O OUTRO LADO DA MOEDA
Itaú lucra 2 Bradesco e 3 Santander
Publicado em 07/02/2025 às 13:51
Alterado em 07/02/2025 às 13:52
Com a divulgação dos resultados do BTG-Pactual na próxima segunda-feira, 10 de fevereiro, e do Banco do Brasil, dia 19, será possível avaliar se a hegemonia do Itaú se consolidou no nicho dos bancos privados ou também superou os lucros do BB, com quem vem duelando nos últimos dois anos. Embora afetado, como todos os grandes bancos do país, pelas fraudes contábeis da Americanas, das quais se saiu melhor do que o Bradesco, o Santander e o BTG, o Itaú, que não embarcou na empreitada, escapou ileso do naufrágio da Sete Brasil, a empresa de encomendas e locação de sondas de petróleo para a Petrobras, ideia de André Esteves, do Pactual, que entrou em falência no último trimestre e causou danos ao Bradesco, Santander, BTG-Pactual, a Fundos de Investimentos e aos fundos de pensão do BB, Petrobras e CEF.
O Bradesco divulgou na manhã desta sexta-feira os resultados do 4º trimestre (lucro líquido recorrente de R$ 5,402 bilhões) e do ano de 2024 (R$ 19,554 bilhões). Houve melhora geral dos indicadores do banco, que gerou 53% do lucro recorrente do 4º trimestre, contra 47% do grupo segurados (controlado 100% pelo Bradesco). No último trimestre de 2023, às voltas com as provisões da Americanas e da Sete Brasil, o lucro líquido veio 86% do grupo segurador e apenas 14% da atividade bancária.
O Itaú divulgou seus resultados consolidados (incluindo operações na América Latina) que somaram lucro recorrente de R$ 10,884 bilhões no 4º trimestre e R$ 41,403 bilhões. São números impressionantes quando se comparam aos do Bradesco e do Santander, que divulgou resultados na quarta-feira, 5, com lucro trimestral recorrente de R$ 3,855 bilhões e R$ 12,872 bilhões no ano. Os resultados globais do Itaú somam mais do que o dobro do Bradesco no 4º trimestre e no ano e quase o triplo do Santander nas duas métricas.
Mais impressionante ainda é a decomposição do lucro trimestral do Itaú, que se dá em três unidades: Varejo (R$ 3,961 bilhões); Atacado (R$ 5,515 bilhões) e Atividades de Mercado + Corporativas (R$ 1,468 bilhão). Os ganhos na atividade de Varejo do Itaú superaram os do Santander. E os do Atacado superaram os do Bradesco. Pode-se alegar que as operações do Itaú BBA (Atacado) segregam as operações na América Latina, mas o Bradesco consolida todas as operações no Brasil e no exterior, incluindo o Bradesco Bank.
O Itaú engole o Bradesco e o Santander em 2024

OLM
Atenção nos empréstimos em dólar
Um indicador distorcido este ano ocorreu na carteira de empréstimos, sobretudo nas operações vinculadas à taxa de câmbio (no comércio exterior e no leasing de equipamentos). Com o salto do dólar no ano passado, concentrado no último trimestre, houve um grande aumento contábil no valor dos empréstimos às grandes empresas. Mas isso pode deteriorar a carteira de crédito se não houver rápida reversão dos custos cambiais.
Com o dólar hoje negociado na faixa de R$ 5,75 pouco antes do meio-dia, com queda de 0,20%, num dia de baixa do dólar ante o euro, a libra esterlina, ao dólar canadense e alta de 0,47% frente ao peso mexicano, o real pode fechar a semana com valorização de quase 1,50%. E a queda do dólar desde o pico de R$ 6,3144, em 17 de dezembro, acumula -8,9%.
A reversão das expectativas
É preciso ver como a reversão das expectativas em relação ao dólar, que empurrou os preços dos alimentos, bens transacionados com o exterior e serviços para as alturas, não tem o retorno da gangorra para baixo.
Na essência, a fala do presidente Lula recomendando os consumidores a não comprar se acharem os preços elevados tem esse espírito: aposta de que o que subiu com o dólar pode (e deve) descer um pouco. O consumidor ajudará mais a forçar a queda.
IGP-DI mostra queda
O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas divulgou hoje o IGP-DI de janeiro, com alta de apenas 0,11%, com forte declínio ante os 0,87% de dezembro. A queda foi maior nos preços no atacado, cuja variação baixou de +1,0*% em dezembro para 0,03% em janeiro. Já os preços ao consumidor que tinham subido 0,31% em dezembro, avançaram apenas 0,02% em janeiro.