O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Haddad: algo está errado no IR

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Publicado em 11/06/2025 às 13:54

Alterado em 11/06/2025 às 13:54

Ministro Haddad Foto: Agência Brasil

Em audiência na manhã desta quarta-feira (11) na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a medida proposta pelo governo para compensar a isenção do Imposto de Renda (IR) para ganhos de até R$ 5 mil.

Ele criticou o fato de que, atualmente, brasileiros com renda anual superior a R$ 1 milhão pagam, em média, apenas 2,5% de alíquota efetiva de IR. “Tem alguma coisa errada com o Brasil. Tem alguma coisa muito errada com esse país”, afirmou. O ministro explicou que o objetivo é aplicar um imposto mínimo de 10% apenas sobre quem não atinge essa alíquota na prática. “Se você ganha 1 milhão e paga 5%, você só tem que pagar mais 5%. Se você paga 8%, só paga mais 2%. Se você paga 11%, você não é afetado”, detalhou. A arrecadação obtida com essa mudança será usada para beneficiar cerca de 15 milhões de brasileiros. “Dez milhões que ganham até R$ 5 mil e cinco milhões que ganham de R$ 5 mil a R$ 7 mil”, disse.

O ministro também reiterou que a proposta cumpre promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que foi elaborada com base em estudos da equipe econômica ao longo de um ano. “Nós mandamos uma lei que cumpre uma promessa de campanha que não era só do presidente Lula, já estava presente em 2018”, afirmou.

Mas antes da audiência, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), resumiu a má vontade do Congresso, mais disposto a exigir sacrifícios dos gastos sociais a cortar privilégios ou taxar os altos rendimentos decorrentes do aumento dos juros: “Arrecadar sem cortar gastos não funciona” resumiu Motta, que já declarou que o maior desafio para o avanço do projeto que amplia a faixa de isenção do IR será encontrar uma “compensação justa” a fim de não prejudicar o país.

Ouro desbanca euro como moeda de reserva
O relato é do “Financial Times”: “O ouro ultrapassou o euro como o 2º ativo de reserva mais importante do mundo para bancos centrais, impulsionado por compras recordes e preços crescentes, de acordo com o Banco Central Europeu. O ouro em barras representou 20% das reservas oficiais globais no ano passado, ultrapassando os 16% do euro e ficando atrás apenas do dólar americano, com 46%, segundo relatório do BCE publicado nesta quarta.

“Os bancos centrais continuaram a acumular ouro em um ritmo recorde”, escreveu o BCE, acrescentando que, pelo terceiro ano consecutivo, os bancos centrais adquiriram mais de 1.000 toneladas de ouro em 2024, um quinto da produção anual global total e o dobro da quantidade anual na década de 2010. A reacomodação não afeta só o euro, mas revela a desconfiança sobre o dólar.

A opção da China pelo ouro, em vez do dólar como reserva, o que dificulta a rolagem da dívida pública dos EUA (US$ 36 trilhões), também pesou no “Acordo Quadro” sobre as tarifas. Por ora, só a disposição de um acordo. Faltam os importantes detalhes do que será taxado e com quanto, à parte a franquia aos estudantes chineses nas universidades americanas.

Segundo o FT, “o estoque de ouro mantido pelos bancos centrais em todo o mundo está se aproximando dos máximos históricos da era de Bretton Woods do pós-guerra”. Até 1971, as taxas de câmbio globais eram fixadas em relação ao dólar americano, que por sua vez podia ser convertido em ouro a uma taxa de câmbio fixa. As reservas de ouro dos bancos centrais, que atingiram o pico de 38.000 toneladas em meados da década de 1960, aumentaram novamente, atingindo 36.000 toneladas em 2024, de acordo com os últimos dados do BCE.

"Os bancos centrais em todo o mundo agora detêm quase tanto ouro quanto detinham em 1965", afirma o relatório do BCE. Os grandes compradores de 2024 incluíram Índia, China, Turquia e Polônia, segundo o World Gold Council.

Um aumento de 30% no preço do ouro no ano passado foi um dos fatores que contribuíram para o aumento da participação do ouro nas reservas internacionais globais. Desde o início do ano, o preço do ouro subiu mais 27%, atingindo a máxima histórica de US$ 3.500 por “onça troy” (31,1034768 gramas).

Embora o ouro não renda juros e seja caro para armazenar, é visto por investidores do mundo todo como o ativo mais seguro, altamente líquido e não exposto a riscos de contraparte nem a sanções. Nos últimos anos, os bancos centrais também têm tentado diversificar suas operações, afastando-se do dólar americano, em meio a preocupações com a instabilidade geopolítica e os níveis de endividamento dos EUA. A tendência de desdolarização se acelerou, especialmente entre os países em desenvolvimento, após a invasão russa da Ucrânia, quando os EUA vedaram o acesso da Rússia aos mercados financeiros, reconheceu o BCE.

“Em cinco dos 10 maiores aumentos anuais na participação do ouro nas reservas estrangeiras desde 1999, os países envolvidos enfrentaram sanções no mesmo ano ou no ano anterior”, mostrou a análise do BCE, acrescentando que “países que são geopoliticamente próximos da China e da Rússia” investiram mais em ouro do que outros nos últimos três anos.

Uma pesquisa entre 57 bancos centrais que detinham ouro em 2024 também revelou que preocupações com sanções, mudanças esperadas no sistema monetário global e o desejo de se tornar menos dependente do dólar americano foram os motivadores nos mercados emergentes e países em desenvolvimento. A correlação de longa data que mantinha o ouro mais barato quando os rendimentos reais de outros ativos aumentaram foi quebrada no início de 2022 (com o confisco dos ativos russos). Os investidores deram preferência à proteção contra riscos políticos do que um “hedge” contra a inflação.

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