O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Tarifaço já afeta balança comercial

Publicado em 06/06/2025 às 15:35

Alterado em 06/06/2025 às 15:35

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O saldo de US$ 7,2 bilhões na balança comercial em maio, abaixo das expectativas de mercado (US$8,3 bilhões), que foi o resultado de maio de 2024, mostra que o tarifaço de Trump já está afetando as exportações, que totalizaram US$ 30,2 bilhões (quase estável em relação a abril). Já as importações somaram US$ 22,9 bilhões, 4,7% acima do observado no mesmo mês de 2024, puxadas pelo desempenho mais forte em bens manufaturados.

O Itaú assinala que a balança comercial acumula superávit de US$ 63,4 bilhões em 12 meses. A média móvel de três meses dos dados dessazonalizados e anualizados da balança está em +US$ 69,7 bilhões, com a ponta declinando para US$ 66,9 bilhões. Os termos de troca pioraram na margem (-1,9% ante o mês anterior e +1,3% ante maio do ano passado). No mês, os preços das exportações caíram 2,1%, enquanto os preços das importações registraram queda de apenas 0,2%.

Além do impacto do tarifaço nas exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos, o Itaú destaca “as exportações mais fracas do que o esperado na última semana do mês. O resultado já refletiu parcialmente os impactos da gripe aviária, uma vez que os embargos começaram na segunda quinzena do mês. De maneira geral, a balança comercial segue fraca, com exportações andando de lado e importações ainda em nível elevado, embora com alguns sinais incipientes de desaceleração”. Olhando à frente, o banco espera que “o saldo comercial volte a se recuperar, impulsionado pela esperada desaceleração da atividade doméstica e consequente arrefecimento das importações”.

Já a LCA 4Intelligence, ao analisar ainda o fluxo financeiro do mês de março está revisando a projeção das Transações Correntes (balança comercial+ serviços e renda de capitais) de maio para -US$ 3,4 bilhões. Para o Investimento Direto no País (IDP) a expectativa é de US$ 4,5 bilhões. Os dados serão divulgados no dia 25 de junho. Para a balança comercial de junho, a LCA projeta preliminarmente saldo de US$ 8,0 bilhões. Para 2025, a expectativa da consultoria se mantém em superávit de US$ 74,5 bilhões.

Empregos dão força ao dólar

No front internacional, os dados sobre a criação de 139 mil vagas nos Estados Unidos em maio (embora menor que os 147 mil, revisados, para baixo de abril, mas acima dos 126 mil esperados para maior animaram os mercados e fortaleceram o dólar contra o euro, a libra esterlina e o franco suíço. Diante do iene, o dólar subiu quase 1% (+0,98%), num indício de que o Federal Reserve Bank não cederá aos apelos de Trump para baixar os juros. Neste cenário, informações de estoques apertados de petróleo levaram à alta de 1,80% no contrato de entrega para agosto a US$ 66,52, o dólar subiu 0,03% contra o real, cotado a R$ 5,5870, às 13;20, horário de Brasília.

Poupança sofre com Selic nas alturas

O Banco Central divulgou nesta sexta-feira o Relatório de Poupança de maio. Pela primeira vez desde dezembro (quando o pagamento do 13º infla as contas da poupança, para novos saques em janeiro) houve modesto saldo positivo de captação líquida sobre saques líquidos (R$ 336 milhões). Também com a Selic rendendo mais de 1% ao mês (segundo o Itaú o rendimento saltou de 1,04% em março para 1,11% em abril e chegou a 11,14% em maio, quando a Selic chegou a 14,75%, a caderneta de poupança oferece pouco atrativo, ao render abaixo de 0,90% ao mês.

Um dos fatores que pode ter engordado a poupança em maio foi o pagamento da primeira parcela do 13º aos aposentados, o que deve melhorar o desempenho em junho, com o pagamento da segunda parcela. Mas a realidade é que os salários dos aposentados (e muitos trabalhadores) estão acabando antes do fim do mês. Na segunda-feira, 26 de maio, houve saques de R$ 3,085 bilhões. O recorde de saques no mês de maio foi em 12 de maio, também segunda-feira, dia seguinte ao Dia das Mães, com R$ 8,059 bilhões.

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