em dezembro (impacto de -0,10pp), o IPCA poderá encerrar o ano abaixo do teto da meta de inflação”, alerta a 4Intelligence.

Por que a Selic não baixa?

Apesar dos ventos favoráveis (inclusive com bons fluidos do encontro Lula e Trump na Malásia), a consultoria não projeta mudanças na Selic este ano:

“Do ponto de vista da política monetária, o IPCA-15 trouxe mais boas notícias para o Copom: a continuidade da desaceleração na margem da inflação subjacente, inclusive no segmento de serviços, a redução da projeção de IPCA para outubro e a expectativa de que a inflação ficará no teto no fim do ano. Além disso, surpresa positiva com o IPCA-15 pode ensejar novas quedas das expectativas do IPCA na Pesquisa Focus”. [o que ocorreu].

“Em suma, estes resultados mostram que a estratégia atual do BC tem sido bem-sucedida em conter a inflação. Entretanto, o nível atual da inflação subjacente ainda é elevado, o que justifica a continuidade do atual nível da taxa Selic”. O Bradesco, de onde saiu como diretor de Tesouraria o diretor de Política Monetária do Banco Centra, Nilton Davi, manteve a Selic em 15% este ano, mas aposta em uma baixa um ponto maior para 2026, a 11,25%. O Santander espera 12.50% em dezembro do ano que vem.

Recordes na Petrobras

O balanço operacional da Petrobras no 3º trimestre (os dados econômicos-financeiros saem dia 6 de novembro) foram espetaculares e o mercado já está estimando a distribuição de US$ 2 bilhões em dividendos para o período.

Produção total operada no período foi de 4,54 milhões de boed (recorde anterior de 4,20 milhões de boed no 2º trimestre), sendo de 3,14 milhões de boed a produção própria (recorde anterior de 3,02 milhões de boed no 4º trimestre de 2019).

A produção total operada no pré-sal no 3º trimestre foi de 3,88 milhões de boed (recorde anterior de 3,62 milhões de boed no 2º). A produção total própria no pré-sal no 3º trimestre foi de 2,56 milhões de boed (recorde anterior de 2,41 milhões de boed no 2º trimestre desde ano).

As plataformas do campo de Búzios romperam a marca de produção operada de 900 mil bpd de óleo em 07 de outubro. A produção de óleo no pré-sal no 3º trimestre foi de 2.117 Mbpd, 6,6% superior à do trimestre anterior, com o atingimento da capacidade de projeto do FPSO Almirante Tamandaré, à manutenção do topo de produção (nominal do projeto) e posterior incremento da capacidade de produção do FPSO Duque de Caxias, além do ramp-up dos FPSOs Maria Quitéria e Alexandre de Gusmão.

O bom desempenho operacional dos campos dos pré-sal, através da gestão eficiente dos ativos existentes, também ajudou a aumentar a produção. Houve ainda, a entrada em operação de seis novos poços, sendo quatro na Bacia de Santos e dois na Bacia de Campos

Vendas de diesel e derivados

As vendas de derivados chegaram a 1.804 Mbpd no mercado interno. As vendas de diesel (804 Mbpd) tiveram crescimento de 12,2%, com o diesel S10 respondendo por 67,8% das vendas no trimestre e alcançando 68,4% em setembro, estabelecendo recordes trimestral e mensal, respectivamente.

O parque de refino reafirmou sua eficiência operacional e sustentou, mais uma vez, volumes expressivos de produção de derivados. O fator de utilização total (FUT) atingiu 94%, acima dos 91% registrados no trimestre anterior, refletindo o elevado aproveitamento das capacidades instaladas. A participação de óleo do pré-sal na carga das refinarias manteve-se alta no trimestre, alcançando 69%.

A produção de derivados alcançou 1.790 Mbpd, aumento de 3,5% frente ao trimestre anterior. A produção de derivados de alto valor agregado (diesel, QAV e gasolina) representou 69% do volume total no trimestre (68% no 2º reforçando a maximização de rentabilidade do parque).

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