O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Apoio a medidas faz real subir 0,52%

Publicado em 03/06/2025 às 15:10

Alterado em 03/06/2025 às 15:10

O dólar subiu em todo o mundo com o agravamento da guerra entre Rússia e Ucrânia, que provocou a subida de 1,08% no contrato do petróleo do tipo Brent para entrega em agosto (US$ 65,71), com ajuste para cima de mais de 1% em todos os vencimentos futuros, diante da piora de expectativas de uma paz entre os dois países. Mas a expectativa positiva de um acordo entre o governo e o Congresso na tomada de medidas de contenção de gastos e perdas de receitas, em substituição ao uso do IOF, fez o real subir 0,52% diante do dólar.

As dificuldades do governo Trump na mediação da paz e nas negociações tarifárias provocaram alta dos juros futuros, com reflexos no Brasil. Os operadores aguardam com expectativa os resultados do almoço entre o presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os presidentes da câmara, Hugo Motta, e do Senado, David Alcolumbre, no Palácio da Alvorada, antes do embarque de Lula para a França.

Espera-se que medidas estruturais ajustem o Orçamento Geral da União em 2026, quando o governo pretende isentar do IR mensal dos 10 milhões que ganham até cinco salários-mínimos (hoje, R$ 7.590) e a oneração da minoria que recebe acima de R$ 50 mil mensais, além de preparar o encontro de contas da política tributária com a a mudança dos impostos sobre o consumo, a partir de 2027.

De imediato, para vigorar este ano, a medida mais robusta para substituir o aumento do IOF é um pacote de arrecadação ligado ao setor de petróleo. Diversas medidas garantiriam arrecadação de R$ 20,5 bilhões neste ano e mais R$ 15 bilhões em 2026. A LCA 4Inteligence lembra que “alguns penduricalhos arrecadatórios também são mencionados, como aumentar a taxação das bets e taxa criptoativos [aqui pra nós, de difícil execução].

Quanto às medidas estruturantes, o alvo principal seria a redução de benefícios tributários. Mas a LCA considera “improvável que medidas de fato estruturantes, capazes de provocar um ajuste fiscal permanente da ordem de 2% do PIB, sejam implementadas. Tal como aconteceu em 2024, após a edição da MP 1202, que previa o fim imediato da desoneração da folha de pagamento, do Perse e a limitação para a compensação tributária de créditos judiciais (o Congresso esvaziou o impacto - vingaram a compensação tributária, a extinção gradual da desoneração da folha de pagamentos e a limitação do Perse).

Não resolveu o problema fiscal, mas manteve de pé o arcabouço fiscal e suas metas. Agora, estamos diante do mesmo problema estrutural. As renúncias e incentivos fiscais chegam a R$ 800 bilhões Os lobbies do Congresso (que se manifestaram na reforma tributária) atuam para manter privilégios. Ainda assim, a consultoria acredita que “algum ganho fiscal seja viabilizado”.

Os cálculos da queda da gasolina

Enquanto isso, os economistas do mercado financeiro ajustam os cálculos para o impacto da queda de 5,6% no preço do litro da gasolina nas refinarias da Petrobras, a partir de hoje. O preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará a ser, em média, de R$ 2,85 por litro, uma redução de R$ 0,17 por litro.

A LCA 4Inteligence, considera que o “impacto no IPCA” será “em boa parte em junho. Nossas projeções para junho e julho são 0,25% e 0,19%, respectivamente. No ano, ela agora projeta o IPCA em 5,3% (era 5,4% no dia anterior)..

Indústria expandiu 0,1% em abril

Em abril, produção industrial expandiu 0,1% sobre março, mas registrou a primeira queda de 0,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior depois de 10 avanços consecutivos. A indústria de transformação contraiu 0,5% na margem (-2,0% a/a), enquanto extrativa/mineração subiu 1,0% m/m (+10,2% a/a).

Apenas uma categoria contraiu na margem ('Bens de consumo semiduráveis e não duráveis', -1,9% m/m), e os destaques positivos no mês ficaram com 'Bens de capital' (+1,4% m/m) e 'Bens intermediários' (0,7% m/m). Entre os setores, 56% avançaram no mês versus 68% em março.

Segundo o Itaú, com o dado de hoje, o carrego estatístico da indústria para o 2º trimestre deste ano ficou em 0,9%, sendo 0,0% para manufatura e 4,2% para extrativa/mineração. Para o Departamento de Estudos Macroeconômicos do Itaú, a produção industrial em abril veio mais fraca do esperado, com surpresa negativa na indústria de transformação. O banco considerou que a indústria permaneceu praticamente estável no mês do 2º trimestre, e esse deve ser o tom para o trimestre como um todo.

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